Os moinhos de água ou azenhas é um mecanismo que aproveita a energia cinética da movimentação de águas, para a moagem de grãos. Há centenas de anos que o movimento da água é usado nos moinhos.
O princípio de funcionamento dos moinhos de água deve-se ao declive da água que os acciona. Desde o açude (geralmente tosco e obliquo) do Rio ou Ribeira, a água é canalizada pela levada até à represa [18], onde esta a orienta para o cubo [20] (constituído por anéis em pedra), controlada por comportas [19]. A seteira [21] pertence ao cubo, sendo esta o último anel, localizando-se no inferno do moinho, projectando a água contra as penas do rodízio.
O piso inferior do moinho, denominado como cabouco ou inferno, onde se acede a este pela frente do moinho, contém:
- o Urreiro ou Arrieiro [17], é uma travessa de madeira, assente numa das extremidades, presa e suspensa na outra à Agulha, ao meio está embutida a Rela;
- a Rela [16], é uma pedra côncava onde assenta e roda o Aguilhão;
- o Aguilhão [16], é um seixo inserido no ponto de encaixe do Rodízio com a Pela e que rodopia na Rela;
- o Rodízio [15], é uma espécie de roda fixa na Pela, horizontal ao solo, constituída por penas encaixas nas margaridas (orifícios feitos nas pela);
- a Pela [14], também denominada pela pelão, é um toro de madeira vertical ao rodízio, onde na extremidade superior encaixa o Lobete;
- o Lobete [13], é uma peça em forma de cone, que prolonga a Pela, é regulável por duas cunhas de madeira, na extremidade superior encaixa o veio;
- o Veio [12], é uma peça em metal que faz a ligação entre o Lobete e a Segurelha;
- a Segurelha [7], encaixa na base da Mó de Cima;
- a Agulha [11], peça ou tábua presa numa das extremidades ao Urreiro e com a outra extremidade no piso superior, permitindo assim subir ou descer o moinho, ou seja a Mó de Cima, de acordo com a moagem do cereal.
No piso superior do moinho:
- o Tremonhado, espaço para onde cai a farinha;
- as Mós, a superior é a Mó de Cima ou Andadeira [6], a inferior é a Mó de Baixo ou Dormente , a distância entre elas ou qualidade da moagem é regulada pela agulha, que através do Urreiro, da Pela, do Lobete, do Veio e da Segurelha aproxima ou afasta as duas mós;
- os Cambais [9], estrutura de madeira e/ou pedra de protecção das Mós e do Tremonhado;
- a Dorneia [1], também designada de moega, pirâmide invertida de madeira, suspensa sobre as mós, onde se deposita o cereal para moer, este desliza da Dorneia para a quelha e da quelha para o olho da Andadeira, ao ritmo regulado pela Chamadouro;
- a Quelha [3], peça que recebe o cereal da Dorneia e canaliza-o para o olho da Mó de Cima, devido ao declive e ao ritmo do Chamadouro;
- o Chamadouro [4], peça em forma de cruz egípcia, com as extremidades dos braços apoiados nos Cambais e na Quelha e a extremidade inferior do braço vertical apoiada na Mó de Cima, o movimento deste transmite-se através do chamadouro à quelha e impulsiona o cereal a um ritmo regular em direcção ao olho ou orifício da Mó de Cima, sendo este moído pelo atrito entre as duas mós;
- a Bucha [5], pequeno orifício por onde cai o cereal para a mó;
- o Telhedouro [10], é um dispositivo manual de paragem do moinho, accionado na parte superior do moinho, constituído por uma arame ligado à extremidade de uma tábua, que quando solta, a tábua baixa e desvia a água do rodízio, interrompendo o movimento da Mó de Cima;
- o Engenho, é um dispositivo automático de paragem do moinho, constituído de uma pequena peça piramidal, ligada por cordel ao arame do Telhedouro, que se coloca no fundo da Dorneia antes de despejar lá para dentro o cereal, quando o cereal está todo (ou quase todo) moído, a peça liberta-se e a tábua reguladora desce e o moinho pára,
- o Regulador/Tabelador, é um dispositivo que regula a inclinação da Quelha e a quantidade de cereal que caí para ser moído,
- a Zorra e o Rolo, são peças de apoio à descida da Mó Superior quando era necessário picá-las.
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