Sistema hidráulico do Casal do Frade
Casal do Frade e a Vila de Payo de Pelle
O Casal do Frade era um dos muitos casais da Vila de Payo de Pelle. A Vila de Payo de Pelle era, e de acordo com o tombo dos bens da Cardiga de 1504, constituída por imensos casais, os quais eram de acordo com os que estão assinalados do mapa seguinte:
DIAS, João Jose Alves; “Paio de Pele, a vila e a região do século XII ao XVI”, 1989, Vila Nova da Barquinha.
Nos primeiros séculos da nossa nacionalidade, o conceito de vila era muito diferente do que conhecemos nos presentes dias. As vilas eram superfícies agrárias ou unidades rurais de exploração de terra, que resultaram nas nossas Freguesias e nos nossos lugares.
No caso de Payo de Pelle, trata-se de uma Vila que, o grosso da sua história, está associada à Ordem do Templo, mais tarde Ordem de Cristo, e por esse mesmo motivo, muitas das unidades agrícolas desta vila foram geridas por freis e frades.
As quinzes unidades agrícolas desta vila, e embora fossem geridas por homens da Ordem do templo, eram essencialmente, produtores de cereais e de fruta, principalmente trigo, centeio, ameixieiras, azambujeiros, figueiras, laranjeiras, pereiras e romãzeiras. Porém, e porque as unidades distanciavam entre si cerca de 800m, cada uma tinha pelo menos um prédio rústico, constituído, em geral, por uma casa de habitação e um celeiro, havendo a excepção de alguns possuírem, também, uma adega. Todos os casais pagavam o seu foro ao Senhor da Vila de Payo de Pelle.
Casal do Frade
O Casal do Frade, tal como o nome indica, foi iniciado por um frade do qual se desconhece o nome, até à presente data. Um casal que produzia trigo, milho e vinho, o que levou a que se construísse um sistema hidráulico muito avançado para a época. Um sistema constituído por açudes, levadas, azenha, pontes, que para além da gestão da água que permitia, possibilitava que o mesmo fosse utilizado comunitariamente e assim, houvesse uma relação de respeito entre os diversos emprazadores, que chegaram a ser mais do que um, ao mesmo tempo, neste casal. Por exemplo, em 1504 o Casal do Frade encontrava-se emprazado a Martim Eanes ¼ e ¾ a Afonso Fernandes, João Fernandes e Diogo Fernandes.
Foram estes emprazamentos partilhados que levaram ao uso dos recursos hídricos, mais propriamente o Ribeiro das Balsas, com horário estipulado conforme o emprazador que estava a usá-lo, o que levou, também, ao parcelamento destas propriedades que chegaram aos nossos dias com diversos proprietários.
Autoria do texto: Rita Inácio
O local
No local poderão vislumbrar o açude que permitia o armazenamento de água para ser utilizada na rega das hortas em redor, com os vestígios das duas comportas que permitiam o controlo do caudal e do local onde estaria instalado um relógio de sol para cronometrar o tempo das regas.
Existia também uma pequena levada que levava água para o funcionamento do moinho que se encontra a, sensivelmente, cem metros deste local.
O container é small e permite a troca de objectos. Para aceder ao logbook terão que fazer uma pequena brincadeira.
Levem caneta. Espero que gostem.