Inicialmente a classificação como Monumento Nacional só abrangeu os elementos românicos da Igreja. Mas esta situação foi posteriormente solucionada em 1980, quando se considerou a necessidade de se classificar a Igreja no seu todo e não partes concretas.
Embora seja um edifício de edificação românica, poucos elementos desse período chegaram até nós. Dessa época persistem, apenas, o portal principal e a arca tumular na capela-mor. Contudo, o próprio portal é um elemento do românico tardio, uma solução protogótica possivelmente do século XIV.
A ausência de tímpano, associada às arquivoltas de perfil quebrado e os capitéis com uma decoração animalista e vegetalista, mostrando um evidente naturalismo e uma certa elegância desenhada pelo seu cesto, comprovam o seu caráter protogótico.
A mesma cronologia tardia se confirma no túmulo inserido em arcossólio na capela-mor, do lado da Epístola, já que os escudos são abrigados por elementos de evidente sabor gótico: uma arcada, composta por arcos trilobados e dotados de capitéis; sobre a arcada, micro-empenas encimadas por remate em forma de trevo; a tampa do túmulo, de secção hexagonal e volume em duas águas, apresenta uma cruz e uma sucessão de motivos florais envolvidos por um multiplicado motivo fitomórfico.
Embora se desconheça quem de facto nele está sepultado, a sua localização na capela-mor remete-nos de imediato para alguém de alta estirpe, ligado seguramente ao padroado da Igreja.
Excetuando-se estes elementos românicos, o que se sobressai no restante espaço são as alterações aplicadas durante a Época Moderna: as amplas dimensões da nave, a profundidade da capela-mor e os janelões retangulares são o resultado das transformações ocorridas após o Concílio de Trento com intuito de atualizar o interior da Igreja à liturgia e estética imanada desse importante concílio católico.
Também da mesma época são a torre adossada à fachada principal, com seu remate bolbiforme, o óculo com formas curvilíneas que encima o portal principal e os amplos janelões que na fachada principal (e nas laterais) iluminam a jorros o interior da igreja.
O barroco, com o seu horror ao vazio, é também visível no interior com retábulos repartidos entre a capela-mor e a nave e o revestimento do corpo da Igreja com painéis azulejares e madeira entalhada.
Característicos do século XVIII, os painéis apresentam cenas claramente barrocas: grinaldas de flores e de frutos ou os putti. Ao nível da composição das cenas, é evidente a teatralização do gesto criada pelas figuras representadas, como por exemplo Moisés e a Serpente de Bronze ou Samaritana e Jesus falando aos Discípulos.
A norte, abre para a nave a capela dedicada a São Miguel, com alçados revestidos a azulejos e retábulo-mor em talha nacional.
Contrariamente ao que acontece na nave, a capela-mor da Igreja apresenta-se despojada de ornamentação. O retábulo-mor, de estilo neoclássico, alberga as imagens de São Martinho de Tours e Santa Luzia. Ao cimo do trono, uma imagem de Cristo crucificado anula o vazio do espaço votado à exposição do Santíssimo Sacramento.
Adossada do lado norte à capela-mor temos a sacristia, onde é visível um silhar de azulejo, com moldura de acantos, de figura avulsa, com cantos de estrelas e motivos de barcos, pássaros, entre outras figurações.
Fonte: rotadoromanico
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