Estava-se no início de 1934. Com o mudar do ano, entra em vigor o Estatuto Nacional do Trabalho e os sindicatos livres eram oficialmente proibidos, dando origem a outros, subjugados ao poder corporativo. Por todo o País, os trabalhadores combatem a fascização dos sindicatos e convocam para 18 de Janeiro uma greve geral revolucionária, com o objectivo de derrubar o governo de Salazar.
A 18 de Janeiro, na Marinha Grande, Seixal, Alfeite, Cacilhas e Setúbal as manifestações operárias, foram um pouco violentas, contrariamente ao que sucedeu em Almada, Barreiro, Sines, Silves, onde se registaram greves gerais de caráter pacífico. Registaram-se confrontos armados com forças policiais na Marinha Grande e em Lisboa e foram sabotadas estruturas de transportes, comunicações e de energia entre Coimbra e o Algarve.
Na Marinha Grande, o movimento operário liderado por José Gregório, Teotónio Martins, Manuel Baridó, António Guerra, Pedro Amarante Mendes, Miguel Henrique e Manuel Esteves de Carvalho, atingiu os objectivos da greve geral revolucionária: A então vila foi cercada, os acessos foram cortados e os Correios, a Câmara Municipal e o posto da GNR foram ocupados pelos trabalhadores marinhenses.
A insurreição nacional acaba por falhar, mas na Marinha Grande os operários vidreiros tomaram o poder por algumas horas, pois a repressão esmagaria a revolta. No resto do País, onde se esperavam acções iguais, as manifestações que ocorreram não tiveram a mesma dimensão.

Forças militares na Praça Stephens, centro da Marinha Grande
Derrotado o levantamento operário popular, começaram as perseguições e as capturas aos operários e dirigentes sindicais. Na noite de 18 de janeiro e nos dias seguintes, a GNR fez buscas casa a casa por toda a região incluindo o Pinhal de Leiria.
Os revoltosos da Marinha Grande, pelos alvos que haviam escolhido e pela natureza e gravidade dos seus atos, tornaram-se objeto de um castigo exemplar. A vaga de prisões, o elevado número de condenados e sobretudo a indiscutível dureza das penas acabaram por constituir uma tragédia para o povo da Marinha Grande.
O número de detidos na Marinha Grande terá ascendido, no mínimo, a 131 pessoas:
- 49 detidos - libertados posteriormente ao longo do mês de Janeiro por falta de provas;
- 4 detidos - libertados em meados de Março, atendendo à sua pouca idade e ao tempo de prisão já realizado;
- 45 detidos, processados e condenados pelo Tribunal Militar Especial com penas pesadas - condenados ao desterro, com penas entre 3 e 14 anos de prisão na Fortaleza de São João Baptista em Angra do Heroísmo, e ao pagamento de pesadas multas;
- 33 presos dos quais não se encontrou referência à sua hipotética libertação ou julgamento.

António Guerra. Dirigiu o assalto aos correios. Condenado a 20 anos de desterro. Esteve preso em Angra do Heroísmo e no Forte de Peniche. Morreu no Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, em 28 de Dezembro1948.
Dos 152 presos que a 29 de outubro do mesmo ano foram inaugurar o sinistro Campo da Morte Lenta ou Campo do Tarrafal em Cabo Verde, 57 tinham participado na jornada do 18 de janeiro, e entre os 32 presos que ali morreram, estavam os marinhenses Augusto Costa, assassinado em setembro de 1937, e António Guerra, assassinado em dezembro de 1948. A estas mortes há que acrescentar as de Francisco da Cruz e Manuel Carvalho, a primeira ocorrida na prisão de Angra do Heroísmo e a segunda no Hospital de Leiria, na sequência dos maus-tratos infligidos na altura da prisão.
Esta cache pretende dar a conhecer um pouco do que foi a revolta do movimento operário do 18 de Janeiro de 1934. Com este mesmo objetivo, também existe um video documentário produzido para a Câmara Municipal da Marinha Grande, que se pode ver
aqui
Agradeço a colaboração do Sindicato dos Trabalhadores da Industria Vidreira e da Drª. Catarina Carvalho, do Museu do Vidro, na publicação desta cache
O LOCAL É BASTANTE MOVIMENTADO. TENHAM MUITO CUIDADO COM OS MUGLES.
DEIXEM A CACHE NO MESMO SITIO E BEM CAMUFLADA. NÃO DANIFIQUEM NADA. Contem cachenote e logbook - Levem material de escrita.