"A localidade de “Detrás do Outeiro “, como aparece referenciada em 1648, deverá o seu nome à sua localização geográfica, podendo o seu nome derivar do Outeiro da Assenta , entre a vila e a aldeia, onde existiu um dos povoados pré-históricos ( do período calcolítico) mais significativos da Estremadura portuguesa. Aliás, vários vestígios dessa época têm sido encontrados, ao longo dos anos, em diversos terrenos da zona.
A zona é pois povoada desde períodos muito recuados e, pelo menos desde o século XVII, a agricultura parece ter sido a actividade principal através da exploração de terras, próprias ou aforadas, na localidade, no Outeiro da Assenta e no de El Rei, no Arelho, no Carregal ( aos moinhos da localidade), no Bairro, em vários casais próximos ( Casal do Reguengo, de São Tiago, da Galiota, da Brogueira,dos Mochos) e mesmo no Vau ( na chamada Poça do Vau), a par da exploração de vários estins
( dezoito em 1764) na denominada Várzea da Rainha.
Tal como no Arelho, produz-se fundamentalmente vinho e cereais (trigo, cevada, milho), existindo, para a transformação destes últimos, um moinho ( hoje em ruinas) em actividade, desde pelo menos o século XVII . O topónimo “ As Eiras”, referido em vários documentos nos séculos XVIII e XIX, aponta também para a produção quer de cereais quer de leguminosas (Chícharos, grão, favas e feijão branco). A produção vinícola parece também justificar a existência de pelo menos um tanoeiro, em meados do século XVII.
Próximo da localidade foi explorada, a partir da década de trinta do século passado uma mina de lenhite ( carvão vegetal) que esteve em funcionamento até há cerca de trinta anos.
Desde sempre, mais afastada da Lagoa que os vizinhos Arelho e Carregal, a aldeia desenvolveu-se em torno de uma rua central que liga o antigo Convento Capucho de São Miguel à Quinta de Trás do Outeiro ( assim referida no século XVII) num dos extremos da localidade e ao largo da Igreja, sendo visível um aumento de população, a partir do século XVIII. Efectivamente, se em 1648 o Livro de Registo de Décimas aponta para a existência de dezanove famílias, em 1764 o número é já de vinte e sete e, menos de dez anos depois, em 1775, são referidas trinta e cinco casas.
A par das pequenas casas térreas é possível encontrar, ao longo da Rua principal, várias casas sobradadas( ou seja de primeiro andar) e com repartimentos ( mais que uma divisão), intercaladas com palheiros e currais e, no principio do século XVII, vários pardieiros ou seja casas em muito mau estado, e um ou outro lagar.
No largo principal da localidade situa-se a pequena capela de Nossa Senhora da Conceição, construção provavelmente dos princípios do século XVIII, a necessitar urgentemente de intervenção. Para além do interessante adro que rodeia a capela, situado num plano mais elevado que a rua, destaca-se a pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, provavelmente do período barroco. Do mesmo período, serão as imagens de Santa Justa e Santa Rufina, provenientes da ermida com o mesmo nome, colocadas em dois nichos abertos do lado esquerdo ( a primeira) e direito da capela-mor, para além do sacrário do altar-mor, em talha dourada.
Antes da localidade, para quem vem de Óbidos, fica a quinta de São Miguel onde, no século XVI , foi construído, por influência do Cardeal D. Henrique que passou pela zona, na sua função de Visitador da paróquia de São Tiago, um pequeno convento capucho. A historiadora Teresa Bettencourt da Câmara descreve-o com sendo uma “ pequena área residencial de dois andares com capela adossada (...) de planta rectangular longitudinal sem comunicação com o exterior, não exibindo assim fachada principal, sem transepto, nem torre sineira”.
No início da centúria seguinte, os frades procuraram, e conseguiram mudar para outro local ( a aldeia das Gaeiras), apresentando como justificação as muitas doenças que, devido à falta de drenagem da Lagoa, a partir de 1590, os atingiam.
Em 1758, sabemos que a Igreja já está em ruínas, restando dela apenas as paredes, tendo chegado até aos nossos dias os cunhais quinhentistas, as cantarias em verga recta das janelas e, ao nível do primeiro andar, um pequeno alpendre . Da unidade agrícola que o convento possuía restou, pelo menos até ao século XIX, o topónimo Convento Velho, referente a propriedades agrícolas e, ainda hoje o topónimo Travessa da Cerca, numa pequena rua transversal à rua Principal e que deverá o seu nome ao muro de construção antiga ( à época designado cerca) que delimita terrenos agrícolas."
In: www.santamaria-obidos.com
A Cache pretende dar a conheçer o Centro e a área envolvente desta belissima mas pouco conhecida Aldeia. Junto da Cache podemos encontrar a capela de Nossa Senhora da Conceição com a sua emblemática Palmeira, 2 dos 6 chafariz da aldeia, o Café do Gaio e a Tasca da Ti'Amalia.
A Cache é Micro e não contém material de escrita