O processo que conduziu à criação da Igreja da Portela é muito semelhante ao que se verificou em Malpique, com a diferença que aqui se construiu um edifício de raiz.
Também na Portela se rezava o terço e se fazia uma procissão em Maio com uma imagem da Senhora de Fátima cedida por empréstimo pela paróquia. Passado esse mês, a imagem voltava à matriz e o povo ficava sem nada a que dirigisse o culto até ao Maio seguinte. O pároco sugeriu então que se construísse uma igreja na Portela e o povo fez da ideia obra.
Organizou-se uma comissão que tratou de arranjar terreno, projecto e dinheiro para erguer a igreja, desdobrando-se em contactos, peditórios e iniciativas várias, com destaque para as récitas, e começaram a ver-se os resultados desse entusiasmo e desse esforço.
A ideia inicial era construir a igreja junto à escola, na parte alta da povoação, e não era mal escolhido o sítio, pois daí a vista é mais abrangente e o templo beneficiaria com essa localização. Mas foi a casa Falcão Themudo que ofereceu o terreno e o que dispunha em melhores condições para o efeito era aquele onde efectivamente a igreja seria construída, umas dezenas de metros mais abaixo. Em contrapartida, o espaço é bastante desafogado a toda a volta do templo.
Contributo importante para esta obra colectiva foi igualmente o dos militares, aquartelados na freguesia, que fizeram as terraplanagens, construíram um muro de suporte e transportaram para o local um considerável volume de terras para elevar o terreno. Militares eram também os engenheiros que acompanharam a obra de construção.
A primeira pedra foi colocada no dia de S. Pedro de 1970 e a igreja seria inaugurada três anos depois pelo bispo da diocese, D. Agostinho de Moura. Aliás, o senhor bispo ficaria um amigo especial da Portela, vindo aqui pelo S. Pedro vários anos a fio. Nessa circunstância celebrava missa, realizando-se um ofertório solene para as despesas da igreja e a procissão pelas ruas da Portela, costumes que ainda hoje se mantêm.
A igreja, projectada pelo arquitecto José Henrique, tem uma estrutura moderna, desenhada de acordo com a nova concepção litúrgica, saída do Concílio Vaticano II, que privilegia a aproximação do sacerdote aos crentes e a apropriação de todo o espaço sagrado pela comunidade dos fiéis. Assim, a igreja não tem capela-mor que, com a nova liturgia, deixou de ser necessária, estando o Santíssimo numa discreta capela lateral. É um templo muito amplo, muito branco e de linhas muito simples, assemelhando-se a uma casa. A casa de Deus, afinal, convém que seja assim, parecida com a dos Homens, para que os Homens a frequentem e nela se sintam bem.
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