
A data de nascimento de Gil Vicente não é muito certa, no
entanto pensa-se que a data mais provável para o seu nascimento
tenha sido em 1466, Sabe-se que casou com Branca Bezerra, de quem
nasceram Gaspar Vicente (que morreu em 1519) e Belchior Vicente
(nascido em 1505). Depois de enviuvar, casou com Melícia Rodrigues
de quem teve Paula Vicente (1519-1576), Luís Vicente (que organizou
a compilação das suas obras) e Valéria Borges. Presume-se que tenha
estudado em Salamanca.
O seu primeiro trabalho conhecido, a peça em sayaguês Auto da
Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi
representada nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom
Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João
III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida
da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8 de
Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona
Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.
A obra de Gil Vicente transmite uma visão do mundo que se assemelha
e se posiciona como uma perspectiva pessoal do Platonismo: existem
dois mundos - o Mundo Primeiro, da serenidade e do amor divino, que
leva à paz interior, ao sossego e a uma "resplandecente glória",
como dá conta sua carta a D. João III; e o Mundo Segundo, aquele
que retrata nas suas farsas: um mundo "todo ele falso", cheio de
"canseiras", de desordem sem remédio, "sem firmeza certa". Estes
dois mundos reflectem-se em temas diversos da sua obra: por um
lado, o mundo dos defeitos humanos e das caricaturas, servidos sem
grande preocupação de rigor histórico.
Auto da Barca do
Inferno
Embora o Auto da Barca do Inferno
não integre todos os componentes do processo dramatico, Gil Vicente
consegue tornar o Auto numa peça teatral, dar unidade de acção
através de um unico espaço e de duas personagens fixas " diabo e
anjo".
A peça inicia-se num porto imaginário, onde se encontram as duas
barcas, a Barca do Inferno, cuja tripulação é o Diabo e o seu
Companheiro, e a Barca da Glória, tendo como tripulação um Anjo na
proa.
Apresentam-se a julgamento as seguintes personagens:
- um Fidalgo, D. Anrique;
- um Onzeneiro (homem que vivia de emprestar dinheiro a juros muito
elevados naquela época);
- um Sapateiro de nome Joanantão, que parece ser abastado, talvez
dono de oficina;
- Joane, um Parvo, tolo, vivia simples e inconscientemente;
- um Frade cortesão, Frei Babriel, com a sua "dama" Florença;
- Brízida Vaz, uma alcoviteira;
- um Judeu usurário chamado Semifará;
- um Corregedor e um Procurador, altos funcionários da Justiça;
- um Enforcado;
- quatro Cavaleiros que morreram a combater pela fé.
Cada personagem discute com o
Diabo e com o Anjo para qual das barcas entrará. No final, só os
Quatro Cavaleiros e o Parvo entram na Barca da Glória (embora este
último permaneça toda a acção no cais, numa espécie de Purgatório),
todos os outros rumam ao Inferno. O Parvo fica no cais, o que nos
transmite a ideia de que era uma pessoa bastante simples e humilde,
mas que havia pecado. O principal objectivo pelo qual fica no cais
é para animar a cena e ajudar o Anjo a julgar as restantes
personagens, é como que uma 2ª voz de Gil Vicente.
A presença ou ausência do Parvo no Purgatório aquando do fim da
peça acaba por ser pouco explícita, uma vez que esta acaba com a
entrada dos Cavaleiros na barca do Anjo sem que existissem
quaisquer outros comentários do Anjo ou do Parvo sobre o seu
destino final.
Cache
As coordenadas são da entrada, no
entanto devido à vegetação deverá haver um erro de 5 metros. A
cache encontra-se à esquerda da entrada, junto ao chão. Não existe
acesso definido até à cache, no entanto sugiro deixar o carro no
estacionamento recomendado, passar o ribeiro (que dependendo da
altura do ano poderá ser passado a pé) e subir a encosta, passar
por baixo da ponte e seguir em direcção à cache. Dependendo do
acesso utilizado existe uma grande probabilidade de encontrar lixo
junto à ponte, se não se sentir confortável com isso é melhor fazer
outra cache. Depois de encontrar a cache siga em frente mais 20
metros para ver mais uma interessante formação.
Advertências:
- Em situação alguma tente aceder à cache através da estrada
nacional, é perigosa , muito movimentada e não tem bermas
- Com chuva, o terreno fica muito escorregadio e propício a
quedas
- Não é necessário saltar vedações
- Leve roupa velha, porque certamente se romperá ou ficará
suja
- Leve água e barras energéticas
- Deixe a cache exactamente da mesma forma que a encontrou
Sobre a cache com referência à obra.
"Feito, feito! Bem está! Vai tu muitieramá, e atesa aquele
palanco e despeja aquele banco, pera a gente que virá."
"Vai ou vem! Embarcai prestes! Segundo lá escolhestes,
assi cá vos contentai.
Pois que já a morte passastes, haveis de passar o rio."
"Não se embarca tirania neste batel divinal."
"Não vindes vós de maneira pera entrar neste navio. Essoutro
vai mais vazio: a cadeira entrará e o rabo caberá e todo vosso
senhorio.
Ireis lá mais espaçoso, vós e vossa senhoria, cuidando na tirania
do pobre
povo queixoso. E porque, de generoso, desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis
tanto menos quanto mais fostes fumoso."
"Ó barca, como és ardente! Maldito quem em ti vai!"
"Venha a negra prancha cá! Vamos ver este segredo."