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Size:  (regular)
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Os fornos da cal
Alvaiázere tem um património cultural e natural diversificado de elevada importância. Foi da pedra calcária, da argila e do coberto vegetal que foi possível construir e laborar com fornos de cal.
Esta indústria tradicional teve um peso assinalável na economia local e regional, particularmente no pós II Guerra Mundial até à década de 70 do século XX, altura em que alguns dos fornos começaram a deixar de laborar. Para o declínio desta arte contribuíram a divulgação e o uso generalizado do cimento, das tintas sintéticas e a da produção de cal em fornos de produção continua.
Em Alvaiázere podemos observar duas tipologias de fornos de cal. Esta diferença de tipologia prende-se com a presença ou ausência da caldeira. Os fornos mais antigos não estão forrados a tijolo de burro, técnica presente nos fornos mais modernos.
O local da construção do forno de cal era escolhido de modo a aproveitar uma pequena elevação do terreno (que podia ser artificial), por forma a deixar grande parte do forno enterrado no solo. Esta técnica era praticada com o fim de preservar e aumentar o calor do forno durante o processo de cozedura da pedra calcária. A construção era iniciada pela abertura da “caldeira”, de planta circular, com um diâmetro aproximado de 3-4 metros e uma profundidade de 2 metros. A partir desse espaço em que o diâmetro vai estreitando da base para o topo, o forno começava a ser construídos com grossas pedras calcárias, toscamente aparelhadas, argamassadas com argila elevando-se a construção acima do solo ate cerca de 5-6 metros. Antes da construção chegar à chaminé, era deixada, lateralmente, uma abertura, a chamada “ventana” com cerca de 1 metro na base e 2 metros de altura A sua forma é ogivada. As paredes interiores eram deixadas nuas, sofrendo a pedra calcária algum desgaste em cada cozedura. Partindo das laterais exteriores do forno eram construídos grossos muros, também eles em pedra calcária, que serviam de contraforte a toda a estrutura. Os fornos apresentam a forma em tronco de cone, em que a funcionalidade está aliada à beleza e elegância arquitetónicas.
Os fornos construídos a partir da década de 40 do século passado foram, interiormente, forrados a tijolo de burro argamassado com argila. Esta técnica tinha como objetivo preservar as paredes do forno e permitir uma melhor cozedura da pedra. Durante este processo o tijolo de burro vidrava, ficando as paredes do forno com uma cor escura verde-azulada, coloração observável nos fornos que usaram esta técnica.
No processo de produção da cal havia sempre um mestre pedreiro, experiente e engenhoso, que era responsável pelo enfornamento. Este era feio em forma de abóbada, deixando um espaço interior com cerca de 3 metros de diâmetro na base e 3 de altura.
As pedras calcárias eram selecionadas e dispostas em fieiras, em função de sua dimensão, feitio e macieza do calcário. Homens calejados pela força da experiência tornavam-se exímios conhecedores desta realidade. Deste modo, o enfornamento era iniciado com os blocos de pedra mais macia, a “pedra moca”, seguindo-se depois os blocos de pedra mais dura, a “pedra biscaia”. O calcário mais duro ocupava sempre a parte central do enfornamento, zona que estava sujeita a mais altas temperaturas. Entre as pedras, travadas, ficavam, naturalmente, orifícios que ajudavam na circulação do ar, indispensável durante o processo de calcinação. À medida que o enfornamento prosseguia as pedras calcárias iam sendo cada vez mais pequenas (e o calcário mais macio) porque na parte superior do forno o calor não era tão intenso. Uma vez a abóbada pronta através da “ventana”, completava-se o enfornamento com pedra miúda e por fim com gravilha. Se fosse necessário, para prevenir fugas de calor, era colocada sobre a gravilha uma fina camada de massa de cal, com orifícios. Através destes controlava-se o processo de cozedura, orientando o calor, se fosse o caso. A “boca do forno” era fechada com cal em pedra ou tijolo de burro, argamassados com cal, deixando uma abertura por onde entrava o combustível. O mesmo procedimento era executado na “ventana”, tapando-a completamente. Ao nível do solo havia uma conduta de arejamento, por forma a fornecer o oxigénio necessário para o combustível arder. A temperatura no interior do forno podia atingir os 1000 a 1500 graus centígrados e a cozedura levava cerca de 150 horas. Durante esse tempo havia dois homens que asseguravam a alimentação permanente do forno que se revezavam de 4 em 4 horas. Como utensílios eram usados um forcado (para colocar o combustível através da abertura deixada na boca do forno) e um rodo em ferro, com 4-5 metros de comprimento, que servia para mexer a borralha e retirar as cinzas. Quando o enfornamento apresentasse a “cor gema de ovo”, era sinal de que o processo de calcinação estava realizado. O desenfornamento era iniciado, após 48 horas do fim da cozedura, pela “ventana”. Neste processo eram usados rodos, pranchas, escadas, gamelas e padiolas (com proteções laterais) para transportar a cal em pedra. No fundo do forno ficava a “borralha” ou “cal suja”.
O primeiro combustível usado era constituído pelo coberto vegetal, roçado por homens e transportado por mulheres.
Através da calcinação da pedra calcária obtém-se cal em pedra ou cal viva. Quando a esta se junta água temos a cal hidratada ou cal apagada. Durante este processo a pedra de cal desintegra-se dando lugar a uma espécie de pasta, que deixada secar se desfaz.
Grande parte deste património está em ruínas e algum dele inacessível. Existem, no entanto, belos exemplares que deveriam ser objeto de preservação. Deveria considerar-se a hipótese da sua musealização in situ. Os fornos de cal são de grande beleza formal esbatendo-se na paisagem cársica, austera e imponente.
Uma vez que este forno da cal se encontra em ruínas peço que sejam cuidadosos e que preservem este local não o destruindo.
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Additional Hints
(Decrypt)
N pnpur zhqn qr qr ybpny znf znagéz n zrfzn pbasvthençãb, rzoben zhvgb znvf nprffíiry.
Ab cbfgr gbzonqb!