São Félix da Marinha é uma freguesia litoral situada no extremo sul do distrito do Porto e do Concelho de Vila Nova de Gaia, ao qual pertence, confrontando a norte com Arcozelo, a nascente com Serzedo e Grijó, a sul com Anta, Guetim e Espinho e a poente com o oceano Atlântico.
Apesar de não se saber com rigor a data da sua criação, é bem verdade que a sua história começa a ser referenciada nos séculos XII e XIII, altura em que a igreja desta localidade é referida em diversos documentos como 'igreja de Sanfins de Serzedo', assim como referências à anexação da 'Vila de Brito' ao Couto de Grijó, em 11 de Janeiro de 1139, anexação essa ordenada por D. Afonso Henriques.
Em 1148, encontram-se referências a uma 'estrada Mourisca' que passava pelo lugar de Brito, estrada esta que foi construída no mesmo lugar de uma anterior 'via militar romana'. Em 20 de Janeiro de 1518, o Rei D. Manuel I atribui o foral a Gaia. Nesse documento esta localidade é mencionada com 'Sam Fyz'.
A designação São Félix (em latim Santi Felicis) é uma correcção erudita da forma popular Sanfins, que por sua vez é abreviada de São Fins. Assim, o topónimo São Félix estará intimamente ligado ao nome do padroeiro da freguesia - S. Félix de Gerona (cidade espanhola da Catalunha) que se comemora a 1 de Agosto, o qual seria um cristão negro, presbítero ou diácono do norte de África.
Quanto ao topónimo Marinha, estará relacionado com as palavras salina ou marinha - 'lugar de recolha de água do mar para fabrico de sal'. Em 1860 existiriam na Granja, junto à praia e em terrenos adquiridos por Fructuoso Ayres, pequenas leiras com depósitos de sal. Assim sendo, e salvo melhor explicação, justifica-se desta forma o topónimo São Félix da Marinha.
Ocupando uma área de 8,78 Km2 e uma população a rondar as 12.000 pessoas, a freguesia de São Félix da Marinha poderá ser caracterizada como uma zona que outrora seria essencialmente rural e que hoje vai sendo salpicada por diversos espaços urbanos.
Os seus lugares, a saber: Além do Rio, Brito, Espinho, Forta, Granja de Cima, Juncal, Matosinhos, Mesura, Moinhos, Monte e Praia da Granja, demostram bem essa condição.
Dos lugares acima referidos, o da Praia da Granja é, sem dúvida, o que mais se destaca da história desta freguesia. Os Cónegos Regrantes do Patriarca St. Agostinho do Real Mosteiro de S. Salvador de Grijó (vulgarmente chamados frades Agostinianos ou Crúzios), construíram a chamada Quinta da Granja, mais tarde Quinta dos Ayres e hoje conhecida como Quinta do Bispo, para ali se poderem instalar e, por estarem perto do mar, criarem a sua brévia - 'ir a ares'.
Com a ligação da linha do caminho de ferro entre Sta. Apolónia e as Devesas, em 4 de Julho de 1864, e a construção da estação da Granja, dava-se o primeiro passo para aquela que - 'É a mais graciosa, a mais fresca, a mais asseada das estancias balneares de recreio do nosso país', assim escreveu Ramalho Ortigão no seu folheto 'Praias de Portugal'.
Nos finais do século XIX, os jornais de Lisboa e Porto referiam-se à Granja como sendo uma 'Concha mimosa como a pétala de uma camélia (...) Ninho feito de púrpuras e perfumes', 'a formosa praiasinha e bijou das nossas praias'.
Desde essa altura até à década de 60, pela Granja passaram e veranearam ilustres figuras. Desde El-Rei D. Luís, a Rainha D. Maria Pia e seu filho Infante D. Afonso de Bragança, o Príncipe Real D. Luiz Filipe, Mouzinho de Albuquerque, até ao famoso 'Grupo dos Cinco' - Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, passando por diversas famílias da nobreza do Porto, Lisboa, Santarém e Castelo Branco e até da vizinha Espanha, todos eles vinham ' a banhos à Granja'.
A 19 de Abril de 2001 é aprovada na Assembleia da República a Lei n.º 71/2001 que eleva à categoria de Vila a povoação de S. Félix da Marinha.
