RESTOS DA ARQUEOLOGIA INDUSTRIAL A Fábrica de Fiação e Tecidos de Ermesinde foi mandada construir por Manuel Pinto de Azevedo e Amadeu Vilar nos inícios do séc. XX. A sua estrutura arquitectónica faz lembrar os exemplares da arquitectura industrial do séc. XIX, dada a sua divisão em corpos bem definidos, grande altura e clareamento dos mesmos através de grandes fenestrações. Possuía uma série de benefícios para os trabalhadores: refeitório, cooperativa, padaria etc...
Esta fábrica começou a laborar com 255 trabalhadores (155 homens e 100 mulheres), os quais beneficiavam já então, de um invulgar conjunto de apoios sociais aos trabalhadores, tais como uma cooperativa, uma panificação e uma cantina. Nas décadas de 60 e 70, em plena época de expansão do sector têxtil, esta unidade chegou a dar trabalho a centenas de operários de ambos os sexos. O terreno, hoje praticamente abandonado, já conheceu vários projectos de urbanismo, e até um outro para a construção de uma escola, mas a frontaria, voltada para a Rua Ribeiro Teles, não o permitiu, por o edifício ser classificado como património a preservar. Do outro lado situa-se uma das maiores e mais bem conservadas propriedades agrícolas de Ermesinde, conhecida pela quinta do Ambrósio. Um pouco mais adiante, no lugar de Alpendurada, concentra-se um acampamento cigano. Por ali passa o rio Tinto, que nasce nos Montes da Costa e vai desaguar no rio Douro. Ali existe também uma nascente de água, que alimentava a zona agrícola do centro de Ermesinde, bem como várias minas, uma das quais no Lugar de Chãos, cuja etimologia é terra chã, plana, do latim planu. Segundo Jacinto Soares, os lavradores utilizavam estes mananciais de água para demolhar o linho. Eram os chamados aguadouros, popularmente conhecidos por. Manuel Pinto de Azevedo, (Bonfim, Porto, 27 de Abril de 1874 - 17 de Fevereiro de 1959), foi um industrial e empresário português. Tornou-se um dos grandes nomes da história industrial de Portugal no século XX. Destacou-se também por ter sido grande benemérito do Clube de Desportos Educação Física do Norte, o qual deu seu nome ao seu centro de jogos Biografia Frequentado a Escola Técnica de Faria Guimarães, a partir de 1891, tornando-se operário têxtil em 1894 onde rapidamente ascendeu na profissão, tornando-se em 1900 director da Fábrica de Tecidos do Bonfim. Em 1917 arrenda a Fábrica de Fiação e Tecidos de Soure, adquirindo-a em 1924. Em 1920 adquire a Fábrica de Fiação de Tecidos da Areosa e em 1922 a Empresa Fabril do Norte, na Senhora da Hora, Matosinhos, fundada em 1905 por Delfim Pereira da Costa e que se tornou sob a sua direcção a mais importante fábrica têxtil de todo o país. Em 1928 adquire a Fábrica de Fiação e Tecidos de Ermesinde e a Fábrica de Tecidos Aliança, em Rio Tinto. Adquiriu ainda algumas unidades industriais em Angola e Moçambique bem como importantes plantações de matéria-prima para as suas industrias, nomeadamente algodão. Realizou ainda investimentos em outros sectores industriais como seja criando em 1929 a Continental Sociedade de Conservas, em Matosinhos, investindo, mais tarde, na Companhia Portuguesa do Cobre, com fábrica no Porto, assim como na importante firma portuense António Maria Tavares, Júnior, Lda, e na Sociedade Corticeira Robinson Bros., Lda, de Portalegre. Em 1923 adquiriu a maioria da sociedade detentora do jornal O Primeiro de Janeiro, tornando-se seu presidente do Conselho d Administração até ao seu falecimento. Foi sócio do Banco Borges & Irmão, da companhia de seguros A Mututal do Norte e uma série de outras empresas. Republicano, foi membro da primeira direcção do município do Porto, depois da implementação da República e eleito vereador em 1911, 1914 e 1919. Mesário da Santa Casa da Misericórdia do Porto entre 1926 e 1938 e novamente entre 1941 e 1945. Administrador do Hospital Sanatório Rodrigues Semide. Grande Oficial da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem da Instrução Pública. [editar] Fábrica Os dois edifícios vizinhos que davam apoio à fábrica de tecidos de Manuel Pinto de Azevedo são considerados patrimônio arqutetônico do Porto. Foram mandados construir pelo próprio Manuel, um dos grandes nomes da indústria portuense e dono de inúmeras fábricas. O conjunto arquitectónico composto por estes dois edifícios situa-se na Rua António Carneiro, no Bonfim, cidade do Porto e é valioso para o património arquitectónico e industrial da cidade por ter sido construído no estilo Arte Nova, dotado de linhas curvas e esbeltas, graciosidade e beleza, e decorado com painéis de azulejos. Infelizmente, com o encerramento da fábrica a que dava suporte, o conjunto de edifícios ficou ao abandono, e está hoje muito degradado e a aguardar o merecido restauro. O primeiro edifício data de 1916 e serve como armazém no piso inferior, e como sede do Centro Republicano Democrático, no Bonfim. O seu interior, dada a sua funcionalidade, é dotado de espaços amplos e abertos, com a excepção de duas salas destinadas a serviços de secretaria e casa de banho. O segundo edifício, datado de 1918, serviu de creche, balneário, dormitório e cantina da fábrica. O Arquivo Histórico Municipal do Porto guarda diversa documentação sobre ambos os edifícios, nomeadamente as plantas da construção.
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