Podemos dizer que “cágado” é o nome dado a tartarugas de água doce. Existem várias espécies de cágados espalhados por todo o mundo: continente americano, africano, asiático e europeu.
O cágado divide o seu tempo entre a terra e a água, havendo espécies mais aquáticas e outras preferencialmente terrestres.
Em Portugal, existem duas espécies: o Cágado Mediterrâneo (Mauremys leprosa) e o Cágado de Carapaça Estriada (Emys orbicularis).
Cágado Mediterrâneo
O Cágado Mediterrânico pode ser encontrado na Península Ibérica e Norte de África (Marrocos, Algéria e Tunísia). Uma grande reserva desta espécie é encontrada na Península Ibérica, o que reforça o papel dos portugueses na conservação deste cágado. Em Portugal, algumas populações ficaram isoladas e acabaram por se extinguir. Em Espanha, pensa-se que nos últimos 60 anos, houve um decréscimo de cerca de 30% da população de cágados.
Em Portugal, é sobretudo a Sul que habita o Cágado Mediterrânico, apesar de ocorrer também em todo o interior até Trás-os-Montes. Existem pequenas populações noutros locais, como por exemplo na Reserva Natural de Paul da Arzila, próximo de Coimbra. As zonas húmidas de águas paradas ou de baixa corrente são as suas zonas de eleição. Apesar de a espécie estar em regressão devido à acção do Homem - destruição de habitats e recolha para venda como animal de estimação, acto ilegal - ainda pode ser observada com relativa facilidade nas bacias hidrográficas do Sul do país, mais concretamente no Guadiana e também no Tejo.
Cágado de Carapaça Estriada
O Cágado de Carapaça Estriada tem uma distribuição geográfica muito maior que o Cágado Mediterrânico, sendo observado também na Europa Central (até à Polónia), Norte de África e Ásia Ocidental. A população em Portugal é muito reduzida e encontra-se quase ameaçada em estado selvagem. É considerada 'em perigo'.
Em Portugal a espécie é rara, observando-se indivíduos isoladas ou pequenas populações.
Conservação
As duas espécies de cágados autóctones estão protegidos por lei, não podendo ser mantidos, capturados ou comercializados. Esta medida foi tomada para garantir a sobrevivência das espécies e evitar a redução de exemplares devido à captura para comercialização como animais de estimação. Apesar disso, os cágados já viveram melhores dias e as previsões não são as melhores. A população de cágados tem vindo a diminuir, originando a fragmentação do território e dificultando o encontro e acasalamento entre indivíduos.
Se gosta de répteis. e em particular de cágados, não capture exemplares da natureza. Cada cágado que captura significa menos um cágado a reproduzir-se na natureza, ou seja, muitos exemplares não nascidos. Se encontrar animais feridos ou em zonas fora do habitat natural, entregue o cágado às autoridades para que seja reabilitado e solto no seu habitat natural.
Ameaças
As principais ameaças à sobrevivência dos cágados encontrados em Portugal são:
- a destruição do habitat – alteração e destruição de cursos de água; drenagem de pântanos para exploração agrícola; destruição da vegetação; poluição, etc
- capturas intencionais para comercialização como animal de estimação ou manutenção em cativeiro
- capturas intencionais para venda como iguaria gastronómica
- introdução de espécies exóticas, como a Tartaruga de Faces Rosadas, que compete em termos de território e alimento com as espécies nacionais
- acidente – mortalidade causada por redes de pesca
Alimentação
Os cágados, regra geral, alimentam-se dentro de água. Comem plantas, insectos, peixes, moluscos, e mesmo fruta caídas das árvores.
Reprodução
A fêmea põe à volta de 15 ovos em Maio ou Junho numa cova que escava na terra. Após a postura, a cova é tapada. Os ovos são muito sensíveis, basta virá-lo de posição para matar de imediato o embrião. Em meados de Outubro ou Novembro nascem as crias com mais ou menos 3,5 cm e a carapaça mole.
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