Tendo Loures um solo tão fértil, não é de estranhar que os romanos tenham forçado algumas tribos locais a cultivá-lo. Depois dos romanos, aqui se teriam instalado os visigodos, um dos primeiros povos bárbaros a romper as barreiras que defendiam o Império Romano e a instalar-se dentro dos seus territórios. Após estes, no século VIII, chegaram os árabes. O Rei D. Sancho I, em 1178, verificando que os mouros de Lisboa submetidos ao domínio cristão por el-rei D. Afonso Henriques em 1147, se aliavam com os das cercanias, entre os quais, os de Loures, veio combatê-los aos locais onde residiam, com o auxílio dos Templários. Em recompensa dos serviços prestados, essas terras foram entregues à referida Ordem, e aqui estabeleceram os monges-guerreiros, em 1178, o seu vigésimo oitavo mestrado.
As ordens religioso-militares eram instituições fundadas com o objectivo de auxiliar os peregrinos que se deslocavam aos “lugares santos” e também combater os “infiéis”, tanto no Oriente como no Ocidente. Daí que na Península Ibérica se tenham criado duas com grande implantação em Portugal – a de Calatrava ou de Avis e a de Santiago de Espada. No Oriente já tinham surgido os Hospitalários e os Templários. A Ordem destes últimos foi fundada na Terra Santa, no ano de 1119 e teve a sua primeira sede no edifício próximo do Templo de Salomão em Jerusalém, daí que fossem conhecidos por freires do templo ou templários. Com o tempo espalharam-se por todo o mundo cristão e graças às doações que os monarcas lhes faziam, em recompensa da sua participação nas lutas, tornaram-se tão ricos e poderosos que chegaram a ser uma ameaça para o poder real.
Pelo menos assim o entendeu o Rei de França, Filipe, o Belo, que tudo fez junto da Cúria Romana para que esta Ordem fosse extinta, o que de facto aconteceu em 1311. O Papa entendia que os bens destes monges eram propriedade da Igreja, e sendo assim, Portugal e todos os países onde eles os possuíssem, seriam altamente lesados. O Rei D. Dinis, que a esse tempo reinava, acrescentando às suas reconhecidas capacidades de bom administrador, grandes dotes de diplomata, encontrou uma forma airosa de impedir a saída desses bens, sem entrar em conflito com o Papado. Propôs a este a criação de uma nova Ordem em Portugal, à qual fossem entregues todos os bens dos Templários. A proposta foi aceite e assim nasceu a Ordem de Cristo, que passou a ser proprietária das terras de Loures. Não se estranhe, portanto, que no Séc. XIV se passe a falar desta, deixando de fazer referência à anterior. Não esqueçamos contudo, que foram os primeiros que edificaram a Igreja sobre as ruínas de outra, que dataria do Séc.IV d.c., erguida junto ao cemitério pelos cristãos, e que ainda devia existir quando se verificou a invasão árabe, como se poderá confirmar pelas pequenas escavações junto à torre da igreja.
Uma das obrigações assumidas pelos Templários era a reedificação de Igrejas cristãs, em locais onde se provasse que tinham existido. Isto vem reforçar a ideia da existência de um templo naquele local, anterior ao Séc. XII. Junto à igreja construíram também casas destinadas a cartório e moradias para os sacerdotes. Este lugar de culto sofreu várias reedificações, sendo a primeira a construção da nova torre, iniciada em 1620 e prevendo já a ampliação do templo, cujas obras começaram em 1695 e terminaram em 1781. As receitas obtiveram-se dos dízimos da comenda de Cristo e das dádivas do povo da freguesia. É esse templo que o convidamos a observar connosco.
O exterior é simples e não revela a estrutura interior. A porta principal está ladeada por duas estreitas pilastras e encimada por um frontão triangular. Sobre este, rasga-se uma grande janela e de cada lado, uma fresta de altura um pouco inferior. No vértice, sobre a janela, um pequeno óculo. Todas estas aberturas estão emolduradas com pedra lióz. Rematam os dois beirais da cimalha, graciosos coruchéus.
Um pouco recuada e do lado esquerdo, ergue-se a torre de base quadrada, elevando-se bastante acima do corpo da Igreja e tendo no andar superior quatro seteiras, abertas nas quatro faces, para os sinos.
O interior é de três naves, e riqueza decorativa de toda a igreja é notável, acentuando-se na capela mor. O retábulo de talha dourada sobe até à cornija, ocupando toda a largura da cabeceira. Alguns pormenores de grande beleza, chamam a atenção do observador – o sacrário esférico, as colunas torsas e os atlantes que servem de mísulas. O revestimento da superfície inferior das paredes é feito com mármores embutidos, de várias cores, de belo efeito decorativo, obra executada pelo Manuel Francisco Botelho em 1760. Dignos de menção ainda, dois altares colaterais, anteriores à reconstrução e nos quais se conservam pinturas em madeira, de princípios do Séc. XVII, recentemente restauradas no Instituto José Figueiredo.
No adro erguia-se até ao ano de 2009, um antigo cruzeiro, então restaurado e classificado como monumento nacional. Foi roubado. Mas entretanto, e felizmente, já em 2014 foi feita uma bela cópia e recolocada no local. Está bonito!
A Casa do Adro é um edifício seiscentista de linhas simples. Possui um pátio com nora, uma sala no piso nobre com tecto em caixotões e um pequeno terraço com umas lindíssimas colunas de mármore quinhentistas. A casa do Adro é muito utilizada para exposições de arte.
Fonte: Junta Freguesia de Loures

Foto por Makoshark2

Foto JF Loures Foto por play mobil

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Note to Non-Portuguese speaking geocachers:
No english description is needed to find the cache. Is just a church, a yellow and beautiful one, but just a church. Enjoy.