"Quando os homens não acreditam mais em Deus,
isso não se deve ao facto de eles não acreditarem em mais nada,
e sim ao facto de eles acreditarem em tudo"
G. K. Chesterton citado em Pêndulo de Foucault
Estavamos a pisar solo sagrado. Todos sabiamos disso. Emanava do solo, das árvores, das pedras... Desde tempos antigos, os antepassados sabiam-no. Que pena esta sabedoria se ter perdido ao longo da história, pensou ele. Aqui, no final do seu percurso, da sua demanda, ele tinha atingido o objectivo. Afinal o prémio, o tesouro, não era nenhum objecto material, era não mais que o conhecimento, o sentimento. Olhou à volta e sentiu-se sozinho no meio do grupo que liderava na demanda. Como que o conhecimento o permitisse ver o invisível. O que antes estava escondido ao comum dos mortais.
Estavam num dos pontos em que o céu e a terra se tocam, onde as correntes subterrâneas e telúricas mais se aproximam dos nossos pés. Naturalmente proliferavam monumentos megaliticos por aqui. Este, à sua frente, tinha sido cristianizado na idade média.
Dizia a lenda que a pedra grande que cobre o altar para ali tinha sido trazida sobre uma burra conduzida por Nossa Senhora e que, a pouca distância do local, deixou pegadas numa rocha devido ao peso daquilo que carregava. Outra lenda refere ainda que, ali por perto, jazem os restos mortais de um rei de Inglaterra. Seria ele o rei Artur? Estariamos nós perto de Avalon, e do calice sagrado?
Sorriu, enquanto pensava nisso. O Homem, na sua pequenez, sempre quis arranjar algo maior do que ele, grandes mistérios, tesouros fabulosos, sociedades secretas manipuladoras da humanidade e da história... Os regimes totalitários sabiam-no bem e tinham-se rodeado com uma aurea de misticismo. As pessoas são sedentas de mistérios. Templários, Rosacrucianos e Maçonicos, todos se baseiam em saberes antigos, nas primeiras civilizações, ou mesmo antes delas. O Homem da moderno, da cidade, tinha perdido essa sabedoria antiga, rural.
Aqui ele tinha encontrado o tesouro. Era apenas apanhar umas castanhas debaixo dos castanheiros. E baixou-se mais uma vez...
O elemento central desta área é a Anta da Capela de Nossa Senhora do Monte (Monumento Nacional). Trata-se de um monumento funerário pré-histórico, do período Neolítico, provavelmente um dos maiores da Beira Alta, com câmara poligonal e amplo corredor. Este local foi cristianizado no século XIV com a construção da capela, que aproveitou a estrutura megalítica para edificar a cabeceira. O reaproveitamento deste monumento pelos cristãos realça o seu valor místico e a importância que ainda tinha para as populações. Em torno desta capela, estendendo-se por uma área considerável, é possível encontrar outros monumentos funerários, destacando-se o Dólmen do Sangrino, o Dólmen do Carvalhal, o Dólmen do Turgal e os Dólmens da Lapinha 1 e 2.
http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70452/
http://www.360portugal.com/Distritos.QTVR/Viseu.VR/Megalithic/Dolmen_SradoMonte/index.html
|