IGREJA DA MATRIZ DE VILA NOVA DA BARONIA
Desconhece-se a data de edificação da primitiva igreja matriz de Vila Nova da Baronia, estando apenas documentado que a sua estrutura ruiu no último quartel do século XVI. Cerca de 1590, o mestre Neutel Dias foi contratado para edificar o novo templo, por iniciativa do arcebispo D. Teotónio de Bragança (GONÇALVES, Catarina V., 1993, p. 78).
As obras de construção da igreja, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, foram interrompidas em 1602, devido a um acidente que envolveu o mestre responsável pela fábrica de obras, e o seu filho. O projecto seria concluído mais tarde, em meados do século XVII, com a execução da campanha decorativa (Idem, ibidem).
O templo apresenta uma curiosa estrutura exterior, que conjuga as linhas austeras da arquitectura chã com uma verticalidade de gosto maneirista. A planta, que se desenvolve longitudinalmente, é composta pelos volumes da nave, de secção rectangular e ladeada pelas duas capelas laterais, e da capela-mor, também de planimetria rectangular, flanqueada pela sacristia e pelas salas das irmandades.
A fachada, à qual foram adossados lateralmente dois torreões coroadas por coruchéus piramidais, apresenta um portal constituído por um conjunto de três portas de moldura rectangular, unidas por uma cornija superior. O conjunto é rematado em empena, vazada por óculo.
As fachadas laterais são divididas por contrafortes rematados por coruchéus, que constituem um interessante exemplo da permanência de elementos arquitectónicos de gosto mudéjar num edifício religioso de estrutura chã.
O espaço interior, de nave única, é coberto por abóbada de berço pintada com motivos geométricos, dividindo-se em cinco tramos, com coro-alto assente sobre colunas toscanas. As capelas laterais, dedicadas a Nossa Senhora do Rosário e às Almas do Purgatório, são também cobertas por abóbada de berço, abrindo para a nave por arcos de volta perfeita assentes sobre pilastras toscanas. Os panos murários da nave são revestidos por painéis de azulejo policromo seiscentista, de padrões distintos. A capela-mor, coberta por abóbada de berço, possui ao centro um retábulo de talha dourada com tribuna, executado no segundo quartel do século XVIII.
Instituída em 1594, a Capela das Almas é decorada por um conjunto de frescos pintados por José de Escobar em 1603 (Idem, ibidem), figurando Santo André e um santo Papa. O retábulo, também pintado por Escobar, apresenta uma figuração de São Miguel e as almas do purgatório. O retábulo, de talha dourada, possui frontais policromos, de inspiração oriental, com folhagens e pássaros.
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