IGREJA DE SOBROSA
Se há terras que se podem orgulhar do seu
passado histórico, Sobrosa é uma delas. Povoação muito antiga,
sofreu a influência da romanização, pelo que o seu nome vem do
latim “suberosus”, uma adjectivação de
“suberis” que tem o significado de sobreiro. Assim,
Sobrosa seria terra abundante em sobreiros.
Com raízes documentadas pelo menos a partir de
meados do século XII, Sobrosa foi o local escolhido pelo nobre
galego Fernão Peres, o Cativo, para aqui fundar uma Honra, que
subsistiria durante 700 anos.
Vários membros da Família dos Soverosas
desempenharam importantes funções na Corte dos quatro primeiros
reis de Portugal, destacando-se o grande fidalgo D. Gil Vasques de
Soverosa, vencedor de várias lides e torneios. Após o exílio de D
Sancho II em Toledo (1248), a família entrou em decadência.
Nas Inquirições de 1258, refere-se que a
Igreja de Santa Eulália de Sobrosa era dos filhos de D. Gil, e que
a “villa” continha 47 casais.
D. Afonso III concedeu Foral a Soverosa no dia
5 de Julho de 1273.
Mais tarde, Sobrosa, com o privilégio de Vila
e Honra, passa para as mãos dos Marqueses de Vila Real, uma das
famílias mais ricas de Entre Douro e Minho.
Em 15 de Outubro de 1519, o rei D. Manuel I
concedeu Foral Novo à Honra de Soverosa, um documento que espelha a
influência que Sobrosa exercia sobre várias freguesias dos actuais
concelhos de Paredes, Paços de Ferreira e Lousada, designadamente
Cristelo, Madalena, Louredo, Ferreira, Freamunde, Meixomil, Eiriz,
Sanfins de Ferreira, Figueiró, Gonsende, Carvalhosa, Sousela e
Sanjoaneiras.
Em 1641, D. Luís de Noronha e Meneses, 7.º
Marquês de Vila Real, entrou numa conjura contra D. João IV que, no
dia 1 de Dezembro de 1640, tinha libertado Portugal do domínio
Filipino. D. Luís de Meneses foi decapitado com os outros
conjurados e os bens do Marquês de Vila Real foram confiscados,
passando para património da Coroa. Nesses bens estava incluída a
Honra de Sobrosa.
Em 1654, o Rei D. João IV criou a
“Sereníssima Casa do Infantado”, com o objectivo de
dotar o Infante D. Pedro com rendimentos próprios, tornando-se uma
instituição patrimonial dos segundos filhos dos monarcas, deixando,
assim, de estar dependentes do irmão mais velho, herdeiro do trono
e dos bens da Coroa. Os bens confiscados ao Marquês de Vila Real
passaram a fazer parte do património desta instituição, pelo que a
Honra de Sobrosa passou para a posse da Casa do Infantado e para a
jurisdição dos infantes de Portugal, até ao advento do Liberalismo,
no século XIX.
Durante esta época, Sobrosa, juntamente com a
Vila de Azurara (Vila do Conde), constituiu um Almoxarifado, sede
de um território extenso, a cargo de um almoxarife, isto é, de um
funcionário régio a quem cumpria emprazar ou arrendar os bens da
Coroa e superintender na cobrança dos direitos reais ou no seu
arrendamento.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, o Vigário de
Sobrosa, Padre José Dias Torres, informou que Sobrosa “He
honra com titulo de Villa de Sobroza” e que “a ela
pertence toda a freguezia de Freamunde, parte da de Ferreyra, e tem
cazas que sam sogeitas a mesma honra na freguezia de Christello,
Besteiros, Madalena, Louredo, Souzella, Figueyrô, Lamozo,
Carvalhoza, Sam Fins, Eyris, Meixomil e Sam Pedro da
Reymonda”. Referiu, ainda que “Tem dous juízes
Ordinarios e Camera”. Além destes, havia três vereadores, um
procurador e um meirinho.
É de referir que este é o “século de
ouro” para Sobrosa. Por toda a freguesia, grandes casas se
constroem e são reformadas, são edificados os Paços do Concelho e
Cadeia e o Pelourinho, são levantadas capelas, a igreja é
reconstruída, criam-se confrarias, formam-se padres, bacharéis e
militares. Tudo concorre para o progresso da Vila de Sobrosa, como
se pode depreender pelo património edificado ainda hoje existente e
pela grande quantidade de documentos daquela época que chegou aos
nossos dias.
O apogeu de Sobrosa viria a dar-se no início
do século XIX, com a elevação a sede de concelho, do qual faziam
parte as freguesias de Carvalhosa, Codessos, Eiriz, Ferreira,
Figueiró, Freamunde, Lamoso, Meixomil, Modelos, Paços de Ferreira e
Sanfins de Ferreira.
No seguimento das lutas liberais, em que as
grandes casas, com os seus militares, tomaram o partido miguelista,
Sobrosa vê extinto o seu concelho, pelo Decreto de 6 de Novembro de
1836. Todas as suas freguesias são integradas no novo concelho de
Paços de Ferreira, excepto Sobrosa, que transita para o de
Paredes.
Actualmente, como referência ao seu passado
histórico, a freguesia de Sobrosa tem o direito de ostentar quatro
torres no seu brasão, em memória aos tempos áureos de vila e
honra.
Apesar de perdidos os seus privilégios,
Sobrosa chega ao início do século XX como “uma das freguezias
mais nobres do concelho” e “uma das freguezias mais
ricas do concelho, e das que possum maior numero de bôas casas de
habitação”, conforme refere a Monografia de Paredes
(1922).
Tal como em muitas outras freguesias desta
região, em meados do século XIX floresceu a indústria do
mobiliário. No final do século passado, Sobrosa deixa de ser uma
freguesia dependente da agricultura, com a chegada das indústrias
de confecção de vestuário e a consequente emancipação da
mulher.
Hoje, Sobrosa mantém as características rurais
que sempre a caracterizaram, aliadas ao desenvolvimento e ao
progresso. O surto habitacional e populacional modificou a
paisagem, onde o casario se destaca na verdura dos campos e dos
montes.
Por tudo isto, Sobrosa é uma terra apetecível
e onde dá gosto viver.
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