O Moinho de Maré Pequeno, assim chamado por ter apenas 3 casais de mós, laborou até ao primeiro quartel do século XX, passando posteriormente a ter utilização de armazém de produtos que ao Barreiro chegavam do Ribatejo através das fragatas. “[…] Um moinho que tem junto a esta Vila detrás de São Roque quando vão para a Recosta o primeiro dos três que estão em carreira o qual moinho tem três engenhos dois alveiros [nos engenhos alveiros ou trigueiros eram utilizadas mós de quartzite ou calcário, própria para se fabricar uma farinha mais alva e mais fina] e o do meio castelhano [nomenclatura que encontramos em muitos dos engenhos dos moinhos do Barreiro. Refere-se às mós negreiras, secundárias ou secundeiras, que moíam os cereais com que se fabricava o pão de «segunda». Estas mós, usadas para uma moagem mais grosseira, eram, em geral, de granito ou de outra pedra granulosa, possivelmente originária de Castela], o qual moinho parte da banda do Norte desta dita vila do Sul com praia e do Nascente parte o dito moinho com a mesma praia e do Poente parte o dito moinho com muros e caldeira do moinho de Manuel da Cunha fidalgo da Casa de El-Rei nosso senhor e parte o dito moinho com todas suas mais verdadeiras confrontações […]
Inventário em 20 de Março de 1652: Três segurelhas com seus três veios, Três tresdados com três cruzetas de bronze, Três engenhos dois deles alveiros e um do meio castelhano E têm as pedras três palmos e meio de altura E outro têm as paredes três palmos.” (ADS, Notarial Barreiro, I/4) Até há pouco tempo, as informações relativas à história do Moinho Pequeno reportavam-se ao último quartel do século XVIII, quando o imóvel entrou na posse dos multi-fundiários Costas, a cujos herdeiros ainda pertence o moinho. Com o avançar da investigação histórica local, novos documentos foram sendo trazidos à luz do dia, sendo possível já hoje perspetivar o historial do Moinho Pequeno com um leque mais abrangente de informes que, se não nos datam a sua edificação, situam-no, pelo menos, em meados do século XVII. Tentou-se assim reunir (quase) todas as informações disponíveis para traçar uma cronologia histórica o mais rigorosa possível sobre este moinho, o qual, de todos os que se encontram dentro do Conselho do Barreiro, apresenta hoje um caráter mais urbano, tendo mesmo já sido aventada a hipóteses da sua futura recuperação pela atual proprietária, Drª. Maria Alice Costa de Araújo Faria e Castro, conjuntamente com a Autarquia. CRONOLOGIA HISTÓRICA 1652, Março, 20 – Arrendamento de um moinho de maré de três engenhos por três anos que fez D. Antónia de Morais a João Carvalho. 1728, Agosto, 16 – Aforamento que fez Vasco Nabo Salter de Mendonça, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Executor-Mor, e sua mulher, D. Joana Leocádia Pimentel de Souto Maior, moradores na capital, a José Rodrigues da Cruz, cirurgião e morador na Aldeia de Paio Pires, do Moinho de São Roque do Barreiro [nome pelo qual o Moinho Pequeno era conhecido nesta data]. 1732, Fevereiro, 9 – Reconhecimento feito por José Rodrigues da Cruz do pagamento de 12 alqueires de trigo à Comenda da Vila do Barreiro, pelo Moinho de São Roque que trazia aforado de Vasco Salter de Mendonça. 1740, Setembro, 13 – Venda, quitação e obrigação do moinho de maré de São Roque, pelo Padre Fernando António da Cruz, Presbítero do Hábito de São Pedro, morador na Aldeia de Paio Pires, a Bento Veloso Carmo, homem de negócios de Lisboa; o primeiro disse ser filho mais velho e sucessor de José Rodrigues da Cruz, o qual aforou a Vasco Nabo Salter Mendonça. 1741, Março, 18 – Bento Veloso do Carmo, mercador de farinhas da Corte, residente na cidade de Lisboa, senhor do Moinho de Maré Pequeno, solicitou a provisão de confirmação de aforamento de um terreno baldio junto ao seu moinho, para alargar a caldeira, que pagava à Câmara Municipal o foro de $520 réis por ano. O baldio voltou novamente à praça pública e, como não houvesse quem mais lançasse por ele de foro, recebeu a mercê régia confirmativa do aforamento da Câmara. 1746, Dezembro, 20 – Escritura de reconhecimento de conhecença e obrigação feita por António Lopes da Costa, Cavaleiro Fidalgo da Casa de Sua Majestade, Contador do Mestrado da Ordem de Santiago nestes Reinos e Senhorios de Portugal e dos Algarves, como procurador de D. Ana Tereza de Jesus, viúva de Bento Veloso do Carmo. 1747, Março, 20 – Confirmação do reconhecimento e conhecença de 24 alqueires de trigo de que D. Ana Tereza de Jesus, seus herdeiros e sucessores são obrigados a pagar à Comenda da Vila do Barreiro pelo seu moinho de maré. 1801, Setembro, 5 – Escritura de venda, quitação da parte do preço e obrigação, entre o Doutor Jacinto Veloso Carmo e Luís da Costa, residente na Vila do Barreiro. 1833, Março, 27 – Escritura de arrendamento, por um ano, e obrigação entre José Pedro da Costa a eu filho, António Maria Cardoso da Costa, moradores no Barreiro. Arrendava-o por 12$000 réis mensais. 1842, Dezembro, 9 – Arrendamento que faz José Pedro da Costa do Moinho Pequeno, por três anos, a José Francisco da Costa, pela renda mensal de 9$600 réis. 1846, Janeiro, 27 – Arrendamento do Moinho Pequeno, entre José Pedro da Costa e José Francisco da Costa, pelo tempo de um ano, pagando o último a quantia de 9$600 réis mensais. 1861, Dezembro, 5 – D. Gertrudes Maria do Rosário Costa, viúva de José Pedro da Costa, nomeou por parte do pagamento da sua legítima paterna o domínio útil de um prazo que consta de um moinho de 3 engenhos, caldeira anexa e monchões, situado na praia da Recosta. 1933, Março, 12 – Queixa de alguns moradores ao jornal “A Voz do Barreiro” para que fosse chamada a atenção de quem de direito para o facto de, naquele local, ser despejado o lixo apanhado pelas ruas do Barreiro, criando assim um perigoso foco de infeção. Informação retirada de Um Olhar Sobre o Barreiro – Número Especial: História dos Moinhos do Barreiro, Nº2, III Série, Novembro de 1993.
Desde já agradeço a colaboração do geocacher BrázioScout23.
A CACHE NÃO TEM MATERIAL DE ESCRITA! Atenção aos Muggles!
Divirtam-se :)
Fonte: http://diogenesdobarreiro.blogspot.pt/2014/06/requalifiquem-alburrica-e-o.html