Quedas do
Luando
Nem sempre o senso comum é
bom senso. Ao contrário do que o senso comum supõe, a principal
riqueza material de Angola não são os diamantes, o petróleo, ou os
outros recursos minerais de que o país possui em abundância. A
água, a fonte da vida, é o principal recurso natural angolano. A
água nunca falta em Angola, sendo usado na geração de energia
hidroeléctrica, na agricultura ou no consumo humano, directo ou em
utilizações industriais).
Boa parte da rede
hidrográfica do país faz parte da Bacia do Congo, um corpo de água
interior antes da separação do supercontinente Gondwana nas actuais
África e América do Sul e na abertura do Atlântico Sul; a Bacia do
Congo drena hoje para o Oceano Atlântico através dum dos maiores
rios do mundo, o Congo. A abundante água angolana e a geologia
variada do país geraram florestas impressionantes, inúmeros
ecossistemas e formações geomorfológicas espectaculares. Esta
Earthcache é um pretexto para visitar uma dessas feições
geomorfológicas, as quedas do Luando.
As quedas de água podem estar
associadas a falhas, com a subida do bloco de montante em relação
ao de jusante ou a barreiras de rocha mais dura, que actuam como
uma barragem a montante e são mais lentamente erodidas, criando
desníveis de que resultam quedas de água. Esse é, por exemplo, o
caso da crista quartzítica ordovícica das Portas do Ródão, no rio
Tejo em Portugal (se não for pela beleza do local, use a EARTHCACHE
que publicarei em breve como pretexto para uma visita ao
local).
As quedas do Luando (no rio
do mesmo nome) estão associadas a rochas vulcânicas cretácicas (já
agora, a propósito, a maior parte dos quimberlitos mineralizados em
diamante são episódios vulcânicos cretácicos, mas essa é uma outra
história). Pode observar estas rochas vulcânicas emergindo da água
e nas margens do rio Luando, perto das quedas (cuidado, não caia
você). As quedas devem a sua origem quer à presença de uma rocha
dura (um dolerito) quer, pelo menos indirectamente, à tectonização
da região (estas rochas cretácicas ocorrem local, regional e
nacionalmente a alinhamentos vulcânicos associados a zonas de
fraqueza tectónica). O rio Luando corre no centro de Angola e é um
afluente da margem direita do maior rio angolano, o Cuanza; estamos
relativamente perto dessa confluência.
Para logar esta EARTCACHE,
dirija-se à ponte (de carro não é aconselhável, no local perceberá
porquê…). Desse ponto de vista, olhando na direcção das
quedas, avista-se um destroço no meio do rio (a meio caminho das
quedas): qual a natureza desse destroço? Olhe para a água que corre
por baixo da ponte; flui rápida ou lentamente? Observe o fundo do
rio (a água é límpida): neste local, observa um fundo rochoso ou
arenoso? Há erosão ou deposição de sedimentos aqui? Caminhe um
pouco ao longo das margens do rio; as rochas duras que encontram
têm uma estrutura estratificada, orientada ou os cristais estão
dispostos aleatoriamente? Finalmente, se quiser, adicione uma foto
sua (ou do seu GPS, se tiver de ser) ou do rio a partir da ponte
– o local merece boas fotos.
Luando
waterfalls
Contrary to common knowledge,
Angola’s most important material resource is not oil or
diamonds (with plenty of both and other minerals in the
country’s geological formations); water is this new
nation’s most precious asset. Angolan water is used in energy
generation, agriculture and for human consumption (directly or in
industrial uses).
A good part of the
country’s hydrography is connected to Congo Basin, formerly
(before the South Atlantic Ocean opening) an interior water body,
now draining to the ocean. Gondwana breakup (with South America and
Africa separating) was a major tectonic event, with faulting and
volcanic episodes. The abundant water and the varied geology of the
country formed luxurious stretches of forest, diverse ecosystems
and spectacular landforms. This Earthcache is a pretext to make you
visit one of those landforms, the Luando Waterfalls.
Waterfalls may be associated
to the presence of a fault (with one of the blocks raised in
relation to the other), as a result of tectonic forces, or to the
presence of an harder rock, that acts like a upstream dam (as in
the past happened e.g. in the spectacular Ordovicic quartzitic
ridges of the Portas do Ródão – Tagus River, Portugal; go
there, it’s worthwhile – watch the forthcoming Portas
do Ródão Earthcache).
The Luando waterfalls (in the
river of the same name) are associated to doleritic Cretacic
volcanism (by the way, most diamond-mineralized kimberlites in
Angola are associated to Cretacic volcanic epsisodes , but that is
another story). You will be able to watch these dark rocks emerging
from the water and in both Luando River margins just next to the
waterfalls (watch out, don’t you fall). In this case, both
phenomena (a hard volcanic rock, installed in tectonized terrain)
are associated to these water falls. The Luando River, a tributary
of the Cuanza River right margin, flows in the center of Angola; we
are not far from that confluence.
To log this cache, please go
to the bridge over the Luando (currently a makeshift bridge, not to
be crossed by car) look down stream and tell me the nature of the
wreck in the middle of the river, midway to the falls, and whether
the water flow is fast or slow pacing under the bridge. Watch the
riber bottom jus where you are: is it made of rock or loose
sediments (sand)? What does this say about the presence of erosion
or deposition in this spot? You have arrived here (not for the
faint hearted); take a short walk in the margins and look for the
rock outcrops - do these rocks have a oriented, stratified texture
or are the minerals randomly oriented? A picture of you (or your
GPS, if you insist) or the river would be a nice plus – just
keep it beautiful as the place.
PUBLISH YOUR CACHES BOTH THE
LOCAL LANGUAGE AND ENGLISH. KEEP GEOCACHING GLOBAL AND FRIENDLY;
DON’T KEEP IT FOR YOURSELF.