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Gruta de Porto Covo
É de época similar às outras
grutas da região (Alapraia, São Pedro do Estoril e Poço Velho). Há
cerca de quatro mil anos o homem primitivo terá escolhido para sua
necrópole esta cavidade natural rochosa situada no lugar de Porto
Covo.
Em 1879, o proeminente geólogo Carlos
Ribeiro terá pela primeira vez escavado e explorado (segundo os
métodos científico da época) a gruta, dita de Porto Covo. Todo o
espólio então encontrado foi levado para o Museu dos Serviços, hoje
Instituto Geológico e Mineiro.
Dos vestígios e artefactos
recuperados destacam-se:
- Uma taça de pé em cerâmica de
características peculiares. Esta peça com 28.5cm de diâmetro e
16.2cm de altura, poderá ter sido colocada junto a um defunto (onde
foi encontrada) por crença a que o néctar por ela contido, não
faltasse na viagem da eternidade.
- Ossos de diversos animais (crânios,
maxilares, vértebras, dentes, metatarsos, úmeros, cúbitos, fémures
e tíbias).
- Restos de moluscos marinhos de onde se
extraíam a púrpura - purpura haemastoma e purpura
lapillus - utilizada em
tinturaria.
Este último achado poderá confirmar a
tese de alguns estudiosos que, afirmam que antes dos Fenícios, já
noutros lugares se preparava a púrpura, provavelmente por
influência prévia de outros, como os Cretenses que desejando ouro e
cobre a teriam negociado por estas paragens.
No final dos anos sessenta a gruta
ainda preservava a sua estrutura e tinha-se então providenciado a
construção de uns degraus de acesso e também de uma porta afim de
impedir que os velhotes da "Mitra" (dada a proximidade do Albergue
da Mendicidade de Lisboa, vulgo Albergue do Pisão) por lá se
abrigassem e se viessem por ali a perder. Diz, a quem foi concedido
o privilégio de uma visita que, o seu interior seria composto por,
uma sala ampla repleta de estalactites e estalagmites, para além de
estreitos corredores que não permitiam a passagem de ninguém e
provavelmente não levavam a lugar algum.
À mercê do abandono a que sempre
esteve votada, este achado histórico e geológico nunca chegou a
receber o seu devido valor, não obtendo sequer a classificação de
monumento com interesse público. Hoje em dia, fruto da falta de
zelo e dos arrasadores rebentamentos de uma pedreira que ali ficava
anexa, pouco mais do que entrada e alguns metros do seu interior
podem ser apreciados. |