Lenda do Penedo do Castelo
O povo antigo de S. Julião de Passos (outrora S. Julião de
Palácios), conservou umas lendas sobre a fortaleza militar, que
eles apelidavam de Castelo dos Mouros, as quais ocasionaram a que o
Padre Mário César Marques descobrisse a História da freguesia, que
publicou, em 1964, no Boletim Cultural de Etnografia e História, de
nome "O Distrito de Braga", onde anunciava ter encontrado o local
do Castelo da Pena ou de Penafiel de Bastuço, que os investigadores
procuravam desde longa data.
O mais interessante é que o povo acreditava piamente nestas lendas,
como se de um dogma se tratasse, e as contavam nos seus
serões.
Conta a lenda que os mouros eram constituídos de grande força
muscular. Eram tão maus que todos aqueles que se aproximassem ou
tentassem tomar o castelo, tinham como castigo serem metidos dentro
de um pipo, tampado, carregado de grandes pregos, cravados com a
ponta voltada para o interior do pipo, e lançados a rolar pelo
monte abaixo, morrendo no sopé do monte, esvaídos em sangue, dentro
dos pipos.
Os mouros possuíam grande riqueza em ouro. Como o ouro não cabia
todo debaixo do penedo do castelo, esconderam-no também debaixo do
chão, em sítios bem dissimulados, e lá diz o ditado popular:
"Entre o Castelo e o Mirão, trinta pipas de ouro
hão".
Para além de maus e de grande força muscular, os mouros eram
versados em artes mágicas.
Assim, mesmo que alguém conseguisse aproximar-se do castelo, não
era capaz de entrar. O mistério desvendou-o certo rapaz, guardador
de gado. Certo dia, este rapaz, sorrateiramente foi espiar o
castelo, protegido por uns arbustos. Reparou então que os mouros,
para abrirem as portas, usavam a técnica mágica das seguintes
palavras: «Abre-te Sésamo!». Pronunciavam esta
fórmula e o penedo abria em dois, mas fechava-se de seguida depois
de entrarem.
Como os cristãos não podiam vencer os mouros pela força,
lembraram-se de um expediente. Como
existia na freguesia um cabreiro com
grande rebanho, serviram-se deste para a vitória final. Escolheram
então uma noite de Lua Nova, em que as noites são mais escuras,
agarraram tochas aos chifres das cabras e encaminharam-se em
direcção à encosta do monte do castelo, com as cabras bem
espalhadas para mais aparato. A sentinela que aquilo viu, acordou
todos os habitantes do castelo, os quais se atemorizaram,
principalmente quando aquelas luzes desembocaram encosta acima,
concluindo eles tratar-se de um grande exército inimigo, em marcha
para o castelo. Os mouros deram então à debandada, sem se
esquecerem de encantar as riquezas em ouro e sem se esquecerem de
encantar alguns companheiros, para guardarem aquelas riquezas, pois
tencionavam voltar um dia.
A prova mais que provada que há encantamento no penedo do castelo é
que um guardador de gado, encontrou uns figos pretos no cimo do
penedo, sendo ali um lugar onde não há figueiras. Lembrou-se então
de agarrar alguns, metê-los ao bolso e levá-los para casa, para
mostrar aos pais e aos irmãos. Mas quando os tirou do bolso, os
figos tinham-se transformado em ouro, bem amarelinho.
O povo ensina-nos que há apenas dois modos de quebrar o
encantamento do penedo do castelo e sacar de lá todo o ouro
existente:
- Uma maneira é usar o livro de S. Cipriano.
- Outra, é a utilização de rezas apropriadas, por um
padre.
Tal ousadia teve-a um Padre da freguesia de S. Julião de Passos, no
tempo em que os padres usavam tamancos, que, munido de um livro de
rezas e acompanhado de meia dúzia de paroquianos, dos mais
destemidos, resolveu abrir o penedo.
Só que o Padre não podia vacilar nem se enganar nas suas rezas. E,
no caso de haver engano, teria de começar a reza desde o princípio,
pois não adiantava nada perder tempo com emendas.
O Padre, revestido de sobrepeliz, vacilar não vacilou, nem se
enganou. Leu, leu, leu... só que, a determinado ponto da leitura,
ouviram-se ruídos como trovões. O Padre, sem se deixar perturbar,
continuou lendo, lendo, lendo, embora os acompanhantes já se
encontrassem aterrados e sem sangue.
Os trovões continuavam e o Padre lia, lia... com paciência e com
firmeza. O pior foi quando, a certo momento, das entranhas do
penedo começaram a sair figuras vermelhas como diabos, armados com
forcados.
Um acompanhante do Padre, sem se saber como, apareceu logo
escarrapachado na escacha de um carvalho. Os outros, incluindo o
padre, deram bem à sola, imediatamente, abandonando o infeliz
colega.
Ainda hoje, junto ao penedo, se batermos com os pés no solo com
força, soa a oco. Do castelo já não há vestígios a não ser umas
escadinhas esculpidas no penedo que se supõe ser da guarita da
sentinela e uns regos vincados na parte superior do penedo que
delimitariam a área edificada do castelo.
A Cache:
O que vos propomos é a busca do tesouro, ou dos tesouros, se tiver
sorte e engenho!!! Deixe o carro no estacionamento e faça uma
caminhada de cerca de 540 metros por um caminho de terra batida
monte adentro. Se for de TT chega muito perto da cache. O GPS
poderá não dar uma precisão exacta dada a forte vegetação no
local.