Gruta Terra Chã [Rio Maior]
Esta Gruta é Monumento
Nacional
Os primeiros registos conhecidos
desta gruta datam de 1872 a quando da publicação do livro
‘Diário Ilustrado nº127’ escrito por Bernardino Soveral
e no qual descreve as formações cristalinas da gruta já em
pormenor. Posteriormente em 1878 no livro ‘Portugal Antigo e
Moderno’, Pinho Leal dedica 3 páginas com descrições
detalhadas e no qual esta gruta é já descrita como uma das mais
bonitas da Europa. A gruta tem formações que se distinguem pelas
suas transparências e pelas diferentes côres que possuem.
Estando localizada numa das encostas da Serra dos Candeeiros a
gruta tem uma extensão de 210 metros com uma altura que em alguns
locais atinge os 9 metros e é constituída por quatro galerias
principais que tomam os nomes de ‘Sala dos órgãos’,
‘Sala das estátuas’, ‘Sala da catedral’ e
‘Grande salão’. Uma representação destas galerias e da
disposição da gruta pode ser observada no terraço da área de apoio
à gruta.
Em termos arqueológicos a gruta também surpreende pois aqui foram
encontradas ossadas de um homem do Paleolítico Superior (Homo
Sapiens Sapiens) e diversos objectos desta mesma época (com cerca
de 15.000 anos). Também foram encontradas ossadas do Neolítico (por
volta de 3.000 a.C.). Todos os achados encontram-se em Lisboa no
Museu dos Serviços Geológicos de Portugal devidamente
catalogados.
Em termos de fauna a surpresa continua pois existe na gruta um
verdadeiro troglobiont (nome dado a animais que só conseguem viver
em grutas) que é o crustáceo Proasellus spinipes. A matéria
orgânica necessária para estes crustáceos viverem é transportada
pelos morcegos que também aqui habitam.
Foi nos anos setenta que se pensou em abrir ao público a gruta. O
que seria uma boa ideia revelou-se quase fatal, pois as obras
danificaram muitos afloramentos calcários e os gazes produzidos
foram nocivos à conservação dos mesmos. A publicidade que a gruta
teve, levou a que muitos curiosos fossem á gruta e partissem
estalagmites e estalactites para levarem como recordação (o que é
uma pura ilusão pois estes afloramentos calcários só têm valor e
interesse inseridos no seu meio que é a gruta).
Finalmente a gruta foi fechada em 1986 e a Federação Portuguesa de
Espeologia com a colaboração de jovens do Rancho Folclórico de
Chãos realizaram trabalhos de limpeza de todo o espaço.
Actualmente só é possível visitar a gruta com uma marcação prévia e
acompanhado de técnicos da Cooperativa Terra Chã. Este projecto é
uma iniciativa do PNSAC (Parque Nacional das Serras de Aires e
Candeeiros), Junta de Freguesia de Alcobertas, Câmara Municipal de
Rio Maior e Associação Rancho Folclórico de Chãos.
A aparente desvalorização desta gruta está muito relacionada com
algum vandalismo que aqui houve no passado, mas também não nos
podemos esquecer que só mais recentemente é que outras grutas na
região foram descobertas como: Grutas de Mira De Aire em 1947;
Grutas de Santo António em 1955; Grutas de Alvados em 1964 e Grutas
da Moeda em 1971.
Agora temos é que preservar a gruta e arranjar um modo que todos
quanto a queiram visitar o possam fazer em segurança e sem
danificar o que resta.
Ficam agora algumas noções básicas sobre a
formação de grutas.
As Galerias e Salas de uma
gruta formam-se quando a água carregada de gás carbónico dissolve o
calcário e alarga a conduta inicial do ‘rio’
subterrâneo.
As deposições minerais em cavernas que se formam principalmente por
processos químicos de dissolução e precipitação tomam por nome
espeleotemas e são classificados em:
Estalactites – Quando
a água vinda por uma fenda chega ao tecto de uma galeria perde o
dióxido de carbono e solta carbonato de cálcio ao redor da gota.
Vai-se assim formando um elemento tubular por cujo interior a água
flui. O crescimento da estalactite depende de muitos factores mas é
da ordem de 0,3mm por ano.
Estalagmites – Quando
a água chega ao solo começa a ser formada a estalagmite que
normalmente é mais larga que a estalactite, mas que tem uma ordem
de crescimento semelhante.
Coluna – Quando a
estalactite se junta á estalagmite subjacente.
Cortina – Quando a
gota de água surge na galeria numa parede ou tecto inclinado e
escorre pela superfície deixando um rasto de calcite. Com o passar
de tempo forma-se uma ‘lâmina’ ondulada que pode
possuir várias côres conforme a água infiltrada transporta mais ou
menos argila ou materiais orgânicos.
Couve-flor – Quando a
gota de água cai dos tectos pode provocar salpicos o que origina um
crescimento irregular da calcite sobre outros espeleotemas vizinhos
formando superfícies rugosas e porosas.