SARZEDAS
Para Sarzedas a História documentada começa em 1210, quando D. Sancho I (reinado: 1185-1211), com o cognome O Povoador, solicita ao concelho da Covilhã, um herdamento (uma herança) dentro do seu termo para o monarca entregar ao seu filho bastardo, D. Gil Sanches e ao clérigo fidalgo, D. Paio Pais, seu arcediago. O concelho da Covilhã - que tinha recebido o seu foral do mesmo rei em 1186 - responde: "Eu o alcaide e nós os alcades do concelho da Covilhã vimos as cartas do senhor rei Sancho, noas quais nos mandava pedir um herdamento com terras para seu filho D. Gil Sanches e para Pero Pais, devendo ambos possuí-lo ao meio. Demo-lo como o senhor rei manda, para que povoem, criem e lavrem, e sejam reconhecidos por moradores dentro do termo da Covilhã." A Covilhã cedeu o território de Sarzedas e D. Gil Sanches foi Senhor de Sarzedas conjuntamente com Paio Pais, concedendo-lhe foral* em 1212, segundo os costumes da Covilhã, para a restaurar e povoar.
D. Afonso II (reinado: 1211-1223), por carta régia datada de 1220, confirma esta doação. É provável que, decorrente destes actos, Sarzedas tenha visto construir no Alto de S. Jacinto uma qualquer estrutura acastelada, da qual não resta qualquer vestígio. Em 1512 D. Manuel I confirma-lhe o foral, o que terá levado à edificação do pelourinho. Por esta época já Sarzedas era domínio dos Senhores de Sarzedas e Fermosa (Sobreira Formosa). A partir de 1630 - por carta régia de Filipe III - e até 1748, foi domínio dos Condes de Sarzedas, título que passou por nove titulares e que terminou com a morte da última condessa por não ter sucessores directos. A partir desta data a vila de Sarzedas e o seu termo foram integrados nos bens da Coroa. Em 1762 - com Portugal envolvido na Guerra dos Sete Anos, por se ter recusado a tomar parte na luta contra os seus velhos aliados ingleses - o País foi invadido pelos exércitos franco-espanhóis. Sarzedas foi ocupada, tendo sido aqui que o general invasor, o espanhol Conde de Aranha, estabeleceu o seu quartel.
No início do séc. XIX Sarzedas sofre novamente os horrores da guerra, quando Napoleão decide invadir Portugal. A 22 de Novembro de 1807 a Divisão Loison entrou em Sarzedas. A lista de crimes, saques, incêndios e roubos dá uma triste celebridade à povoação: entre outras atrocidades e sacrilégios destruíram o interior e bens da Igreja Matriz. De novo em 06 de Julho de 1808 passam por Sarzedas as tropas napoleónicas arrombando e despojando a igreja matriz, tal como em 1807. Em 1846 o povo amotinado invadiu o edifício dos paços do concelho e retirou e queimou toda a documentação que lá se encontrava. Perdeu-se, então, parte da história desta terra. Em 1848, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, o concelho foi extinto.
Em meados do séc. passado, Orlando Ribeiro descreveu assim Sarzedas:
"A povoação consta, pode dizer-se, de duas ruas, ladeadas de pobres casas de andar, que levam à igreja matriz, edificada num alto. O xisto das paredes está à mostra, em placas sobrepostas, pedra quási aparelhada pela natureza para a tosca arquitectura rural. A caiação é luxo pouco em voga na charneca e a vilazinha mostra-se num tom castanho, tristonho e feio."
in “Guia de Portugal - Beira Litoral, Beira Baixa, Beira Alta” (1944)
Em 2012, Sarzedas comemorou 800 anos do seu primeiro foral e 500 anos do foral manuelino.
*Foral: Documento medieval que estabelecia os direitos e deveres dos moradores de uma dada localidade.
Informação e fotos recolhidas em:”https://aldeiasdoxisto.pt/aldeia/sarzedas”
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