O Convento de nossa Senhora da
Conceição
Com origens a meados do século XV a finais do século XVII, o
convento de nossa Senhora da Conceição tomou o nome de uma igreja
que “anteriormente tinha sido Ermida”. Já existia em
1460 data em que era administrada por uma “ilustre e grande
confraria”. A construção desta ermida, necessariamente
anterior, deveu-se, “segundo reza” a crónica de Frei
António da Piedade, à iniciativa, “por chamamento divino, de
um “oficial pedreiro” e à contribuição de muitos
lavradores locais e de outras gentes de vários locais que
contribuíram com o terreno, esmolas, e trabalho gratuito.
Este templo a terá sido dos primeiros com a evocação de Nossa
Senhora da Conceição a existir em Portugal e mesmo em toda a
Península Ibérica, a par do fundado, em Vila Viçosa, por D. Nuno
Alvares Pereira.
Com o desenrolar dos anos e fruto da instituição e do empenho da
referida confraria, tornou-se esta ermida um local de peregrinação
e devoção de todo o reino incluindo “dos principais senhores
da corte”. Tempos depois (não sabemos precisamente em que
data) os “padres Jerónimos” pretenderam ser os capelães
do templo tendo mandado construir, para a sua residência 3 ou
quatro celas, e outras poucas oficinas.
Terá, no entanto, pouco depois esta Ordem abandonado o
“projecto” pelo que a referida Confraria propôs aos
“Arrábidos” que dela tomassem posse. Em 13 de Julho de
1584 foram feitas as escrituras desta cedência, com clausula que
previa que se nalgum tempo deixassem o local, os confrades a
reaveriam.Em 1583 um“Motu proprio” do Cardeal Julius
Antonius Sanctorius, dado em Roma em 4 de Novembro “ concede
aos confrades da Confraria de Nossa Senhora da Conceição, sita e
erigida no lugar da Azoia, da diocese de Lisboa, a pedido dos
procuradores da referida confraria, João e Benedito Enriques, [
…] indulgências […] com o fim de auxiliar os
necessitados e dar-lhes sepultura.
Por volta de 1672 ter-se-ia iniciado uma reforma do convento
para adequá-lo às (novas?) regras estatutárias da Ordem. Nestas
obras não foram restauradas as edificações dos Jerónimos por se
encontrarem já em ruínas “bem como algumas que fizeram os
primeiros padroeiros” Eventualmente, terão sido destruídas
nesta altura.
Esta reedificação “ que declara ao convento por um dos
mais perfeitos que tem a Provincia” ocorreu no tempo
“do Provincial e também Definidor Geral Fr. Domingos da
Ressureição” tendo sido financiada com as esmolas dos devotos
e da “Província “. Podemos deduzir, pela lógica
cronológica do texto, que em 1728 as obras já estariam
concluídas.
Em
datas próximas daquelas em que decorreu a reforma do Convento,
estava a ser construída, não muito longe dali, a “nova ermida
de nossa senhora da Piedade “, cujo projecto, Celso Mangucci
considera provável ser de João Antunes. Estaria igualmente a
decorrer a remodelação da Igreja Matriz de Santa Iria, que segundo
Rosário Carvalho (Igespar) , “apesar dos investigadores não
incluírem esta igreja no conjunto de obras atribuídas ao arquitecto
régio João Antunes, é difícil não deixar de assinalar a semelhança
relativamente a outros templos da sua autoria”.
O convento nos séculos XVIII e
XIX
As informações mais concretas deste período resultam de uma
primeira leitura do inventário que foi feita em consequência da
extinção das Ordens Religiosas em 1834 O convento seria muito pobre
á data do inventário e muitos bens já teriam sido retirados (existe
a possibilidade de que algumas das pinturas e esculturas que se
encontram na Igreja Matriz de Santa Iria seriam originárias de lá).
O complexo edificado seria composto por igreja com coro (em bom
estado); capela; livraria; dormitório; despensa; cozinha e
refeitório; casa do capitulo; alpendre (onde se situava a capela
que tinha duas imagens - Sr. Morto e Nossa Senhora); um claustro
com casa de hospedaria e a cerca.
Antes da propriedade ter sido arrendada as chaves ficaram à
guarda, primeiro da "respeitada senhora de Pirescouche” -
Maria do Carmo e mais tarde de um lavrador do mesmo lugar chamado
Simplício Vicente. Estes terão ficado como guardiões do convento na
ausência do Frei José da Espectação, que possivelmente iria lá
pernoitar. O documento refere que ele passou a ser padre no
convento das Franciscanas de Vialonga.
Em 1836 ainda lá se encontrava e provavelmente seria ele o
protagonista das histórias que as figuras mais anciãs de
Pirescouche tinham escutado dos seus avós e nos relataram.
De propriedade agrícola ao
abandono - Séculos XX e XXI
Em data incerta nos finais do Século XIX ou princípios do século
XX. O Sr. Joaquim Clemente Bigode, de Vialonga comprou a
propriedade por cerca de seiscentos mil reis. A compra da
propriedade tinha como objectivo principal a exploração agrícola da
parte rural tendo a família utilizado a edificação, parte para
habitação e parte como armazéns e estábulo (por exemplo a
“sacristia” era utilizada para guardar animais). Esta
família era também rendeira da Quinta do Castelo.
Os produtos, essencialmente hortícolas, eram vendidos primeiro
na Praça da Figueira e mais tarde na Praça do Campo Grande. Por
volta de 1950 a Construção da “ A1 “ implicou a
expropriação de parte dos terrenos da quinta do Convento e
destruição de algumas edificações. Actualmente a propriedade
pertence, ainda, a descendentes do Sr. Joaquim Bigodes, (uns
moradores em Benavente e outros do Bairro das Duas Portas, perto de
Pirescouche). O edifício que terá sido habitado até cerca dos anos
60 do século XX, encontra-se devoluto (servindo aparentemente de
armazém). A propriedade é pontualmente e parcialmente
cultivada.
Desde 2007 que a Quinta do Convento está à venda sem, ao que
conste, tenham aparecido interessados. A Câmara de Loures, no
âmbito da Revisão do PDM (em curso), no documento de
“Actualização do Levantamento do P.C.C. no
Concelho/Aglomerados com interesse urbano “ (versão de
Janeiro de 2007), elaborado pela divisão de Planeamento
Urbanístico, no capítulo referente a “Pirescoxe”, (pp
186 -192) indica-o na categoria de edifício Notável (em mau estado
de conservação, devoluto e abandonado). Refere-o como uma das
potencialidades da envolvente do núcleo urbano “encarando-se
a possibilidade da sua recuperação”.
"in http://www.santairiadeazoia.info/"
A Cache
Do local onde a cache se encontra podem observar o Convento, que
ainda se encontra à venda. Para encontrarem a cache basta retirarem
o que está por cima. Mas Deixem tudo arrumadinho. O container é
pequeno, mas pode alojar pequenos TB e GC.O FTF terá um tesouro.