Quando nisto iam, eis que o garboso D. Quixote avistou, a meio do vale, algumas criaturas estranhas e desde logo lhe pareceu que seria a oportunidade perfeita para se vingar do infame desencontro que tivera anteriormente com os gigantes, transformados de supetão em moinhos pelo execrável Frestão e apenas para lhe roubar a memória da vitória. Contudo, e como sabia que as artes e as intermitências das guerras se podem alterar de um momento para outro, o cavaleiro não se precipitou de imediato no ataque.
Vês ali, amigo Sancho, parece que as circunstâncias nos irão proporcionar uma desforra memorável. Mas deixemo-nos ir com calma, que esta raça é malvada, disse D. Quixote para o escudeiro. Sancho Pança seguia no seu encalço e ainda tentou convencê-lo a desistir da investida, adiantando que a queda poderia ser mais perigosa que a anterior mas não o demoveu.
Contudo, ao aproximar-se, D. Quixote reparou que algo mudara na paisagem. O tempo parecia correr de uma forma mais lenta, como se de um momento para o outro se tivesse libertado do desassossego do mundo. Mais à frente, e para seu espanto, os gigantes eram apenas moinhos, desgastados pelo corrupio das águas, e já entregues a uma quietude que se misturava com o cenário envolvente. O sol olhava de soslaio por entre a vegetação densa e frondosa, imiscuindo-se secretamente nos seus meandros.
Apercebendo-se que algo mudara também em si, D. Quixote resolveu-se a ficar por ali algum tempo a contemplar aquele bucolismo perdido. Vossemecê pense bem nisso. E o que haveremos de comer, perguntou Sancho Pança. Não te preocupes nem duvides da minha arte; já engendrei aqui uma forma de fazer saltar o peixe deste ribeiro. Desta vez, as velas rodarão a nosso favor; chega-te para lá e observa. Mas, antes de mais desassossegos ou mais batalhas, deixa-me aproveitar a quietude deste tempo contra o mundo, esclareceu o cavaleiro.
A CACHE
Cerca de três anos depois e com mais de duas mil caches encontradas, em jeito de ligeira comemoração, resolvemos voltar a um dos locais iniciáticos no nosso geocaching. A cache Gigantes foi a nossa primeira colocação e desde então muitas foram as estórias que se seguiram. Também, entretanto, a Câmara Municipal de Vouzela inaugurou o percurso Rota da Água e da Resina [PR8], que passa nos locais referenciados. Achámos por isso que tais eram motivos válidos para pensarmos numa outra colocação.
O percurso inicia-se na Junta de Freguesia de Queirã sendo que, mais à frente, os pedestrianistas poderão optar por seguir pela Rota da Água (13 km) ou da Resina (11 km). A cache encontra-se na Rota da Água, perto de uns moinhos descritos anteriormente. Poderão aceder ao local facilmente a partir da estrada. Depois de estacionarem devem começar por procurar a escadaria. Aconselhamos contudo, e para poderem usufruir melhor da experiência, que façam parte do percurso, seguindo o PR, entre a cache Gigantes e esta, regressando posteriormente pela estrada.
Aproveitamos ainda, nesta, para agradecermos a todos aqueles que visitaram as nossas outras caches/experiências e que, com os seus registos, as enriqueceram.
Não publiquem fotos do contentor e/ou do local onde está escondido, nem revelem dados sobre os mesmos!
Desfrutem da descoberta e protejam a Natureza e o Património!