MINAS
DE CAMPO JALES
Diz-se que as minas de
Campo de Jales remontam à época pré-romana. No decorrer dos
trabalhos de exploração, foram encontrados diversos objectos da
época romana, tais como, machados de bronze, fivelas de bronze,
lucernas de barro, uma roldana de madeira, um sarilho destinado a
içar do fundo do poço os cestos de minério, um fragmento de casaco,
bem como um colete de couro e um vaso ornamentado, de terra
sigilata com a própria marca do oleiro "JULLUS", proveniente da
oficina de Mantas, meados do século I A.c. Estas peças passaram
para a posse da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar.
Aqui eram extraídos
essencialmente o ouro e a prata. A entrada para a mina era feita
pela estrutura que ainda podemos apreciar e que manobrava dois
elevadores no Poço de Santa Bárbara com 620 metros de profundidade.
Esta estrutura, conhecida localmente como a Torre Eiffel de Jales.
Próximo temos ainda a enorme e muito poluente escombreira, com uma
área de cerca de 8 hectáres, onde foram lançados os estéreis da
mina que se calculam em cerca de 5 milhões de toneladas com uma
elevada acidez, falta de nutrientes e uma elevada toxicidade em
metais pesados e metalóides (arsénio, chumbo, cádmio, zinco e
prata). Estes são alguns dos sinais ainda existentes do que
foi outrora uma das mais importantes estruturas mineiras de
Portugal.
Naqueles tempos a
extracção do minério era feita manualmente, quer nos poços a céu
aberto quer nas galerias que atingem as jazidas mais profundas. Na
época as galerias de Campo de Jales eram abertas rebentando a rocha
dura aquecendo-a e arrefecendo-a bruscamente com água e vinagre e
ainda com a ajuda de cunhas de madeira. A média de produção rondava
os 25 Kg por mês, nos últimos dois meses de actividade a produção
chegou aos 35 Kg. Além do ouro também se extraiam outros metais,
tais como, Prata, Chumbo e Enxonfre. A extracção no momento do
encerramento atingia os 720 metros de profundidade, em 16
pisos.
O carácter altamente
poluidor da extracção destes minérios teve o seu lado negativo, com
as inúmeras mortes causadas pelo trabalho nas minas e pelos
contaminantes que os afectavam de forma irremediável. É o lado
triste e de muito sofrimento de quem ganhava a vida nestas minas e
cujos resíduos continuam a afectar a zona que foi alvo de um projecto de requalificação
ambiental em 2006. Trata-se de um dos maiores pontos de poluição do
ambiente de Trás-os-Montes, com efeitos nocivos nas populações e na
fauna, flora e recursos hídricos. A intervenção passou pelo controlo e
monitorização de efluentes saídos das escombreiras, bem como a
construção de bacias em betão armado para a recepção dos mesmos,
afim de serem tratados. A finalidade destes autênticos depósitos
destina-se a evitar a dispersão dos corrimentos das escombreiras
dado que os resíduos líquidos da escombreira contaminavam terrenos,
ribeiros e rios. O Tinhela foi o mais atingido e até no rio Douro
foi detectada poluição oriunda das minas de Jales.
As minas foram
desactivadas em 1992 derivado à descida da cotação do ouro, da sua
baixa produtividade e da degradação dos equipamentos.
ATENÇÃO
Pedimos que voltem
a colocar a Cache no sítio e da forma como a encontraram.