Allan Quatermain e a Serrinha
Perdida
Três dias depois, ao escurecer, estávamos acampados num casebre
desmantelado, em frente das Três Feiticeiras, as três montanhas que
tantas vezes de longe avistáramos, desde a nossa chegada à
Serrinha, e onde deviam jazer, segundo a tradição dos cacuanas
e o roteiro do velho D. José da Silveira, as minas das pedras que
reluzem - as Minas de Salomão!
Aí
junto desse monte, estava uma fabulosa mina, que tinha sido o
fim de tantos míseros destinos, o do velho fidalgo português, o do
seu descendente, e decerto o daquele que nós vínhamos procurando
desde o sul e por quem corrêramos tanto perigo e tanta aventura.
Todo o que buscar essas minas fabulosas (dizia Gagula) encontrará
desilusão e desastre. Seria essa a nossa sorte?
Gastáramos assim hora e meia, trilhando a estrada de Salomão, e
tendo já deixado à nossa direita e à nossa esquerda as duas
Feiticeiras que formam a base do triângulo, quando chegamos junto
de um monte perdido.
A estrada, ao abeirar-se do monte, dividia-se em dois caminhos
que a circundavam; o espaço parecia perdido e misterioso. Mas
o que mais nos surpreendia era, do outro lado do monte, duas
figuras, uma de mulher, era de uma maravilhosa beleza,
infelizmente estragada pelas injúrias do tempo durante longos
séculos. A outra era uma face medonha, feita para inspirar
terror, como a de um demónio maléfico.
Que imagens seriam estas? Deuses? Demónios? Que lhe parece,
barão?
- Quem pode saber? |
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Nós, entretanto, depois de
contemplar estas extraordinárias relíquias de uma remota
antiguidade verificámos que na sua base, como incrustada nela,
corria uma muralha de pedra; e aí, ao centro, podíamos distinguir
um arco escuro, como a entrada de uma galeria subterrânea.
- Avançai, avançai! A cache está perto!
De repente, distinguimos um maravilhoso sítio que olhos humanos têm
contemplado.
Não tardamos em perceber que estávamos simplesmente numa mina, de
inigualável beleza. Cada uma daquelas gotas de água, que caía, com
um som húmido e triste, era mais uma coluna que se estava
formando.
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Há quantos séculos andava a natureza trabalhando naquela obra
maravilhosa?
Nunca, como ali, eu compreendi a espantosa velhice da Terra.
Gagula, porém, não nos deixou muito tempo nesta curiosa
contemplação. Inquieta, batendo o chão com o cajado, a lâmpada
erguida sobre a cabeça, a cada instante nos apressava, com ganidos
sinistros.
- Vamos, vamos, antes que a Morte chegue!
TENHAM MUITO CUIDADO A
COLOCAR A CACHE, DEIXEM-NA TAL E QUAL COMO A ENCONTRARAM
Percurso adequado a TT, BTT ou caminhada, cerca de 7 Km ida e
volta
Referência -
Contem excertos alterados da obra "As Minas do Rei Salomão",
Capítulo VIII, A Grande Caverna, por Henry Rider Haggard, tradução
por Eça de Queirós