História da Carochinha [Barreiro] Traditional Geocache

"- O meu nome é Carochinha, gosto muito de limpar: arrumo a casa toda, sempre a cantar. Tenho uma vida pacata, mas gostava de casar; vestir um vestido branco, e um marido arranjar. Mas preciso de dinheiro para comprar um vestido, e se ele for bem bonito, arranjo um marido. O que vejo eu no chão, que reluz como um tesouro? Redondinha e cintilante, é uma moeda de ouro! Oh, que bom, estou tão contente! Com esta moeda de ouro, tudo pode ser diferente!
Correu para a costureira e pediu-lhe um vestido:
- Tem de ser como uma nuvem: branco e comprido.

Vestiu-se toda a rigor e pôs-se toda cheirosa. Ficou linda, elegante: uma noiva bem formosa. Decidiu ir para a janela e começar a cantar, para ver se encontrava um marido para casar:
- Quem quer casar com a Carochinha que é muito formosa e bonitinha?
- Quero eu, quero eu! - disse o cão que ia a passar - Sou rafeiro, mas bom cão, e posso bem casar.
- Quem és tu? Como fazes? Sou uma noiva de respeito!
- Sou um cão e faço ão-ão. E sou um amigo do peito.
- Não podes ser meu marido, pois de noite vais ladrar; acordas os nossos filhos e eles vão chorar.

O cão foi-se embora, triste e a chorar; e a Carochinha começou logo a cantar:
- Quem quer casar com a Carochinha que é muito formosa e bonitinha?
- Quero eu, quero eu! - disse o boi em voz alta - Eu sou forte e destemido: coragem não me falta.
- És tão grande e tão forte... Quero-te ouvir falar. Quem és tu? De onde vens? Será que és bom para casar?
- Sou o boi, faço Muuuu. Passo os dias a pastar; gosto muito de dormir, e gosto de cantar!
- Para, para, que voz grossa, até me estás a assustar! Podes ir embora, contigo não vou casar.

E o boi lá se foi embora, sem entender a razão de a Carochinha ter recusado ser dona do seu coração. A Carochinha nem ligou, e põs-se de novo a cantar. O dia já ia a meio, e um noivo tinha de arranjar.
- Quem quer casar com a Carochinha que é muito formosa e bonitinha?
- Quero eu, quero eu! - disse o gato a miar - Sou pacato e asseado, e gosto de brincar. 
- Até és muito engraçado, sou capaz de te escolher! Quem és tu? De onde vens? O que fazes para viver?
- Sou o gato Geremias, e vivo num grande jardim. Caço ratos, mio muito, e passo os dias assim.
- Mas que gato irritante! Caças ratos para comer? Sou amiga dos ratinhos, contigo não posso viver.

E o gato lá partiu, sem conseguir entender: se ela gosta de ratinhos, porque não os há de comer? A Carochinha apressou-se e começou logo a cantar. Havia de vir um noivo para com ela casar.
- Quem quer casar com a Carochinha que é muito formosa e bonitinha?
- Quero eu, quero eu! - disse o galo empoleirado - Sou vaidoso e despachado, e vou para todo o lado.
- Quem és tu? Fala um pouco! Quero um marido decente, educado, que trabalhe, e que seja amigo de toda a gente.
- Sou o galo Barnabé, e acordo toda a gente. Faço Cócórocó, e tenho a fama de valente!
- Por muito que sejas forte, não quero cedo acordar. Bem podes baixar a crista, contigo não vou casar.
 

E o galo foi-se embora, de bico fechado, enquanto a Carochinha pensava "Quem seria o seu amado?".

Perfumou-se mais um pouco para poder encantar. Foi de novo para a janela e começou a cantar:
- Quem quer casar com a Carochinha que é muito formosa e bonitinha?
- Quero eu, quero eu! - disse o rato que passava - Uma noiva para mim é o que me faltava!

- Quem és tu? Vives perto? Será que serves para mim?
- Eu sou o João Ratão, sou o rato do jardim. Sou simpático, bom rapaz! Posso ser um bom amigo... Se és boa dona de casa, quero casar contigo!
- Parece-me boa ideia, és o noivo indicado! Casaremos hoje mesmo, ficaremos lado a lado!

No caminho para a igreja, iam os noivos casar, quando a Carochinha se lembrou que o véu tinha de usar. 
- Posso ir agora mesmo buscar o véu da minha amada: por ti eu faço tudo. Vou fazer-me já à estrada!
- Então vai e não demores. Vou sentar-me e esperar. Eu deixei a sopa ao lume, vê se não vais lá cheirar!

Quando chegou à entrada, o João Ratão sorriu: vinha de casa um cheiro, do melhor que já sentiu. Ainda se lembrou do aviso, mas não pôde resistir: chegou bem perto da sopa, para o cheiro poder sentir. Como tinha muita fome, não conseguiu aguentar: pegou na colher de sopa, para provar aquele manjar.
Como a panela era alta, puxou um banco a correr; mas tomou muito balanço e caiu lá dentro sem ver. 

A Carochinha esperou, e o seu noivo não veio... Quando chegou a casa, confirmou o seu receio. Ao lado do caldeirão, viu o banco tombado... E percebeu de imediato onde estava o pobre coitado. A Carochinha chorou, dias e dias sem parar: perdeu o seu noivo amado, com quem queria casar. 

E assim termina a História da Carochinha, que perdeu o seu noivo, João Ratão: por ser guloso e ter fome, acabou cozido no caldeirão."

Texto adaptado de: www.youtube.com/watch?v=wmT67tK-yLc

Este local foi escolhido para acolher uma cache, por fazer parte da minha infância, assim como a mística desta listing. Passei muito tempo a brincar neste parque, quando este era digno desse nome, por ter cá baloiços e ser um espaço de convívio para os mais pequenos. Mais tarde, os baloiços foram removidos, devido ao vandalismo de que foram alvo, tendo este parque (agora convertido em jardim, ou zona relvada) passado a ser bastante apreciado para jogos de bola. Atualmente, está praticamente ao abandono, sendo apenas visitado pelos residentes na área envolvente ou pelos trabalhadores da Câmara, para o tratamento da relva.

A CACHE

A cache procura fazer reviver um pouco, a todos os visitantes, a sua infância, de uma forma ou de outra. Como já referido acima, o local não é nenhum paraíso, mas é um recanto que eu gostava de partilhar convosco (já que, certamente, poucos conhecerão). 
Esta é uma no trade cache, que não contém material de escrita.
Nota: Pelo sim pelo não, levem uma pinça.