''O Caminho-de-Ferro já circulou na Serra dos Candeeiros, vinha da Martingança, passava por Batalha e Porto de Mós, seguindo depois até ao lugar da Bezerra, na freguesia de Serro Ventoso, de onde transportaria o carvão explorado nas minas que ali existiram, juntamente com as das Barrojeiras (Alcanadas).
Era o Caminho-de-ferro Mineiro do Lena, pelos escritos que se consultaram, verificamos que a ideia era prolongar esta linha até ao Entroncamento, ligando assim a Linha do Oeste à do Norte.
Inicialmente o comboio, que vinha da Martingança onde entroncava na Linha do Oeste, terá chegado somente à Batalha, mais propriamente ao sítio do Pinhal Manso - lugarejo situado entre a Vila Facaia e a Jardoeira -, como refere Travaços Santos no número 6 dos seus Cadernos da Vila Heróica, onde se situava a chamada 'Estação Velha'.
Isto nos últimos anos da década de 20 do século passado.Pouco tempo depois o caminho de ferro seguiu em direcção às Cancelas, onde se construiu uma estação - a Estação Nova -, passando pelo vale do ribeiro da Calvaria, dando lugar à abertura dum sexto arco na Ponte do Boitaca.
Das Cancelas avançou-se em direcção a Porto de Mós onde, no lugar da Corredoura, se construiu uma estação e, daqui seguiu para a Bezerra, serpenteando pela 'serra da Pevide' em cujo cume se abriu um extenso túnel, hoje fraccionado em dois. A linha de caminho-de-ferro que ligava as minas da Bezerra a Porto de Mós, apresentava um trajecto irregular que lhe permitia vencer a estrutura da 'serra da pevide'.
O Ramal do Lena - assim se chamava este ramal de caminho de ferro que atravessava os concelhos da Batalha e Porto de Mós -, era constituído por uma única via reduzida, havendo desvios para as Alcanadas e para a central termoeléctrica, em Porto de Mós.
Para além de efectuar o transporte de carvão das minas da Bezerra e Barrojeiras (Alcanadas) e de outras mercadorias, no que foi muito importante para o comércio, indústria e agricultura da área, o comboio transportava passageiros, que faziam o transbordo na Martingança para a Linha do Oeste, em direcção a Lisboa.
O caminho de ferro circulou por aqui, até aos finais da década de 40, deixando de fazer parte da rede ferroviária nacional no ano de 1950, conforme decreto-lei nº. 37822 datado de 16 de Maio de 1950.
O Ramal do Lena só chegaria a Porto de Mós em Setembro de 1930, como se pode ler no artigo enviado à imprensa da época pelo batalhense João Mendonça Santos e publicado nos Cadernos da Vila Heróica, nº. 6, de Travaços Santos, e de que transcrevemos excertos.'Já no próximo dia 11 de Setembro (1930) será aberto à Exploração do Público o caminho de ferro do Lena que, partindo da Martingança, na Linha do Oeste, passa por esta Vila e vai até à Corredoura, em Porto de Mós, numa extensão de vinte e dois quilómetros.
Esta Linha, iniciada pelo importante capitalista Manuel Vicente Ribeiro, a quem a Batalha deve em parte este grande melhoramento, a princípio terminava nesta Vila e era apenas utilizada para transporte de carvão das Minas da 'Mata' e 'Barrojeiras' (Alcanadas), deste Concelho.Depois de ter necessariamente pertencido a nova empresa, passou por fim para a Sociadade 'The Match & Tobacco Timber Suppley Co', com sede em Lisboa, concessionária do Couto Mineiro do Lena, que dominada dum forte sentimento patriótico, conseguiu levá-la até às Minas da Bezerra, no Concelho de Porto de Mós, sendo sua intenção levá-la até às Minas da Bezerra, no Concelho de Porto de Mós, sendo sua intenção prolongá-la até ao entroncamento, ligando-a assim à Linha do Norte.
A chegada a Porto de Mós, ou à Corredoura como melhor acharem, é-nos aqui contada por um dos últimos maquinistas do Mineiro do Lena, Joaquim de Matos Correia, conhecido por Joaquim Catraia, em entrevista conduzida por Ana Maria Narciso, à Rádio D. Fuas, de Porto de Mós, em finais de 2003: 'Quando o caminho de ferro chegou à Corredoura, onde se encontrava muita gente houve festa graúda.
O pároco de São Pedro, Padre Francisco Poças, pôs-se no cabeçote da máquina - a «Maria Alves», a máquina dos avanços da linha -, e pregou um discurso relativo à chegada da linha. 'Na mesma altura chegou o senhor José Miguel Alves com um carro de bois transportando um casco de vinho, de onde toda a gente bebeu.
Da estação da Corredoura, onde se encontra hoje a Ricel, o caminho de ferro continuou a linha para a Bezerra, tendo então feito o túnel na Serra da Pevide. Estiveram dois compressores muito grandes para furar a serra. Foi nessa altura que se criou também o serviço de passageiros.
Da outrora activa linha de caminho de ferro da Bezerra, que ligava as minas a Porto de Mós restam agora alguns trilhos, rodeados por uma interessante paisagem natural.''
''O antigo caminho de ferro, principal meio de transporte do carvão das minas da Bezerra para a Central Termoelétrica, foi transformado em percurso pedestre e encontra-se agora remodelado, tornando-se numa moderna ecopista que permite realizar caminhadas, a pé ou de bicicleta.
Reunindo um vasto conjunto de mais valias, aqui pode praticar desporto, apreciar a paisagem serrana, de tal modo deslumbrante, que foi necessário criar estações observatórias, aqui e ali, ao longo do percurso para poder observá-la na sua plenitude, parque de merendas, zonas de descanso e miradouros.
O percurso desenvolve-se, essencialmente, ao longo da antiga linha de caminho de ferro, atual Ecopista, que fazia o transporte de carvão das minas da Bezerra para Porto de Mós. É uma caminhada rica em termos de beleza paisagística, faunística e floral. A certa altura a paisagem muda e o trilho é feito por entre paredes de pedra, cortada propositadamente para permitir a passagem da linha de ferro, até ao antigo túnel.
No topo norte da serra, junto aos moinhos, existe um parque de merendas, onde pode aproveitar para descansar e repor energias antes do trajecto final.''
As cache contém apenas o logbook e não tem material de escrita e está colocada numa parte do PR7 (PMS) Ecopista, incluida no PT Memórias do Carvão.
Tipo de percurso: Linear
Extensão aproximada: 4,5 KM (Da primeira à última cache)
Duração aproximada: 2 a 3 Horas
Ponto de partida: Campo de futebol da Bezerra
Ponto de chegada: Campo de futebol da Bezerra (Serro Ventoso)
Tipo de piso: caminhos de pé posto, estrada de terra batida.
Grau de dificuldade: médio
O percurso só pode ser feito a pé ou de bicicleta, são proíbidos veículos motorizados na Ecopista, aconselha se o uso de calçado, roupa adequada e água para a caminhada ou passeio de bicicleta.
Fonte: http://www.freguesia-serroventoso.pt e http://www.municipio-portodemos.pt
|