Os sapais originam-se em zonas costeiras de águas calmas. O reduzido fluxo das marés facilita a deposição dos detritos e sedimentos em suspensão e assim vão surgindo bancos de vasa onde, a certa altura, há substrato para a instalação de uma vegetação particular denominada halófita
As plantas halófitas do sapal, vivem numa situação de secura fisiológica porque a elevada concentração salina do meio lhe dificulta o acesso à agua que abunda a sua volta. Desta forma desenvolveram adaptações morfológicas e fisiológicas semelhantes às das plantas xerófitas, tais como:
- Redução da área foliar e aumento da suculência das folhas e caules
- Aumento da massa radicular
- Denso revestimento de pêlos secretores de sal
- Protecção dos órgãos aéreos por espessa cutícula.
Os sais absorvidos são em parte expelidos através das raízes, mas o excesso pode ser segregado por glândulas especiais existentes nas folhas; quando estas secam, as glândulas expulsam o sal, que fica a revestir a superfície das folhas dando-lhes o aspecto pruinoso ou pulverulento que se vê, por exemplo em Halimione portulacoides. Para além destas adaptações morfológicas, as plantas possuem um mecanismo fisiológico de ajustamento osmótico ou osmorregulação, que evita a acumulação de sais nas células.
O sapal está entre as zonas mais produtivas da biosfera, no que respeita à produção de matéria viva ou biomassa, os nutrientes chegam a ele naturalmente, levados pelo movimento constante de fluxo e refluxo das marés, pelos sedimentos provenientes da zona continental, pelos seres vivos que nele se fixam e, morrendo, ali se decompõem.
A vegetação do sapal tem um papel muito importante na depuração das águas, devido à grande capacidade de absorver e fixar metais pesados, muitos dos quais são tóxicos para outros seres vivos; por outro lado, os abundantes microorganismos aqui existentes metabolizam e convertem em nutrientes, materiais que, de outro modo, poluiriam as suas águas. Assim sendo o sapal contribui para a diminuição do nível de eutrofização provocado por efluentes urbanos e industriais.
No sapal podem-se distinguir 3 zonas: sapal baixo, margem húmida ou limite inferior do sapal, sapal médio ou zona intermédia, e sapal alto, limite superior do sapal ou margem seca, sendo cada uma destas zonas colonizadas por espécies distintas, influenciadas pela variação de salinidade, período de submersão, sedimentação e arejamento do solo.
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