A RUA ACTOR ISIDORO pertencia à freguesia do ALTO DO PINA que juntamente com a freguesia de S. JOÃO DE DEUS, e pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA, passou a pertencer à freguesia do «AREEIRO». Tem início na ALAMEDA DOM AFONSO HENRIQUES, 60 e finaliza na RUA ACTRIZ VIRGÍNIA, 9. Integrada no primeiro BAIRRO DOS ACTORES, em Acta Nº 4 de 18 de Janeiro de 1944 da COMISSÃO DE TOPONÍMIA, foi aprovada a sua nomenclatura.
ISIDORO SABINO FERREIRA mais conhecido como o ACTOR ISIDORO, nasceu em LISBOA na TRAVESSA DAS PEREIRAS à GRAÇA, em 18 de Novembro de 1828. Tendo falecido também em LISBOA em 23 de Setembro de 1876.
Seu pai era um modesto operário numa oficina de reparação de equipamento para o exército, tendo cegado seis meses antes de seu filho nascer. O Actor ISIDORO teve uma infância muito difícil, sem poder ir à escola, foi na rua que aprendeu a ler e a escrever, com os rapazes da sua infância e cedo, aos 11 anos começou a trabalhar. Primeiro como chapeleiro e mais tarde tecelão, e nas horas vagas experimentava o teatro como actor amador em grupos que ele próprio organizava. Conseguiu entrar no TEATRO D. MARIA II, com 12 anos como "COMPARSA" ( 1 ) e por lá ficou durante anos no anonimato.
Terá recebido o seu primeiro salário como actor em 1849, no Teatro de ALMADA. Assistiu a uma das suas representações o actor TABORDA que ficou fascinado com o talento do jovem ISIDORO. Passado algum tempo já ele se estreava no TEATRO DO SALITRE, na peça "UMA FRAQUEZA", apadrinhado por TABORDA.
Não podemos esquecer que o TEATRO DO SALITRE foi um dos mais carismáticos espaços teatrais do século XIX. Com a experiência adquirida no TEATRO DO SALITRE, ISIDORO passa a ser um caso sério na comédia, sendo por isso muito disputado dos palcos de LISBOA.
Ingressa no elenco do TEATRO GINÁSIO, onde acabaria por se estrear em 1853, com a interpretação do "MANUEL FERREIRO" na peça ANDADOR DAS ALMAS, uma paródia de FRANCISCO PALHA à Ópera "LUCIA DI LAMMERMOOR de DONIZETTI. E, dois anos depois, ISIDORO fez a sua primeira revista. Ao lado de TABORDA e da vedeta francesa EMÍLIA LETROUBLON, destacou-se bastante, tendo representado mais duas peças de grande comicidade. Na sequência desta sua prestação, ISIDORO foi convidado para o TEATRO D. MARIA II, mas o GINÁSIO não o deixou sair, aumentando-lhe o vencimento que o convenceu a ficar. Mas passados seis meses ISIDORO não resiste a um convite do TEATRO DO SALITRE, então rebaptizado de TEATRO VARIEDADES, que pagou por essa razão uma indemnização ao GINÁSIO.
E foi nesse teatro que o actor fez a REVISTA DE 1858 que teve um êxito brilhante. E finalmente no ano de 1863 ISIDORO entrava para o D. MARIA II, estando assim classificado com um actor de primeira classe, onde representou brilhantemente. Mas foi no TEATRO DA TRINDADE que ISIDORO criava a sua inesquecível personagem: o REI BOBECHE" da ópera bufa O BARBA AZUL de Offenbach.
Antes, porém, regressara ao TEATRO GINÁSIO por três temporadas, onde escreveu a REVISTA DE 1862, experiência que o levaria a outros géneros literários.
Assim, paralelamente à sua actividade de actor, ISIDORO escreve crónicas e artigos de opinião para diversos jornais, assinou inúmeras traduções de peças teatrais.
ISIDORO era um homem empreendedor, cheio de força, a par de um enorme talento reconhecido pela crítica, pelo público e pelos seus colegas, o que lhe valeria em 1875, as insígnias de "CAVALEIRO DA ANTIGA, NOBILÍSSIMA E ESCLARECIDA ORDEM DE S. TIAGO DE MÉRITO CIENTIFICO, LITERÁRIO E ARTÍSTICO".
O ACTOR ISIDORO deixou-nos aos quarenta e oito anos, certo de que fez tudo para merecer o que a vida lhe proporcionou: a glória e a fortuna!
Mais informação em https://toponimialisboa.wordpress.com/2018/03/19/a-rua-actor-isidoro-no-bairro-dos-ditos/