A Linha do Alentejo é uma ligação ferroviária entre as localidades do Barreiro e Funcheira, em Portugal. É a sucessora do Caminho de Ferro do Sul, cujo primeiro troço, entre o Barreiro e Bombel, entrou ao serviço em 15 de Junho de 1857 , tendo sido concluído com a inauguração da linha até Faro, em 1 de Julho de 1889. Em 1902, este troço, com as então planeadas extensões até Vila Real de Santo António e Cacilhas, já era conhecido como Linha do Sul. Em 1992, o Decreto-Lei 140 criou a designação oficial de Linha do Alentejo, compreendendo o troço entre o Barreiro e a Funcheira, passando pelo Pinhal Novo e por Vendas Novas.
Ligação a Beja e Évora
O caminho de ferro chegou a Évora em 14 de Setembro de 1863, e ligação a Beja foi estabelecida em 15 de Fevereiro de 1864, passando a linha entre o Barreiro e esta cidade a denominar-se Caminho de Ferro de Beja; a exploração deste novo troço trouxe à sua construtora um elevado rendimento, e, além disso, também foi utilizado no transporte de materiais de Lisboa para Espanha, para a construção de um caminho de ferro.Posteriormente, no entanto, este serviço passou a ser assegurado pela Linha do Leste, depois desta estar concluída.
Em 21 de Abril de 1864, foi assinado um contrato provisório, tendo o governo trespassado a gestão das linhas e do material circulante da antiga Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo para a Companhia do Sueste, por uma soma de 1.008.000$000 réis. Este documento estipulava que, em quatro anos, se devia uniformizar as bitolas de via nos troços entre o Barreiro e Vendas Novas e no Ramal de Setúbal, construir gares marítimas para passageiros e mercadorias em Lisboa e no Barreiro, mais as respectivas embarcações, e gerir os serviços fluviais entre estas localidades, construir uma linha que ligasse Évora à estação do Crato, na Linha do Leste, passando por Estremoz, ligando, assim, por via ferroviária, o Norte e Sul do país, construir uma linha de Beja até à fronteira, na direcção de Sevilha, passando por Quintos e Serpa; em 5 anos, deveria ser completada a ligação entre Beja e o litoral do Algarve, sendo estes projectos financiados por uma subvenção quilométrica de 18.000$000. Em dois anos, a Companhia devia construir uma estação no Pinhal Novo. O projecto do troço entre Évora e a Linha do Leste, em especial, deteve uma maior prioridade, devido ao elevado número de minas e à reduzida quantidade de vias rodoviárias nesta região, além desta ligação possibilitar um contacto directo com Espanha e França. O contrato foi aprovado pelas Cortes em 30 de Abril, e oficializado por uma lei de 23 de Maio, tendo-se tornado efectivo em 11 de Junho. Devido à alteração de bitolas, foi necessário modificar o material circulante que utilizava o antigo formato, que era composto por 6 locomotivas, 18 carruagens (sendo uma o Salão Real), 4 vagões cobertos, 1 vagão para pólvora, 2 carros de freios, 2 carros para cavalos, e 2 guindastes móveis.
A Companhia solicitou, posteriormente, que o sistema de subvenção quilométrica fosse substituído pela garantia de um mínimo quilométrico bruto, pagando, dessa forma, 1.008.000$000, ou seja, o valor das antigas linhas da Companhia ao Sul do Tejo, e devolvendo 1.970.688$000 em subvenções já recebidas; a Companhia prescindiria, igualmente, do direito de receber as futuras subvenções para a construção das linhas projectadas. O estado concordou com estas condições, tendo estabelecido uma garantia, com a duração de 50 anos, do produto bruto quilométrico de 3.000$000 ou 3.600$000, a conceder imediatamente, ou após as linhas estarem construídas; o contrato foi lavrado em 14 de Outubro de 1865 e proposto por uma lei de 7 de Novembro, tendo sido aprovado em 25 de Janeiro do ano seguinte.
No entanto, vários problemas fizeram com que o produto quilométrico não passasse dos 1.600$000, e a Companhia não conseguiu pagar a primeira prestação até ao dia 10 de Maio de 1866, pelo que o contracto foi anulado em 23 de Maio; apelou, então, ao Tribunal Arbitral, segundo as condições do contrato, mas sem sucesso, tendo um decreto de 4 de Abril de 1867 colocado em hasta pública as linhas construídas, e que se encontravam em obras. No entanto, o concurso, realizado em 7 de Outubro, não teve participantes, pelo que foi feito um inventário da Companhia, e o estado tomou posse das linhas, embora a empresa continuasse a sua exploração, conforme estipulado por um decreto de 10 de Março e uma portaria de 24 de Outubro de 1867.
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