
O Rio Bestança, considerado um dos mais limpos da Europa, nasce nas Portas do Montemuro e atravessa um vale luxuriante que ao longo de milénios a água foi sulcando, rompendo a aspereza da penedia, até encontrar o Rio Douro, em Souto do Rio. Perto de Soutelo, o rio encontra um dos cenários mais fantásticos do vale, quando tem de galgar as Fragas de Penavilheira. A água precipita-se em três cascatas sucessivas, num total de 40 metros, até voltar a encontrar alguma mansidão. No sopé crescem carvalhos alimentados pela água do rio e por levadas que contornam as fragas.

Geraldo Geraldes, mais conhecido como Geraldo Sem Pavor, foi um cavaleiro lendário do século XII que ficou famoso pela sua participação na Reconquista Cristã. Nobre aventureiro, cedo abandonou o norte de Portugal para tentar a sorte nas lutas contra os mouros. Liderou um grupo de salteadores e, aquando da conquista da região do Alentejo por D. Afonso Henriques, ofereceu-se como voluntário para tomar a cidade de Évora. Geraldo Sem Pavor viveu também no Vale do Rio Bestança, mais concretamente na localidade de Chã, onde terá mandado edificar uma célebre torre, rodeada por castanheiros seculares.
Segundo a tradição popular, numa passagem pelo Vale do Rio Bestança, e após um desentendimento com D. Afonso Henriques, Geraldo Sem Pavor terá escapado à disputa refugiando-se nas Fragas da Penavilheira e por lá se manteve até que as divergências foram sanadas.

A CACHE
Para completarem a descoberta desta cache é importante que sigam os pontos adicionais, tendo em conta que eventuais problemas de acessibilidade que poderão surgir. Deverão seguir até Soutelo e poderão estacionar no local recomendado. É importante que estacionem antes de chegarem às ruelas apertadas, onde terão dificuldades em virar o veículo. Deverão depois encontrar o ponto de referência para a descida e continuar pelo caminho até à ponte romana. Um pouco antes de chegarem à ponte (sugere-se a sua visita) deverão seguir por um caminho pela direita que vos levará, pelos terrenos, até perto das fragas. Contudo, antes de lá chegarem é fundamental que mudem de margem, encontrem a levada de água e sigam por ela até à fraga (se não sentirem confiança para continuar sempre pelo trilho, devido a vertigens, sigam por dentro da levada). No inverno, ou em alturas de maior caudal, sendo impossível passar o Rio Bestança em segurança, deverão passar para a outra margem na ponte romana e continuar por aí até às fragas. Em alternativa poderão seguir o percurso PR2 do Vale do Bestança e fazer um pequeno desvio.

A cache está colocada no topo de uma das fragas, defronte das cascatas. Apesar de num primeiro relance parecer inacessível, com alguma destreza é possível chegar lá em cima. Recomendamos que, ao subirem, contornem a fraga pela esquerda. A classificação do terreno desta cache refere-se ao acesso final, que requer muito cuidado e pouca sensibilidade a vertigens, dado que o precipício está próximo. Se não sentirem confiança para o desafio, sem pavor, não arrisquem!
Numa abordagem também radical, recomendamos vivamente que explorem mais a zona, indo nomeadamente até ao patamar do meio do rio, entre as duas cascatas maiores (ver primeira imagem vertical esquerda da listing - a parte inferior é apenas acessível por canyoning) e à fraga que fica na outra margem (lembrem-se que os únicos acessos às fragas se fazem pelas levadas de água e deverão por, já na outra margem, começar por encontrá-la).

Aproveitamos ainda para agradecer a um simpático senhor de Soutelo, proprietário dos terrenos próximos das fragas naquelas encostas, que encontrámos por acaso na aldeia e que nos guiou por bons caminhos para mais esta descoberta. Apesar destas fragas serem publicitadas pelo turismo de Cinfães, de outra forma não seria fácil descobrir a sua localização, assim como descortinar o melhor acesso para lá chegar.
Façam CITO e desfrutem da Natureza e da descoberta!

