Fonte Velha
É uma fonte de mergulho, muito antiga, talvez a mais antiga do Sardoal, que já em 1543 era chamada Fonte Velha.
Não é utilizada há muitos anos, para consumo público, mas pelo desgaste provocado pelos cântaros no seu parapeito (mais de 10cm), pode-se imaginar a sua grande utilização pelos habitantes da vila, em tempos recuados.
Desta fonte diz o Dr. Francisco da Fonseca Henriques: “... Na Villa do Sardoal há uma fonte chamada Fonte Velha, a que se não conhece mineral por onde passe, mas entende-se que a água é boa para preservar de dores nephriticas (relativa aos rins), e de estupores e paralizias, por nunca haver estes achaques na dita Villa em que há experiência de que indo de fora algumas pessoas com elles reconhecem melhoria e a atribuem à virtude da água.”
Foi construída ou sofreu grande arranjo em 1710 e até 1790 consistia num pequeno poço na margem esquerda da ribeira, sujeito às inundações da mesma que lhe entravam dentro, sendo neste ano de 1790, à custa das rendas do concelho, posta de bica e fechada com uma arca. Alguns anos depois, a Câmara Municipal passou-a para a margem direita da ribeira a fim de mais facilmente ser aproveitada pelo povo.
Há cerca de 40 anos, foram realizadas grandes obras de beneficiação e arranjo da zona envolvente, por iniciativa da Liga dos Amigos do Sardoal.
Lenda da Fonte Velha
Diz a lenda que no fundo da fonte existiam duas lajes, cada uma com uma argola de ferro que permitia levantá-las e que quando a água estava límpida e sem lodo se podia vê-las. Estas lajes tapavam dois compartimentos onde estavam metidos dois cofres. Um guardava ouro e o outro guardava a peste, sem que se soubesse sem os abrir, o que cada um guardava. Porque isto se passa no tempo em que a peste era a doença mais temida pelo povo e, com a qual morria muita gente, nunca ninguém teve coragem para levantar as lajes e abrir os cofres.
Mas um dia, diz a lenda, um rapaz pobre do Sardoal apaixonou-se por uma rapariga muito bonita, filha de pais muito ricos que não permitiam o seu casamento com alguém que não tivesse dinheiro e fazendas à altura da sua fortuna. Sabendo do ouro que estava guardado na Fonte Velha, numa noite de verão em que estava quase seca, o rapaz desceu ao fundo da fonte e destapou a laje onde se guardava a peste e abrindo o cofre viu que estava vazio.
Logo depois tirou a laje do outro compartimento e tirou o cofre do ouro que trouxe consigo. A lenda não nos diz se ele casou ou não com a rapariga de quem gostava. O que nos diz é que a partir desse dia, o Sardoal que até aí sempre vivera sem a peste e em que todos os habitantes eram amigos e viviam felizes, passou a ser um inferno de doenças, zangas e zaragatas.
Quando o povo soube que o tal rapaz tinha tirado o cofre do ouro da Fonte Velha, obrigou-o, pela força, a pôr lá o tesouro de novo, voltando a colocar a laje no seu sítio, e a paz voltou ao Sardoal, não voltando a haver peste.
A água era a principal riqueza que havia e a da Fonte Velha era essencial para a vida de todos e a pior peste é a ambição desmedida, a inveja, a avareza e a discórdia. As lajes da Fonte Velha, diz a lenda, ainda lá estão, esperando-se que não voltem a ser mexidas…