Apesar de bastante alterada pelos restauros da primeira metade
do século XX, a igreja de São Fins de Friestas é um dos nossos
monumentos românicos mais importantes e um daqueles em que se
evidencia, de forma mais clara, a longa duração da influência
galega (em particular do estaleiro da Sé de Tui), que, na vertente
esquerda do rio Minho, se prolongou mesmo para cá da viragem para o
século XIII.
São muito confusas as notícias acerca das origens deste templo.
A maioria dos autores, "estribados no Pe. António Carvalho da Costa
e em Fr. Leão de S. Tomás (...) falam de um presumível convento"
altimedieval (ALVES, 1982, p.132), mas, até ao momento, não se
identificou qualquer vestígio material de um passado tão recuado.
Igualmente problemático tem sido a sujeição do cenóbio undecentista
às ordens religiosas então existentes. Mais uma vez, a maioria dos
autores aponta num caminho dominante - a Ordem Beneditina, mas a
existência de um narthex adossado à fachada principal, de, pelo
menos, dois andares e de carácter presumivelmente funerário, levou
Manuel Luís Real a colocar a hipótese de o mosteiro ter sido dos
Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, instituição que patrocinou um
modelo muito específico de arquitectura e de espaço religioso no
século XII (REAL, 1982, pp.129-130).
Este narthex acabou por ser demolido no restauro mas ele era,
ainda, importante para a correcta datação do conjunto. Embutido
neste espaço encontrava-se uma inscrição que continha o ano de
1221, data que tem vindo a ser interpretada como elemento alusivo
ao final da campanha de obras. Se o início de laboração do
estaleiro tem sido difícil de estabelecer - embora as opiniões mais
consensuais apontem para os finais do século XII (REAL, 1986, p.43;
ALMEIDA, 1986, p.54; 2001, p.88) -, o termo da empreitada, em plena
primeira metade do século XIII, não nos deve surpreender, num Norte
português que foi avesso à recepção das inovadoras formas
góticas.
Estrutural e artisticamente, a igreja de Sanfins permanece fiel
ao chamado Românico do Alto Minho e à influência galega. De nave
única desproporcionalmente alta, que acentua a monumentalidade
cenográfica do conjunto, em detrimento da sua real espacialidade, a
capela-mor é a parte mais importante. Ela compõe-se de dois tramos,
sendo o primeiro recto e o segundo semicircular, numa disposição
que Ferreira de Almeida considerou ser uma evolução da cabeceira de
Ganfei (ALMEIDA, 1986, p.54).
É precisamente na capela-mor que se concentra a exuberante
decoração escultórica. Ela constitui uma outra prova da tardia
realização desta obra, na medida em que evidencia um superior gosto
pela imagem humana e pelos temas figurativos, ao contrário do
vizinho templo de Ganfei (cujas obras terminavam no momento em que
se iniciavam as de Friestas), onde o vegetalismo da decoração é
preponderante (REAL, 1986, p.43). De entre os vários motivos
esculpidos, Jorge Rodrigues salientou os beak-heads (cabeças de
lobo) dos modilhões, cuja mescla fantasista de corpos
semi-vegetalistas atribuiu à cronologia tardia da sua feitura
(RODRIGUES, 1995, p.229) e, especialmente, o sentido apotropaico de
algumas figurações, casos das serpentes do tímpano do portal
principal, verdadeiros "guardas do limiar" (RODRIGUES, 1995,
p.293).
Ao lado da igreja românica, desenvolveu-se um conjunto monacal
que foi substancialmente reformado na época moderna. Pela sua
localização inóspita, as dependências conventuais conservam-se em
grande medida, assim como a sua cerca, parte de um claustro
quinhentista e secções importantes do aqueduto que abastecia o
cenóbio.
No século XX, os restauradores da DGEMN actuaram apenas sobre a
igreja. Nessa altura, demoliu-se o narthex e outros espaços anexos,
bem como se ampliou toda a envolvente ocidental, por forma a
garantir maior monumentalidade à igreja. O complexo monástico
manteve-se inalterado e aguarda, ainda, por um estudo cuidado e por
um projecto de valorização.
PAF
The church was originally part of a Benedictine monastery
already in existence in 1134.
The romanesque construction that we can see today, dates from
the second half of the 12th century, although building continued
until the beginning of the 13th century. The Convent buildings to
the north were added after the monastery was taken over by the
society of Jesus 16th Century.
Traveling from Valença to Monção you turn to your right when you
see the Friestas plate. You have taken the opposite direction of
Friestas, but it´s the correct direction.