A igreja matiz de Vilarandelo, dedicada a São Vicente, é um edifício que se pensa ter erguido no século XVII, ainda que sobre os vestígios de uma outra construção, de época anterior (muito possivelmente de origem medieval) A igreja já deveria existir antes de Vilarandelo ter sido elevada a freguesia. A própria arquitectura da igreja dificulta esta apreciação, uma vez que, totalmente construída em cantaria aparente, se caracteriza por uma enorme depuração. A fachada é aberta pelo portal principal, em arco de volta perfeita, sobrepujado por um óculo. A empena foi interrompida para receber os frisos que servem de base à dupla sineira que termina em empena encimada por cruz de Malta. Este elemento reveste-se de especial importância, uma vez que pode revelar a presença da Ordem na região e a sua ligação à construção da igreja. Acede-se à sineira por uma escadaria lateral, exterior. Em torno do templo encontramos uma série de cruzeiros de granito cujo significado desconhecemos, mas que se encontram, com certeza, associados a um percurso religioso e espiritual como, eventualmente, a evocação da Via Sacra.
O interior contrasta vivamente com a austeridade exterior: a nave e capela-mor são totalmente revestidas por talha dourada proto-barroca, azulejos e pintura, numa obra de arte total à escala regional, que testemunha a importância e a vitalidade deste género de modelos de igrejas forradas a ouro em locais afastados dos grandes centros urbanos, testemunhando, por outro lado, a preocupação de actualização estética por parte dos responsáveis pela encomenda deste interior.
O silhar de azulejo, de padrão polícromo, deve remontar à época da edificação da igreja, muito embora não tenhamos identificado o padrão no corpus da azulejaria de padrão do século XVII. O registo seguinte dos panos murários são totalmente preenchidos por talha dourada que, na nave, enquadra os altares, púlpito e outros "acidentes arquitectónicos" revestindo-os e integrando-os no conjunto. O mesmo acontece no arco triunfal, onde os dois retábulos colaterais se encontram enquadrados pela talha, com aduelas na zona do arco, como se de um ático de retábulo se tratasse.
Na capela-mor, o retábulo de talha dourada e polícroma, ocupa a totalidade da parede testeira, integrando duas portas laterais que correspondem, na zona superior, a duas pinturas. Ao centro, as colunas torsas enquadram os nichos dos santos, prolongando-se nas arquivoltas do retábulo, e definindo uma tribuna com trono piramidal. Nos panos laterais, e sobre os azulejos encontram-se várias pinturas com molduras de talha. Estas, representando cenas da Paixão de Jesus, foram na sua origem executadas a fresco, mas em época posterior sofrem um repinte a óleo.
(Texto retirado de: http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/72769/)