O culto aos mortos é tão antigo como a própria humanidade. O Homem tornou-se Homem quando começou a sepultar os antepassados, e fê-lo de forma mais permanente possível. Os achados arqueológicos mais antigos são necrópoles, grutas artificiais onde eram depositados corpos. As grandes maravilhas arquitectónicas humanas são dedicadas à memória de ente-queridos, desde as pirâmides, onde o corpo do faraó-deus era enterrado, até ao mausoléu de Taj Mahal, dedicado à mulher amada.
O cemitério do Alto de São João foi construído nos inícios do século XIX, ocupando a Quinta dos Apóstolos. Inicialmente ajardinado, está arborizado com ciprestes, eucaliptos, robínias, alfarrobeiras, jacarandás, entre muitas outras. Encontram-se aqui um notável conjunto de arquitectura funerária, muitos deles em estilo neomanuelino, onde estão sepultadas algumas das personalidades que fizeram história do país nos últimos duzentos anos. Trata-se uma verdadeira cidade, com casas (com número) e ruas. A principal, rua 1, é a que começa na entrada sendo cortada por outras perpendicularmente.
Logo junto à entrada, encontram-se dois dos exemplares mais notáveis: o mausoléu da Misericórdia de Lisboa em estilo neomanuelino (esquerda), e do visconde de Valmor de linhas neo-românicas. Na rua nº 1 encontram-se as sepulturas de várias figuras do movimento republicano: Machado dos Santos, Cândido dos Reis, Miguel Bombarda e José Elias Garcia. Interessante ver todos os símbolos maçónicos nestas sepulturas. No número 317 encontra-se sepultado Eça de Queirós. Na metade direita do cemitério, no meio da rua nº 5 merece destaque o imponente jazigo neogótico da família Igreja.
Na rua nº 9, no número 4251, está sepultado Manuel Buiça, um dos regicidas do Rei D. Carlos e do príncipe D. Luís, cujo enterro, evidenciando o apoio popular à causa republicana, foi quase tão concorrido como o do próprio monarca. Do lado esquerdo do cemitério encontra-se a cripta dos combatentes, monumento aos combatentes na grande guerra de 1914/18.
Em 2005, o cemitério recebeu os restos mortais de Álvaro Cunhal, político fundador do Partido Comunista Português.
Este cemitério é também conhecido como Oriental, em oposição ao cemitério dos Prazeres, ou Ocidental. Ambos foram criados em 1833, na sequência da epidemia de cólera que assolou Lisboa, o que obrigou à proibição dos enterramentos nos espaços religiosos.
NOTAS:
- É proibido tirar fotografias dos jazidos sem as permissões necessárias.
- A cache encontra-se junto ao Talhão Privativo dos Combatentes. O sinal é fraco, mas o hint e o spoiler devem ser suficientes para encontrar a cache sem perturbar o meio envolvente. As coordenadas têm 1m de erro.