NOSTALGIA
Nas últimas décadas o crescimento imobiliário de Braga foi
avassalador e nesse seu percurso destruiu quase todos os vestígios
do "Portugal Rural" que ainda marca profundamente o modo de estar
das populações do Minho, pese embora as aculturações que temos
vindo a sofrer, por via da "abertura ao mundo" que se seguiu ao
"25de Abril".
Todavia, persistem algumas ilhas de ruralidade na cidade, que
proporcionam, com alguma imaginação, uma pálida ideia de como eram
os locais, os ritos e costumes da gente singela e humilde do
povo.
Este cantinho do Rio Este permite: a uns recordar outros tempos,
tempos retratados no filme "Aldeia da Roupa Branca"; e a quem não
conheceu tal forma de viver, imaginar como seriam esse tempos e
esses locais ribeirinhos.
Esta cache é assim um exercício de nostalgia que conjuntamente com
a "EDB03 - Dois Galos na Fonte", criada pelo pbrandão, põe em
evidência locais que gostavamos de ver protegidos e respeitados na
zona ribeirinha de Braga. Apesar da sua humildade o Rio Este é o
único curso de água que atravessa a cidade.
"Aldeia da Roupa Branca"
Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Roupa no monte a corar
Vê lá bem tão branca e leve
Dá ideia a quem olhar
Vê lá bem que caiu neve
Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traz à ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Olha ali o enxoval
Vê lá bem de azul da esperança
Parece o monte um pombal
Vê lá bem que pombas brancas
Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traz à ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Ai rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Um lençol de pano cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormimos nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.
Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traz à ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol
Beatriz Costa
"Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa
Visitem o Rio Este! Promovam-no divulgando outros locais que
nele conheçam.