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Pousada dos Rebanhos Traditional Geocache

Hidden : 11/10/2009
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
2 out of 5

Size: Size:   regular (regular)

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Geocache Description:


Pousada dos Rebanhos

Cortelhos

 

Há já muitos anos que perderam a sua função original. Persistem no entanto, majestosos e enigmáticos. Erigidos há séculos, por mãos calejadas e sábias, o aparecimento e longa sobrevivência destes velhos abrigos, construídos com grandes pedras, deve-se às estratégias de povoamento desenvolvidas pelas comunidades humanas que aqui habitam e se relacionam de forma harmónica com a serra, desde há milhares de anos. Dessa relação resultou um complexo ecossistema que se materializou, entre outros, no aparecimento de um característico povoamento sazonal, deslocando-se as populações ao longo do ano entre as “brandas” e as “inverneiras”. Testemunhos privilegiados dessas antigas brandas pastoris e da tenacidade e capacidade humana de adaptação, estes velhos abrigos de pastores são hoje, também, monumentos ao modo de vida e à transumância que até há não muitos anos se praticava nas altas montanhas do Minho. 


Estamos no início de Maio. As lavouras estão a terminar e o gado deixa de ser necessário no auxílio ao trabalho agrícola. De resto, não há já pastagens suficientes junto às aldeias. Eis, pois, chegado o momento de partir com os bovinos, em busca dos indispensáveis fenos, para mais altas paragens, geralmente acima dos 600 metros de altitude.

No último domingo de Abril já dois homens escolhidos pela população haviam realizado a “roda de serviço”, percorrendo a serra para averiguarem do estado dos caminhos e dos abrigos (os “fornos” ou “cortelhos”) localizados nas “brandas” - pequenas manchas aplanadas ou de declive pouco acentuado que, junto a nascentes ou a pequenos cursos de água, propiciavam as pastagens no alto da serra. Alguns dias depois, a 3 de Maio, dia Santo, os lavradores e vizinhos reuniam-se para compor os caminhos e combinar as reparações que eram necessário realizar. Finalmente, 15 de Maio era o dia escolhido por grande parte das povoações para pôr as vacas na serra, iniciando um percurso que, durante cerca de quatro meses, até Setembro, levará o gado a deambular pelas pastagens nos altos das montanhas. Não é, no entanto, um percurso aleatório. Ele obedecerá a regras “costumeiras” muito rigorosas, definindo trajectos, calendários e periodicidades muito precisas de utilização das brandas, dando assim origem a uma espécie de transumância dos gados e dos “brandeiros”, os homens que acompanham os animais e que com eles permanecerão durante toda a época.

Para refúgio dos “brandeiros” foram construídos, presumivelmente desde a Idade Média, os “cortelhos” – construções muito rudes e acanhadas, construídas com o único material disponível nas imediações das brandas: blocos e lajes de granito. Para evitar repetidas reparações e permitir uma longa longevidade a estes abrigos, na sua edificação não é utilizado nenhum material perecível, como o colmo ou a madeira. E por isso, até a cobertura é feita em pedra, através do tradicional sistema da “falsa cúpula”.

Geralmente os guardadores e os rebanhos permaneciam cerca de quatro dias em cada branda. Pastando livremente durante o dia, à noite o gado é recolhido junto do abrigo. É no exterior deste que o “brandeiro” acenderá a fogueira que aquecerá a sua parca refeição, constituída regra geral por batata cozida, boroa, caldo cozinhado ou de preferência “caldo de leite”. Se as condições climatéricas assim o exigirem é possível que o fogo seja aceso no interior do abrigo, lançando alguma luz sobre o desconfortante “mobiliário” aí existente: a cama feita de urze e fetos onde, coberto por uma manta, se deita o pastor, com a ajuda de um calhau onde pousa a cabeça. Paus cravados entre as pedras da construção servem de cabides para pendurar alguma (pouca) roupa, alguns sacos e os utensílios de cozinha (que se limitavam geralmente a um único pote de ferro).

Durante os cerca de quatro meses que permanecerá na serra, deambulando de branda para branda, refugiando-se e dormindo nos respectivos “cortelhos”, o “brandeiro”, isolado ou na companhia de “brandeiros” de outras casas, será abastecido de mantimentos por gente da sua casa quando aí se deslocam em busca de leite, ou, mais esporadicamente, é o próprio que, em alguns domingos, se abastece na aldeia quando aí desce para assistir à missa.

Esta deslocação sazonal dos gados para as “brandas” não é, no entanto, nestas altas montanhas do Minho, um exclusivo do mundo pastoril. Com efeito, às brandas pastoris somavam-se, igualmente, as brandas de cultivo ou agrícolas, aproveitando deste modo as populações os diferentes nichos ecológicos disponibilizados pela serra ao longo do ano. Obviamente mais estruturadas do ponto de vista arquitectónico e “urbanístico”, estas brandas são verdadeiros aldeamentos subsidiários da povoação mãe (a “inverneira”) para os quais quase toda a população se muda durante os quentes meses de Verão, e onde é possível, além do pastoreio, o cultivo de fenos, batata e centeio.

 (Joel Cleto e Suzana Faro Serra da Peneda. Brandos abrigos. O Comércio do Porto. Revista Domingo, Porto, 25 de Fevereiro 2001)

 

A cache é um contentor de plástico. O conteúdo é uma stashnote, um logbook, lápis e objectos para troca.

 

 

 



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