Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas
digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste
mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a
virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não
hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram
merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam
imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os
ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais
impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se
realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e
atingir a crista do sonho, contempla a própria
bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e
hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum
Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se
faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma
grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de
franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de
assombro.
Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o
nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.
Miguel Torga - Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)
Lá muito para traz de Trás-os-Montes
Na terra raiana do sol poente
Guadramil forja o ferro e a gente
Entre o xisto, as sesões e as fontes
Bate a burra caminhos dos horizontes
- Tic-toc! … Tic-toc … em passo dolente
À espera do sol que vem do nascente
E a tocar rebanhos pelos montes
Na comunal vida de cada dia
Olha Riomazanas e suas irmanas
-Terras da calma e da nostalgia!…
E entre os escanos e a casaria
O nevão branqueia as horas serranas
- Mas o sol volta e calda a serrania!…
Campos Almeida
A aldeia de Guadramil:
Guadramil é uma aldeia típica transmontana do distrito de
Bragança, na freguesia de Rio de Onor.
Aldeia comunitária em pleno Parque Natural de Montesinho, mantém
as casas de traça típica e um dialecto praticamente extinto chamado
Guadramilês. É uma aldeia tipicamente portuguesa que se debate com
a falta de população.
Faz fronteira com duas aldeias espanholas, Riomanzanas e Santa
Cruz de Los Cuerragos e com três aldeias portuguesas: Rio de Onor,
Deilão e Petisqueira. O relevo é bastante acidentado.
A vida selvagem é composta essencialmente por corsos, veados,
javalis, raposas, coelhos, lebres, lobos, perdizes, melros,
estorninhos, pintassilgos, lagartos e cobras e outros bichos.
Esta aldeia, foi durante muitos anos, uma aldeia comunitária, onde
os seus habitantes repartiam o moinho, a forja, o rebanho e algumas
tarefas agrícolas.
Neste momento, é habitada por cerca de trinta pessoas todas elas
bastante idosas. Já não existe rebanho, o moinho já não mói, na
forja já não se molda o ferro, os campos estão ao abandono. No
entanto, merece uma visita pois possui um encanto muito especial e
único.
Recomenda-se levar o tempo na bagagem e a máquina fotográfica
ao ombro. Relaxe, inspire, ouça e contemple beleza desta pequena
aldeia e da paisagem envolvente. Irá, com certeza, encontrar vários
habitantes pelas ruas de Guadramil, pessoas marcadas pelo tempo e
pela vida que têm imenso prazer em conversar com os
visitantes.
Não há nada como aproveitar a sua companhia para visitar o moinho,
a forja, o lagar, a eira e todos outros lugares bonitos ouvindo as
suas histórias de tempos esquecidos pelos livros que contam
orgulhosos como se do seu melhor tesouro se tratasse.
Não deixem de reparar nos pormenores… como escreveu Miguel
Torga: “O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam
a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não
hesite.”
A cache:
Trata-se de uma Multi-cache, pelo que não está localizada nas
coordenadas indicadas.
A cache consiste num container cilíndrico de vidro.
Contêm inicialmente:
- Logbook
- Stack note
- Lápis e caneta (não tem afia)
- Alguns items para troca:
Para encontrar a cache:
É necessário ir às coordenadas indicadas e descobrir em que ano
(19XY) foi construída a pequena casa de pedra.
Com estes dados determina-se o Ponto de Passagem 1:
Ponto de Passagem 1=
N41º 54. GUA
W006 34. DRa
No Ponto de Passagem 1 deverão descobrir em que ano foi
construído (19VZ) o Portão côr-de-rosa…
A Cache está na Posição Final:
N41º 54. MiL
W006º 34.SiM
Em que:
G= Y-X+3
U=2+X
A=Y
D=X-2
R=0
a=D
M=7+V2
i=4-Z
L=Z
S=V+V
Sejam discretos e deixem tudo como encontraram, de forma a
prolongar ao máximo a longevidade da cache. E Não se esqueçam de
aproveitar para contemplar a vista sobre o tesouro que é a aldeia
de Guadramil…