Linho
Numa terra com muitas tradições onde o cultivo do linho é uma delas, a casa do lavrador é um local onde se pode viajar no tempo e ver como os nossos antepassados trabalhavam-no. O linho dá-se bem em climas temperados. A planta dura um ano e é semeada logo no início da primavera. Após o período de crescimento, de aproximadamente cem dias, pode-se começar a colheita. De uma maneira geral pode-se dizer que a planta dá-se bem em terrenos silico-argilosos, de solo profundo, de consistências médias, frescas e permeáveis à agua. Como a duração do seu ciclo vegetativo é muito curta, a planta deve absorver rapidamente os elementos minerais: os solos frescos e ricos são-lhe altamente convenientes, e nos terrenos pobres os processos de adubação devem ser cuidadosamente aplicados. A colheita é manual, arrancada pela raiz, a fim de se aproveitar todo o comprimento dos caules, formando-se em mancheias (pequenos molhos) com a parte da semente toda para o mesmo lado. Inicia-se quando o talo está amarelo-maduro, isto é, quando o terço inferior do talo ficou amarelo e ele esta perfeitamente redondo por fora. Na maturação total as sementes alcançam plena maturidade.
O linho é depois sujeito a uma operação que se chama ripagem com o objetivo de separar a baganha (película que envolve algumas sementes). Seguidamente é posta a secar ao Sol para serem extraídas as sementes. Com pancadas verticais, faz-se passar por entre os dentes do ripanço (dispositivo para ripar) o topo das plantas. As cápsulas, bem fechadas e rijas, saltam para o chão. Hoje em dia, existem as máquinas ripadoras, fazendo em parte o trabalho.
As cápsulas são postas 4 a 5 dias ao sol, para amadurecerem e, desta forma saírem as sementes (linhaça), que serão guardadas num saco de panolar”, para o ano seguinte.
- Maceração por orvalho- os talos do linho são espalhados em camada fina em um prado ou campo. O orvalho e a chuva fazem com que se formem cogumelos de tamanho microscópico que irão decompor a cola vegetal. No momento em que se verifica, após acurado o controle, que a cola vegetal foi eliminada em quantidade suficiente, interrompe-se o processo. A maceração por orvalho é o método mais simples; exige todavia grandes áreas. A sua duração depende das condições climáticas, mas em geral é de quatro semanas.
- Maceração com água fria: coloca-se a palha de linho, atada em feixes, em água a fluxo lento ou mesmo parada na sua temperatura natural. Para evitar a força ascensional, colocam-se pesos nos feixes que os conservem sempre debaixo da água. Bactérias de maceração encarregam-se da destruição da cola vegetal. Este processo necessita, conforme a temperatura da água, entre dez a vinte dias.
- Maceração em água quente- também chamada de maceração artificial, em contraste com os dois métodos acima mencionados, é executada em bacias de concreto. Aquece-se a água a 28 a 30 graus, temperatura propícia para o desenvolvimento de bactérias de maceração. A maceração requer severa fiscalização, porque tempo muito longo de maceração pode prejudicar as fibras. Dura, geralmente, cerca de quatro dias
A preparação das fibras do linho para o uso têxtil consiste na separação das fibras lenhosas e das fibras têxteis. Esta operação é feita por processos diferentes conforme as regiões. A separação das fibras dos talos macerados realiza-se em dois processamentos, que na separação mecânica podem ser feitos numa só máquina.
- Na trituração, o lenho é quebrado em pequenos pedaços, “aparas”, mediante a ação perpendicular de uma força sobre o talo. No trabalho manual a trituração era manual, mas modernamente usa-se já uma máquina, o triturador de linho. As aparas , contudo, aderem ainda em grande parte às fibras. À trituração segue-se a espadelagem.
- Na espadelagem, o lenho quebrado é removido mediante ao trabalho de cardagem e batidas, feitas no sentido dos talos. No trabalho manual é feito no espadelador manual e no mecânico mediante a turbina de espadelagem.
Capela Santo António
Em 1617 já existia uma capela dedicada a Santo António que se encontrava em ruínas. Tudo indica que terá sido ampliada e renovada em 1692 (data que se encontra sobre a porta da sacristia). É uma capela que apresenta alguns aspectos maneiristas, a par de elementos decorativos e acrescentos do período barroco. Tem planta longitudinal, com nave única, capela-mor rectangular e sacristia do lado do Evangelho. Na fachada, na zona superior e central da empena, encontra-se uma pequena sineira. Tem coro-alto (aproveitando fragmentos do coro-alto e escada de caracol trazidos da Igreja de S. Pedro de Rates). A decoração interior do período barroco, aproveita elementos de talha dourada de estilo maneirista, nacional e rococó, bem como painéis de azulejos encaixilhados (século XVII e XVIII), também provenientes da Igreja Matriz da freguesia.