PORTUGUESE
Pretendemos com esta cache homenagear
uma figura de vulto de Aljubarrota, freguesia que
adoptámos para residir desde há 12 anos para cá.
Eugénio
dos Santos e Carvalho nasceu em Aljubarrota
em 1711 e foi o autor do
projecto de reconstrução da Baixa Pombalina após o terramoto de
1755.
Figura de grande relevo da arquitectura mundial é sem dúvida a
personagem mais ilustre nascida na região Alcobacense.
A sua origem ainda pode verificar-se na Rua Direita de Aljubarrota,
na casa chamada Casa dos Carvalhos, que ostenta sob as
características janelas aventaladas, na ombreira de uma das portas,
a data de 1778. Sua mãe era natural de Aljubarrota e seu pai
oriundo da região de Cantanhede. O pai era “mestre do risco”, o que
na linguagem da altura corresponde a projectista e mestre de
obras.
Formado na “Aula de Fortificação” onde foi admitido em 1735,
trabalhou desde 1736 nas fortificações do Alentejo, sendo
responsável em Estremoz pelas obras do Paiol de Santa Bárbara e
pelas que foram feitas no Paço e Armazéns. Foi mais tarde
responsável pelas fortificações da Marinha e colaborou na
construção do Hospital das Caldas da Rainha, dirigidas por Manuel
da Maia. A partir de 1750 foi inspector das obras da Corte,
arquitecto das obras dos paços da Ribeira e dos outros paços reais
e arquitecto do Senado de Lisboa. Era capitão de engenheiros com
carta de arquitecto quando em 1 de Novembro de 1755 aconteceu o
terramoto, seguido de maremoto e terrível incêndio, que destruiu
grande parte da cidade de Lisboa .Eugénio dos Santos tendo então
cerca de quarenta anos era capitão de Engenheiros e arquitecto
principal do Senado da Câmara de Lisboa, colabora com Manuel da
Maia no levantamento dos estragos do terramoto e na elaboração das
providências a tomar. Manuel da Maia era o arquitecto mor do Reino,
Marechal de Engenheiros e tinha na altura cerca de 80 anos, para
além de grande influência junto do Rei D. José I, de quem fora
professor na Aula de Fortificações. Entre os dois arquitectos,
Eugénio dos Santos e Manuel da Maia, apesar da diferença de idades
e de patentes militares estabelece-se uma estreita afinidade de
colaboração e ideias que irá perdurar por suas vidas e se
reflectirá em toda a obra de reconstrução de Lisboa.
Sobre a reconstrução, após o terramoto,
três grandes ideias se posicionam. A primeira é deixar que cada um
reconstrua os edifícios de sua propriedade de acordo com o
emaranhado sinuoso e caótico da geografia citadina de antes do
terramoto. A segunda é construir uma cidade nova para os lados da
Ajuda. É esta a ideia cara ao veterano Manuel da Maia. A terceira
consiste em arrasar a zona atingida pelo sismo e reconstruir
segundo um novo projecto e um novo plano. É esta a ideia defendida
por Eugénio dos Santos e será aquela que vingará e estará na origem
do desenho da Baixa.
O marquês
de Pombal encomendou a várias equipas de arquitectos que
elaborassem projectos para a reconstrução da cidade. Foram
apresentados seis grandes projectos. Eugénio dos Santos assinou
dois dos projectos: o projecto número 3 em colaboração com Carlos
Andreas; e o projecto número 5 de sua única autoria e que viria a
ser o projecto escolhido e o que deu origem à Baixa, tal como a
conhecemos. O projecto de Eugénio dos Santos desenvolvia-se segundo
uma lógica harmoniosa e racional própria do Século das Luzes. Tudo
se planeava em traçados regulares que definiam quarteirões.
Estabelecia-se uma ligação directa entre as duas praças, o Rossio e
a outra, aberta para o rio, onde fora o Terreiro da Paço e que
agora viria a chamar-se Praça do Comércio.
O Rossio perdia a sua amplidão e ficava
reduzido a metade da área do Terreiro do Paço. Uma rua ampla ligava
por oeste as duas praças. Uma segunda rua, paralela à primeira,
começava no meio do Terreiro do Paço e delimitava a nascente o
Rossio. Um arco esboçado conferia grandeza a esta rua do lado do
rio. Uma terceira rua tinha início no Terreiro do Paço e acabava a
leste do Rossio, numa área que pertencia ao Hospital de Todos os
Santos. Estas três ruas seriam as ruas nobres da Baixa.
Lisboa era reinventada.
Preservavam-se as duas principais praças tradicionais, com um novo
desenho regular. Uma malha de ruas e quarteirões, em quadrícula,
funcionalmente hierarquizados, era criada para ligar e articular
estes dois espaços. A nova praça do Terreiro do Paço adquiria um
carácter monumental, aberta para o mundo, e mantendo o seu diálogo
com o rio.
A planta do arquitecto Eugénio dos Santos
foi a escolhida. Daí decorreu o seu traçado dos alçados, o tipo de
fachadas, os corta fogos, a introdução dos colectores de esgotos e
sobretudo a chamada “técnica da gaiola” processo de construção que
pretendia resistir a futuros sismos, factos todos que constituíam
uma revolução na arquitectura e na concepção do
urbanismo.
Na sequência da aprovação do seu projecto
de reconstrução da Baixa, Eugénio dos Santos ficou a dirigir a Casa
do Risco, de seu nome completo Casa do Risco das Obras Públicas,
organismo que dirigiu e superintendeu na reconstrução e coordenava
o trabalho de todos os técnicos e arquitectos empenhados neste
grande projecto. Eugénio dos Santos dirigiu a Casa do Risco até à a
sua morte.
Foi responsável pelo traçado dos
edifícios de todas as ruas a reconstruir, particularmente pela
Praça do Comércio, o mais grandioso monumento civil de
Lisboa. Fez o traçado
do novo edifício do Senado, actual Câmara Municipal de Lisboa, só
mais tarde edificado (1770-1774) com risco definitivo de Reinaldo
dos Santos.Do mesmo modo fez o plano dos novos edifícios da
Alfândega, do Arsenal, da Fábrica do Tabaco e da Ribeira das
Naus.Fez o projecto da estátua de D. José, na Praça do Comércio,
mantendo-se a ideia geral e o pedestal, quando mais tarde Machado
de Castro elaborou as esculturas. (1770-1775).É admirável como
apesar das condições técnicas e teóricas da altura foi encontrada
uma eficácia espantosa nos modos de construir e de fazer
arquitectura fazendo a cidade.
Também no Porto, Eugénio dos Santos foi
autor do projecto de construção do Palácio da Relação, o maior
monumento civil da cidade, mais tarde celebrizado pela prisão de
Camilo Castelo Branco e José do Telhado e ultimamente inteiramente
restaurado. O facto de ser o arquitecto o responsável pelo projecto
assume tanto mais relevo quanto o norte do País era então dominado
por arquitectos Italianos com a Torre dos Clérigos mesmo ali ao pé,
de autoria de Nicolau Nasoni.
Notáveis são os trabalhos de Pardal
Monteiro que considera Eugénio dos Santos precursor do urbanismo e
da arquitectura moderna. «É tão impressionante o valor deste
arquitecto que, sem exemplos em que se baseasse, tudo soube criar
para realizar a obra gigantesca da reconstrução da
cidade».Outros
documentos a ele se referem «como um homem de conhecida probidade e
instrução».
O rei nomeou-o Cavaleiro da Ordem de
Cristo. Pelo processo de nomeação chegamos à sua ascendência, que
entronca no célebre D. Gil de Carvalho, Mestre da Ordem de
Santiago, que comandou a cavalaria na Batalha do
Salado.
O ilustre alcobacense-aljubarrotense,
nascido na freguesia de Nª Srª dos Prazeres em Maio de 1711,
faleceu em Lisboa, na Rua da Rosa das Partilhas, em 5 de Agosto de
1760.Foi casado com D. Francisca da Costa Negreiros, da influente
família de arquitectos da corte.Teve um filho e duas filhas. O
filho, José Manuel de Carvalho e Negreiros, foi arquitecto e
Tenente Coronel do Corpo de Engenheiros. Teve carta de Brasão de
armas em 1784. Deixou várias obras impressas e manuscritos e
colaborou na construção de V. R. de Stº António.Uma das filhas, D.
Teresa Eugénia de Carvalho, nascida em 1759, teve por padrinho de
baptismo o Marquês de Pombal.
Foi este o homem, o arquitecto Eugénio
dos Santos, que Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de
Pombal, escolheu para projectar a reconstrução de
Lisboa.
A sua obra, o Terreiro do
Paço e a Baixa, permanecem como testemunho de uma época e constitui
“Uma das obras maiores da cultura nacional” no dizer do historiador
José Augusto França. E já tarda o dia em que sejam considerados
património mundial.
Existem pelo menos 2 prémios de Arquitectura com o seu nome,
um criado pela Câmara Municipal de Lisboa e um pela Câmara
Municipal de Alcobaça. Foi inaugurado em Aljubarrota um pequeno
jardim com o seu nome onde se encontra também um busto do
brilhante arquitecto.
A Cache
A cache é um pequeno rolo de
fotografias.
Próximo do local onde se encontra a cache encontra-se também a
Igreja de Nossa Srª dos Prazeres intimamente ligada à Batalha de
ALjubarrota já que reza a lenda que ali rezou o D. Nuno Alvares
Pereira antes de partir para a batalha. Esta igreja merece ser
visitada.
ENGLISH
With this
cache we tried to honour a very important person from the
small town we choose to live 12 years ago.
Eugénio
dos Santos e Carvalho was born in
Aljubarrota in 1711 and he was the author of the
reconstruction project of Lisbon after the 1755 earthquake.
After the earthquake he was
invited by the Marquis of Pombal (the Portuguese minister) to
be a member of the team, conducted by the main engineer of
the Kingdom, Manuel da Maia.
His project transformed a medieval zone into a proper urban centre
of the "century of the lights".
The
Cache
It is a
small 35mm photo box. Near the cache we can find the Church of Nossa Srªa dos Prazeres which
is connected to the Battle of
Aljubarrota.