A história da Banda

Decorria o ano de 1980
quando foi comunicado à Câmara Municipal de Sernancelhe o interesse
governamental demonstrado no que toca à reconstituição de Bandas
Musicais outrora existentes. A referida instituição, na pessoa do
então Presidente, Prof. Francklin Quintais Silva, iniciou os
contactos necessários, nomeadamente com o Padre Amorim, no sentido
de apurar qual a sua disponibilidade para liderar o processo de
reorganização e reestruturação das extintas Bandas Musicais de
Sernancelhe e Fonte Arcada.
Porém, a alteração nos quadros gerentes da Casa do Povo
de Ferreirim, em 1980, tornou possível, através da intervenção do
Presidente da Câmara, uma reunião nas instalações de Viseu do
INATEL da qual resultou a ideia de criar uma Escola de Música em
Ferreirim.
Apesar de algumas pessoas mais idosas ainda se recordarem
da existência de uma Banda Musical em Fonte Arcada, era em Ferrerim
que estavam reunidas as condições para se materializar a ideia:
capital humano necessário, boas estruturas e a Casa do Povo, que
rapidamente se assumiu como entidade promotora.
Da Escola de Música até à vontade de constituir uma Banda
Musical, foi um passo. Mas as coisas não se processaram de forma
tão linear...
De qualquer forma, vontade e empenho não faltavam. No
início de 1981, após os sempre necessários testes de selecção, a
Escola de Música começou a funcionar com 54 alunos. Os
conhecimentos musicais foram sendo adquiridos ao longo do ano,
faltava a aplicação prática dos mesmos e, como tal, os
instrumentos.
Apelou-se então à solidariedade dos habitantes de
Ferreirim que, conscientes dos benefícios que uma instituição desta
natureza poderia trazer para a sua terra, contribuíram
financeiramente para uma causa que era de todos.
Na tarde de Natal de 1981, fez-se um peditório destinado
à angariação de fundos e houve mesmo pessoas que quiseram oferecer
um instrumento. A onda de solidariedade estava gerada e a população
foi surpreendida com a promessa de estreia no ano seguinte aquando
da Festa de homenagem a Santo Estêvão, Padroeiro da
freguesia.
A Banda avançava a olhos vistos. Os seus membros já
sabiam executar alguns trechos musicais, mas faltava saber marchar,
outro importante passo na evolução de um instrumentista. Como era
de esperar, não foi coisa que se não aprendesse, pois afinal de
contas tratava-se de caminhar ao ritmo da música que se estava a
executar.
Contudo, a estreia aconteceu ainda antes do prometido.
Orgulhosos e algo receosos, os instrumentistas, no dia 10 de Junho
de 1982 (Corpo de Deus), executaram metade de uma marcha de
procissão (Mater Dolorosa) que ficou na memória não só dos
instrumentistas mas de todos os habitantes, que viam o seu empenho
e dedicação reconhecidos.
A primeira deslocação para actuar "fora de casa" foi à
vizinha Vila da Ponte. Como era natural, a incerteza e insegurança
eram os sentimentos que dominavam o grupo, pois afinal era tudo uma
questão de prestígio e vaidade. A táctica já estava combinada, até
porque o "jogo" era a valer. Uma coisa era certa: dada a
insegurança, se alguém se enganasse, o mais provável era que
fizesse enganar os outros. O regente definiu então que, caso se
antevisse que a banda estava "a ir abaixo", levantaria a batuta
para que todos parassem ao mesmo tempo. Assim foi e ninguém deu por
nada.
O dia da prometida estreia chega finalmente: 26 de
Dezembro de 1982. Três marchas de rua ("Aprendiz", "29" e "A Ponte
do Rio Sousa") faziam parte do repertório disponível. No entanto,
toda a gente ficou convencida de que a Banda já "sabia tocar
muito".
O dia 6 de Maio de 1984 foi também histórico, pois foi a
data da estreia da primeira rapsódia intitulada "Alto Minho", em
Fonte Arcada.
Foram estes os primeiros passos de um bebé, hoje já
crescido, que permaneceu no tempo graças a algumas palavras-chave
seguidas por todos os elementos que por lá passaram e deram a sua
contribuição: determinação, coragem, dedicação, orgulho, respeito
e, como não poderia deixar de ser, "amor à camisola".
Tudo começou, como já foi mencionado, em 1981, com a
Escola de Música, frequentada por 54 alunos escolhidos e dirigidos
pelo Padre Amorim. Ainda hoje, ela constitui uma componente
essencial na formação e consequente integração dos instrumentistas
na Banda e assume-se, devido a esse facto, como o seu principal
suporte e garante de sobrevivência. A formação musical assume-se
então como sendo decisiva para a formação integral dos
instrumentistas e a sua posterior integração na Banda constitui o
reconhecimento de todo o esforço desenvolvido na Escola de Música,
que tem como missão elevar e motivar as pessoas ao mesmo tempo que
desperta e desenvolve nelas aptidões e capacidades, educa e delega
responsabilidades.
Até ao ano de 1994, a sede da já então Banda Musical 81,
foi na Casa do Povo de Ferreirim, sendo transferida, a partir
daquela data, para a Junta de Freguesia da mesma localidade que,
deste modo, tem colaborado com esta associação.
Como regentes, já passaram pela Banda Musical 81 nomes
como o Padre Amorim, fundador e grande dinamizador da associação,
ao qual se seguiram Fernando Nogueira, Padre Abel Alves e o Prof.
Carlos Ramos, actual regente.
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