Caminho de Jacinto
Este é o 1º projecto das Caches literárias. Este percurso pedestre é efetuado não pelo caminho turístico do "Caminho de Jacinto", mas pelo Caminho da Pedreda, pois este era o antigo caminho que os locais usavam para virem a pé do cimo da freguesia para os seus fundos, como para apanharem o comboio, para irem à missa, ou mesmo utilizado pelos homens que calcorreavam a freguesia a pé para avisarem a data dos funerais. O percurso pedestre que de acordo com o relato do romance “A Cidade e as Serras”, tem início na Estação de Tormes (Aregos) prolongando-se serra acima por caminhos de natureza passando por Tormes ou Quinta de Vila Nova até à Ermida que se encontra no cimo do Monte, por trás da Quinta.
O “Caminho de Jacinto” colheu inspiração nas veredas que Eça efectivamente subiu ou que as gentes de Vila Nova e arredores faziam para apanhar o comboio. Por isso, é um caminho de ficção, reinventado agora nas variantes da fonte de inspiração original. Pode dizer-se que é também uma metáfora de todo o percurso interior que a personagem Jacinto vai realizando ao longo da novela.
"Vales lindíssimos, carvalheiras e soutos de castanheiros seculares, quedas de água, pomares, flores, tudo há naquele bendito monte. A quinta está situada num alto, num sítio soberbo - que abrange léguas de horizonte, e sempre interessante. (..) Logo adiante da casa, o monte desce até ao Douro, logo por trás da casa, o monte sobe até aos cimos onde há uma ermida."
Eça de Queirós, a Correspondência
A Estação é um dos elementos fundamentais do itinerário, pois é neste cenário que a expectativa urbana se confunde com a rusticidade do lugar, onde a curiosidade sobranceira de Jacinto se verga perante a graciosidade acolhedora da pequena infra-estrutura instalada entre a serra omnipresente e a, agora, calmaria das águas do rio.
"...a pequenina Estação de Tormes, termo ditoso das nosssas povoações. A sineta repicou... E com um belo fumo claro, o comboio desapareceu por trás das fragas altas."
Eça de Queirós, A Cidade e as Serras
Deslumbre-se com os vales fofos de verdura, os bosques quase sacros, os pomares cheirosos em flor, a frescura das águas cantantes, as ermidinhas branqueando nos altos, as rochas musgosas, o ar de uma doçura de paraíso, toda a majestade e toda a lindeza. Deixando resvalar o olhar observe os vales poderosamente cavados (...) os bandos de arvoredos, tão copados e redondos de um verde tão moço e sinta, por todo o lado, o esvoaçar leve dos pássaros.