História do Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa
A organização desta empresa foi obra inicial do Dr. Cerqueira Magro, espírito trabalhador e tenaz na realização do que pensa executar.
Por volta de 1900, adquiriu a mata do Seixoso e, aí construiu um sanatório que iria ser parcialmente devorado pelo fogo em 1904. Após a sua reconstrução deu lugar a um prédio com outro fim: uma estância de repouso, hoje habitação sazonal da família, e que se encontra em estado de conservação precária.
Dada a grande afluência de visitantes, e porque os meios de transporte eram raros, Dr. Cerqueira Magro apresentou o plano da criação do Caminho de Ferro a um grupo de proprietários da Penafiel, Lousada, Felgueiras e Lixa, que, se colocaram ao seu lado, desejosos de colaborarem na obra que conduziria aquelas regiões ao grau de prosperidade a que tinham direito pela riqueza natural e densa população mal servidas pelos meios de viação usados até ali. Mas esse privilégio durou apenas oito ou nove anos, pois em 1922 ou 1923, a Joaninha - como chamavam ao Comboio de Penafiel à Lixa - deixou de transitar.
Pode dizer-se abertamente que o Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa se deve ao Dr. Cerqueira Magro, como iniciador da empresa, e aos capitalistas de Penafiel, Lousada, Felgueiras e Lixa, porque forneceram somas valiosas para a realização do seu ideal: a viação acelerada.
Escritura de Constituição de Sociedade da "Companhia do Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e seus estatutos"
Denominação, Fins, Sede e Duração
Artigo 1º - Nos termos da lei e do presente estatuto, constitui-se uma sociedade anónima, de responsabilidade limitada, intitulada "Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa".
Artigo 2º - O seu fim principal é estudar, construir e explorar uma linha férrea, para passageiros e mercadorias, assente no todo ou em parte no leito de estradas existentes entre a cidade de Penafiel e a povoação da Lixa, passando pelas vilas de usada e Felgueiras, em harmonia com o decreto de 21 de Abril de 1906, sobre este assunto.
O Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa, foi inaugurado oficialmente no dia 16 de Fevereiro de 1913, embora a 10 de Novembro de 1912, dia de S. Martinho já circulasse o comboio no troço de Penafiel - Novelas.
Na altura da inauguração oficial, a companhia possuía duas máquinas: a máquina n.º 1, denominada "Penafiel" e a n.º 2 "Lixa". Em Junho de 1913 foram adquiridas duas novas máquinas: a n.º 3 "Lousada" e a n.º 4 "Seixoso". Mais tarde foram adquiridas as máquinas n.º 5 "Felgueiras" e a n.º 6 "Margaride".
O troço Penafiel (Novelas) - Lousada foi inaugurado a 8 de Novembro de 1913.
O troço Lousada - Felgueiras foi inaugurado a 7 de Maio de 1914.
A inauguração do troço Felgueiras - Lixa teve lugar em Setembro de 1914, com muita alegria, e com a presença das bandas de música dos Bombeiros da Lixa e do Regimento de Infantaria 32. Houve missa solene pelo abade de Moure e, fogo pirotécnico, que veio de Viana do Castelo.
O comboio da inauguração chegou à Lixa às 10.15 h e era rebocado pela máquina "Seixoso". Os preços dos bilhetes de ida e volta de Penafiel à Lixa "era de 60 centavos, 50 centavos ou 40 centavos", conforme a classe em que se viajasse.
Com esta inauguração, estavam construídos 33 km de linha, assente no leito das estradas em terra desde a cidade de Penafiel até à povoação da Lixa. A linha de tipo americano, era percorrida em "2 horas no sentido de Penafiel - Lixa" e "em sentido inverso em 1 hora e 50 minutos, por causa das muitas paragens".
Na Lixa a principal estação ficava situada, num local onde hoje existe uma urbanização, logo no início da cidade.
(in "Revista das Vitórias 2001" ou "Revista das Vitórias 2002")