Curso Alto: O rio cobre um
desnível de 453 m nos dez primeiros quilómetros (entre a fonte em
Fuente de García e a foz do seu primeiro grande afluente, o rio da
Hoz Seca).
O rio corre, num primeiro momento, na direcção sul-noroeste,
marcando a linha divisória entre Aragão e Castilla-La Mancha,
através das províncias de Teruel e Cuenca, respectivamente. Entra
depois em Guadalajara e, a uns dez quilómetros da sua fonte, recebe
como afluente direito o rio da Hoz Seca, que é o seu primeiro
grande afluente, que até tem um caudal maior que o próprio
Tejo. Aqui o Tejo já desce a uma altitude de 1.140 m, depois
de vencer pronunciadas pendentes e formar diferentes gargantas,
encravadas em áreas fortemente despovoadas.
O seu caudal volta a aumentar depois com as contribuições dos rios
Cabrillas, Gallo, Bullones e Arandilla, que provêm do Sistema
Ibérico. De todos eles, o mais destacado é o Gallo, que conflui no
Tejo a uma altitude aproximada de 900 m.
Em toda esta zona, o rio atravessa locais de alto valor ecológico,
que se encontram protegidos pela sua inclusão no Parque Natural do
Alto Tejo, constituído em 2000. Este espaço integra uma flora
característica dos pisos bioclimáticos supra e oromediterrâneos. Os
pinhais de Pinus sylvestris, pinheiro-larício e pinheiro-bravo, as
azinheiras, os juniperus e os carvalhos-portugueses são os
elementos de flora principais. Perto de Zaorejas, o Tejo gira
bruscamente e toma o rumo oeste. Deixa à sua direita a aldeia de
Ocentejo, onde volta a mudar de sentido, desta vez para sudoeste.
Segue para Valtablado del Río e Trillo, cuja central nuclear
utiliza a água do rio como sistema de refrigeração, através do
pântano de La Ermita. Nesta altura, junta-se-lhe o rio Cifuentes e,
mais adiante, o Ablanquejo.
Antes de abandonar a província de Guadalajara, o Tejo é retido em
cinco grandes barragens. As mais importantes são as de Entrepeñas,
nas zonas de Sacedón e Auñón, e a de Buendía, cujas maiores
contribuições provêm do rio Guadiela, o último dos grandes
afluentes que procedem do Sistema Ibérico. Neste ponto, o rio
desceu já para uma cota ligeiramente superior aos 600 m.
Mais à frente volta a ter barragens: a barragem de Bolarque,
situada em Almonacid de Zorita e Pastrana, e a de Zorita, em cujas
margens foi construída a central nuclear do mesmo nome, que foi
fechada em 2006. No município de Zorita de los Canes, rodeia os
restos arqueológicos da cidade visigótica de Recópolis.
O Tejo deixa Guadalajara formando um nova albufeira, a de
Estremera, que toma o nome da aldeia madrilena de Estremera.
Curso Médio-Alto: O Tejo
entra na Comunidade de Madrid através do seu extremo sudoeste, pela
comarca histórica da Cuesta de las Encomiendas. Passa em
Fuentidueña de Tajo, onde se localiza o Remanso de la Tejera, a uma
altitude de cerca de 500 m, e de Villamanrique de Tajo.
Depois de ser retido por nova barragem, a de Valdajos, entra no
município de Aranjuez, a primeira localidade de importância que
banha, onde passa ao lado do Palácio Real.
Nesta povoação forma a albufeira do Embocador, feita no século XVI
e remodelada no século XVIII para garantir o abastecimento de água
à agricultura circundante. O seu curso é regulado mediante uma
série de canais artificiais, utilizados como sistemas de rega e
ornamentação dos Jardins de Aranjuez.
Dentro deste município, recebe pela direita o rio Jarama, o
primeiro dos afluentes procedentes do Sistema Central e um dos mais
importantes de todo o seu curso.
Esta corrente fluvial traz-lhe, além do seu caudal natural, as
águas residuais vertidas pelas diferentes povoações integradas na
área metropolitana de Madrid, destacando-se a própria capital e as
cidades do chamado Corredor del Henares. Estas chegam ao rio
Jarama, através do Manzanares e do Henares, respectivamente.
Em Aranjuez também tem como tributário o rio Algodor, que chega
pela margem esquerda, desde os Montes de Toledo. A altitude neste
troço é inferior aos 500 m.
Continua com rumo sudoeste marcando a fronteira entre Madrid e
Toledo, para entrar definitivamente nesta última. Depois de passar
no município de Añover de Tajo, chega a Toledo, a única capital de
província espanhola por onde passa, a qual rodeia com meandros.
Atravessa em Toledo as pontes monumentais de Alcántara e de San
Martín.
À saída de Toledo, gira para oeste e recolhe pela esquerda o arroio
Guajaraz, perto de Guadamur, e pela direita o rio Guadarrama, junto
a Albarreal de Tajo, a una altitude de cerca de 450 m. Antes de
chegar a La Puebla de Montalbán, é detido pela barragem de
Castrejón.
Em El Carpio de Tajo, inclina levemente para noroeste, direcção que
mantêm ao passar perto de Malpica de Tajo. Encaminha-se para
Talavera de la Reina e, no local conhecido como Las Vegas de San
Antonio, junta-se-lhe pela direita o rio Alberche, que nasce na
Sierra de Gredos.
Além do Jarama, Algodor, Guadarrama e Alberche, o Tejo vê
incrementado o caudal com outros afluentes mais pequenos, como o
Gévalo, o Cedena, o Sangrera e o Pusa.
A partir de Talavera de la Reina, o rio toma o rumo sudoeste. Forma
a albufeira de Azután, situada no município de Azután, onde volta a
mudar de sentido, desta vez para oeste.
O rio sai da província de Toledo por Alcolea de Tajo e El Puente
del Arzobispo, onde é atravessado por uma ponte monumental de oito
arcos, construída em estilo gótico.
Neste ponto, o Tejo desceu uma altura de 320 m.
Curso Médio-Baixo: O Tejo
entra na Extremadura pela província de Cáceres, onde forma depois a
albufeira de Valdecañas, uma das de maior superfície da sua bacia,
com 7.300 hectares.
O lago, junto de Valdecañas de Tajo banha parte da comarca de Los
Ibores, que se situa na margem do rio Ibor, afluente do Tejo
(margem esquerda), ao qual tributa através da citada albufeira,
perto de Mesas de Ibor e de Bohonal de Ibor.
Atravessa depois a A-5 (Auto-estrada da Extremadura) e passa junto
de Almaraz. Aqui a água é utilizada como sistema de refrigeração da
central nuclear homónima, por meio da albufeira de
Arrocampo-Almaraz, construída para tal efeitos.
Volta a ser detido pela barragem de Torrejón, que fica no Parque
Nacional de Monfragüe. Este espaço natural protegido, que ocupa uma
área de 17.852 hectares, integra três ecossistemas principais: o
bosque mediterrâneo, os rochedos e as zonas húmidas, sendo estas
últimas localizadas em redor do rio.
A barragem de Torrejón também inunda parte do curso baixo e a foz
do Tiétar, dando lugar a um pântano adicional que, para se
diferenciar do principal, é conhecido como Torrejón-Tiétar. Este
rio procede da Sierra de Gredos e conflui pela direita no Tejo,
perto de Villarreal de San Carlos, a uma altitude inferior aos 200
m.
A partir desta localidade, o Tejo inclina-se para sudoeste, mas
volta a redireccionar-se para oeste enquanto forma a albufeira da
barragem de Alcántara, uma das obras de infraestrutura hidráulica
mais importantes da bacia.
Pela margem direita deste lago desagua o Alagón, à altura da
localidade de Alcántara, que chega ao Tejo vindo da Sierra de
Herreros, perto de Béjar (Salamanca), com as águas dos rios Arrago
e Jerte, dois dos principais afluentes. Pela ribeira esquerda do
lago, reporta o Almonte, que nasce na Sierra de Guadalupe. Neste
ponto, o rio se encontra a uma altitude ligeiramente superior aos
100 m.
Na confluência do Alagón com o Tejo, fica a cidade de Alcántara,
que dá nome à ponte romana do município. Situada ao pé da barragem
é considerada como uma das obras de engenharia de caminhos mais
relevantes da arte romana. Consta de seis arcos e tem 194 m de
comprimento, 8 de largura e 61 de altura máxima.
Passada Alcántara, junta-se-lhe o rio Salor. O Tejo marca depois a
fronteira entre Espanha e Portugal, num troço caracterizado pela
ausência de núcleos urbanos relevantes, com a excepção de Herrera
de Alcántara e Cedillo, muito próximo da fronteira. Esta última
localidade dá nome à barragem de Cedillo, que o rio forma antes de
deixar definitivamente Espanha.
Na zona fronteiriça, encontra-se com dois novos afluentes, o Erges,
que chega da Sierra de Gata, e o Sever, procedente da Serra de São
Mamede, situada em Portugal. Quando o Tejo entra em Portugal, já
tem um conta abaixo dos 100 m.
Curso Baixo: Vila Velha de
Ródão é a primeira localidade importante que o rio encontra em
Portugal. Passadas as Portas de Ródão, o Tejo inclina-se para
sudoeste e, seguindo esta direcção, encontra a barragem de Fratel,
cuja albufeira, parcialmente, segue paralela à Linha da Beira Baixa
e à auto-estrada A23. Recebe pela direita o rio Ocreza.
A caminho de Belver, é retido na barragem de Belver, ao largo da
qual volta a fluir para oeste. Entra no concelho de Abrantes,
através da freguesía de Alvega. Em Abrantes forma un meandro em
volta da colina sobre a qual se situa esta cidade. Aqui
junta-se-lhe o rio Torto na margem esquerda.
Dirigindo-se para Constância, onde se lhe junta pela margem direita
o Zêzere, que nasce na Serra da Estrela, a formação montanhosa mais
ocidental do Sistema Central. Este rio é o principal afluente do
Tejo no curso baixo, e apresenta numerosas barragens, e constitui
um dos sistemas de retenção mais importantes de toda a bacia
hidrográfica.
Vila Nova da Barquinha é o próximo destino. Aqui bordeja o castelo
medieval de Almourol, um dos monumentos mais relevantes junto ao
rio, e toma outra vez rumo sudoeste, desta vez até à foz.
Passa perto da Chamusca, depois Santarém, um das cidades mais
povoadas no percurso. Próximo da foz, a largura aumenta pouco a
pouco e forma diferentes ilhas sedimentares, entre as quais se
destacam pela dimensão aquelas ao sul de Vila Franca de Xira e de
Alhandra, que precedem o estuário.
Foz: Desagua no Oceano
Atlântico, formando o estuário o chamado Mar da Palha, o mais
importante da Península Ibérica, tanto pelas dimensões como pela
relevância sociodemográfica. Na parte norte, este espaço está
protegido legalmente mediante a Reserva Natural do Estuário do
Tejo, criada em 1916, com uma área de 14.560 hectares.
Aqui se integram zonas húmidas, lodos, salinas, ilhotas e terrenos
agrícolas que, a cada inverno, dão abrigo a cerca de 80.000 aves. A
vila de Alcochete, situada na margem esquerda do estuário, pode ser
considerada como a principal localidade de referência deste espaço
protegido.
O rio prossegue até Lisboa, sob a ponte Vasco da Gama, considerada
a mais comprida da Europa. Tem 17,2 km de comprimento, 10 dos quais
sobre o leito do rio. Liga desde 1998 as cidades de Montijo e
Sacavém, integradas na área metropolitana de Lisboa.
Passada a ponte, surge logo à direita Lisboa. Conforme se aproxima
da capital portuguesa, a largura do estuário vai pouco a pouco
reduzindo-se. Num dos pontos mais estreitos foi construído a Ponte
25 de Abril, que também tem grande interesse arquitectónico e
estrutural. Foi inaugurada em 1966 e tem um comprimento de quase 2
km, ligando Lisboa e Almada.
O rio bordeja a parte oriental e meridional de Lisboa, onde se
encontram diversos monumentos, erigidos praticamente na margem,
como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, ambos de estilo
manuelino, declarados Património da Humanidade.
Regime Hidrológico