Moinho de Sula
Um pouco de
história
Este local emblemático da Serra do Buçaco,
serviu de posto de comando ao General Craufurd
na Batalha do Buçaco, em Setembro de 1810.
Moinho de Sula há cerca
de 100 anos atrás.
As tropas francesas, comandadas pelo
Marechal Messena que marchavam em direcção à capital, encontraram
grande resistência por parte das tropas anglo-lusas, com uma forte
linha defensiva na Serra do Buçaco, organizada por
Wellington.
Depois de serem derrotados na
batalha de 27 de Setembro de 2010, os franceses contornaram o
Buçaco por
Boialvo, apanhando de seguida, a antiga estrada real em
Avelãs do Caminho, em direcção a Coimbra. As tropas
anglo-lusas, quando se aperceberam desta manobra, partiram em
debandada para as Linhas de Torres, local onde efectivamente se
conseguiram travar os intentos de Massena.
No local, pode-se encontrar o moinho, com um
aspecto ligeiramente diferente do que se vê na fotografia e os
rochedos que serviram de posto de observação a Craufurd. A
paisagem, segundo as descrições da época, era menos arborizada,
pelo que permitia observar de camarote os movimentos das tropas
francesas.
Ao pesquisar dados para esta cache encontrei
uma passagem de um livro de Júlio Dantas que partilho convosco
(poderão ler o resto neste link):
«Foi então que os
homens de trabalho, sentados com o ferrador debaixo do telheiro,
viram assomar na estrada, subindo pacificamente a encosta, sentado
na alforjada de um jumento, um homem gordo, chambão, risonho como
umas Páscoas, um lenço vermelho atado na cabeça, as pernas
bamboando apertadas numas polainas de saragoça de varas, o capote
pelos ombros, - tão salpicados de farinha, o burro, os alforjes e o
homem, como se viessem debaixo de uma geada de Dezembro. Era o
moleiro de Sula, que trabalhava por conta do convento e que seguia,
com serenidade evangélica, o seu caminho.
- Tio João Rana! - jogou-lhe, à passagem, o ferrador.
- Para onde vai vossemecê?
- Para onde vou? Vou para o moinho.
- Não vá, homem.
- Tenho lá muito trigo para moer. Só se vossemecê quer
que o moinho venha ter comigo.
- Não vá, que vêm aí os franceses.
João Rana parou o burro, piscou os olhos, esfregou o
nariz às costas da mão lanzuda, sacudiu uma risada e perguntou para
a mafra do terreiro:
- Então, onde é que eles vêm?
- Não vê, além, o fumo?
- Vossemecê cuida que eles botam cá ao cimo da
serra?
- São como os milhafres.
- Não têm barbas para isso. A serra é alta, e há por
aí cada S. Judas de cada penedo, que em rebolando pela montanha
abaixo acabam-se os franceses todos. - Querem vossemecês alguma
coisa para o convento? Então, com sua licença, salve-os
Deus.»
In O Moleiro de
Sula, Júlio Dantas (Marcha triunfal, Lisboa,
Bertrand, 1961)
|
A cache
A cache é uma embalagem cilíndrica preta com cerca de 3cm de
diâmetro por 12 de altura. Não está escondida no moínho.
Não se esqueçam de publicar no vosso log fotos neste local.
|