Praça da Oliveira
Do lugar em que está plantada a milagrosa Oliveira de que a
Senhora toma o título.
Ordinariamente, toda a
povoação tem um lugar de recreio, e festejos de seus habitadores, a
que vulgarmente chamam Praça. Muitas tem a vila de Guimarães, sendo
a mais principal a que está defronte da porta principal da Igreja
de Nossa Senhora, aonde está situado o Padrão da Senhora da
Vitória, e defronte dele, no meio da dita praça, para o Poente,
está plantada a milagrosa oliveira de que tomou o título a Mãe de
Deus, a qual tem o tronco guardado por um pilar de pedra lavrado,
para mostrar no resguardo e asseio a devoção dos moradores. Está o
pilar cercado de assentos, aonde os cavaleiros da vila de contínuo
se juntam e sentam para a conversação, e sucede algumas vezes que,
neste fresco e agradável agasalho, esperam alguns os graciosos
borrifos da madrugada, achando-o mais próprio a seu sono do que o
calor de suas habitações.
Da compostura da Praça da Oliveira.
A Praça do Padrão da Vitória em que está plantada a oliveira, é
toda ladrilhada de pedra. e por ser o sítio em que se fundou o novo
Burgo, como dissemos, lhe chamaram Praça Maior, que com igual
grandeza fazem majestosa a Povoação. É esta Praça vistosa pela
assistência do Padrão da Senhora, e agradável pelo sussurro das
três bicas de água que correm no seu tanque, pela nobre torre dos
sinos da Igreja Colegiada e pela ocorrência de gente que a ela vem.
É fechada pelo nascente pela Igreja Colegiada, e dali a Poente
pelas casas de seus vizinhos, todas com alpendradas sobre colunas
de pedra. De Poente a Norte se adorna com a Casa da Câmara e
Audiências que, estando sobre arcos de pedra, dão passagem para que
desta praça possam passar à outra do peixe, aonde está situada a
Igreja de S. Tiago, que foi antigamente Templo de Ceres, no qual o
sagrado Apóstolo, derrubando os ídolos, colocou a imagem de Nossa
Senhora, cuja imagem depois foi trasladada para o Mosteiro de
Mumadona, que hoje é a Real Colegiada da Oliveira.
As Casa da Câmara e das Audiências estão místicas, e ambas fazem
frente para a Praça Maior, com uma galeria de janelas com grades de
ferro de encosto pintadas e douradas. São ambas coroadas de ameias,
e no alto de suas paredes têm o escudo das Armas de Portugal
iluminado. Seria a Praça mais majestosa se fossem mais liberais em
lhe dar maior terreno.
Praça de S. Tiago
No inventário de 1612, o adro
antigo da igreja de S. Tiago passou a integrar o inventário dos
bens municipais, assumindo a função de rossio da vila, para servir
à praça do peixe. O rossio (que era chão da Igreja de S. Tiago, que
tinha o Mestre-Escola da Colegiada de Guimarães como abade)
incluiria as boticas do peixe, que pagavam foro à Igreja, e a
própria Igreja, com o seu alpendre. Passando para o “uso do
povo”, não poderia ser fechado, nem nele se poderiam
continuar a “enterrar defuntos como dantes se fazia para que
assim fique mais livre”.
Segundo a medição que então foi feita, a praça, com a
configuração de um polígono irregular com quatro lados, ocuparia um
espaço menor do que o actual: do lado Sul, de Nascente a Poente,
media 22 metros e, do lado Norte, tinha uma frente mais extensa,
com mais de 37 metros; da banda do Poente tinha um comprimento de
quase 19 metros, enquanto que a frente voltada a nascente atingia
os 33 metros. A igreja de S. Tiago ficava no interior destes
limites.
O rossio era, na sua maior parte, ocupado pela praça do peixe.
Na praça havia várias bancas para venda de peixe, ficando uma delas
“defronte da porta travessa da igreja de S. Tiago junto ao
pilar dos arcos dos açougues".