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ONVENTO DE S. FRANCISCO
Dos edifÍcios e institutos religiosos existentes em Leiria -
enumerados, em 1906, pelo jornal Leiria Illustrada: «uma Sé, quatro
conventos, treze igrejas e doze capelas», além das instituições
particulares -, restam hoje muito poucos. Entre os conventos de
mais antiga fundação, após o estabelecimento dos crúzios por volta
de 1155, sobressai o da Ordem de S. Francisco, em 1232; os cónegos
viram com maus olhos a construção do convento, mas um Breve do Papa
Gregório IX, de 1223, veio em apoio dos frades
mendicantes.
Ergueu-se o
edifício junto à margem do rio, no Rossio de Santo André (depois
conhecido por Arrabalde da Ponte); as cheias, porém, causavam
grandes danos e prejuízos, o que explica a construção de um novo
convento no sítio onde ainda agora está implantado, provavelmente
com o valioso auxílio de D.João I, como diz a tradição. A igreja
seria sagrada apenas em 1562, segundo uma inscrição colocada junto
à porta principal, sofrendo novas remodelações, ao mesmo tempo que
a construção conventual, na segunda metade do século XVIII.
Cedido á Camara
de Leiria, por Carta de Lei de 2 de julho de 1855, instalou-se no
convento a cadeia municipal; em 1861, a igreja foi novamente
entregue aos Franciscanos; mas, em 1904, estes encomendaram o
projecto de uma nova igreja e respectivos anexos (onde funciona o
seminário filosófico da Ordem), ao professor e arquitecto italiano
Nicola Bigaglia; de estilo «neogótico», o templo franciscano,
obedecendo aos preceitos de uma construção moderna, seria concluído
após a morte do seu arquitecto, ocorrida em Veneza, em 1908.
Defronte ao novo edifício, implantado no Largo da Portela
(designação que remonta aos inícios do século XV), foi colocado um
retábulo de pedra seiscentista, onde se destaca sob um nicho a
imagem de S. Francisco, ladeado por dois anjos acólitos, formando
um pequeno recanto de arranjo urbanístico.
Entretanto, o
velho convento seria ocupado pela Companhia Leiriense de Moagens,
em 1921, após a adaptação do edifício às instalações fabris,
segundo um projecto de E. Korrodi; acrescentando-lhe um andar, com
largas fenestrações uniformes, o arquitecto preservou, no entanto,
o claustro, onde se reconhecem as linhas da antiga construção, e o
ritmo dos vãos nos dois pisos da fachada primitiva. Ao lado,
encontra-se ainda a igreja, cuja fachada, de linhas singelas, se
abre ao exterior através de uma galilé renascentista; dois largos
janelões, ladeando um nicho que abriga a imagem do santo, acusam as
alterações efectuadas no século XVIII, sendo a fachada, já muito
degradada, rematada por uma cornija em forma de frontão.
O interior do
templo, é de uma só nave, com um coro construído sobre a galilé,
possuindo ainda a original cobertura de madeira e altares laterais
quinhentistas (sabe-se que, em 1576, Fernão Ruíz Barba, instituiu
aí uma capela), e de Setecentos (família Trigreiros); por detrás do
grande arco triunfal (com data de 1668 e a inscrição segundo a qual
foi alteada dois metros em 1880), demarcando um ligeiro transepto,
perfilava-se a capela-mor, do padroado dos marqueses de Vila Real
que ali elegeram local de sepultura, passando depois o direito de
capela à Casa do Infantado. Em 1888, a revista O Panorama,
transcrevia, como curiosidade,um epitáfio que fora encontrado na
igreja: «Aqui jaz João Bicudo Mociço/Christão per lei/Cavalleiro
mui sizudo/Fidalgo da casa d´el-rei...»
Comunicando com o
coro, a Capela da Ordem Terceira, acrescentada em 1719, estabelecia
a ligação com outras dependências - sacristia, refeitório e a
cozinha -, cujas paredes eram revestidas por azulejos de cenas
historiadas, azul e branco, narrando episódios da vida de S.
Francisco, e possuíam tectos apainelados, de pinturas polícromas,
da primeira metade do século XVIII.
(Nota: Já depois
da publicação deste livro e muito recentemante, este convento levou
obras de restauro conforme se pode ver nas fotos.)
(ESTE RELATO FOI
RETIRADO DO LIVRO - CIDADES E VILAS DE PORTUGAL - LEIRIA DE LUCÍLIA
VERDELHO DA COSTA DA EDITORIAL PRESENÇA QUE É PERTENÇA DA
BIBLIOTECA MUNICIPAL DA CÂMARA MUNICIPAL DE LEIRIA -
www.cm-leiria.pt )
Informação
retirada
de http://alfredocr.blogs.sapo.pt/
Fotos retidas de
http://www.pbase.com/diasdosreis/image/36771209
Quanto á cache, tenham cuidado na busca pois esta num sitio de
passagem ...