Esta Earthcache faz parte de um conjunto de ECs inseridas em pontos estratégicos da costa litoral do Pinhal de Leiria, nomeadamente na Bacia Lusitaniana, sendo esta a única bacia das margens do Atlântico Norte com extensa exposição superficial. Aqui, encontram-se sedimentos originalmente depositados na BL, posteriormente remobilizados por atividade tectónica e atualmente expostos por erosão. A geologia deste sector de costa da Bacia Lusitânica constitui uma das principais referências no estudo do Jurássico Inferior (cerca de 201,3 MA e 174,1 MA) em Portugal.
Na verdade, a costa de S. Pedro de Moel à praia da Polvoeira constitui um paraíso para todos os amantes de geologia e da paleontologia, dada a abundância e diversidade em fósseis, desde invertebrados marinhos, peixes, ictyossaurios, amonóides e belemnites, icnofósseis e construções de natureza microbiana.
Assim, é conhecida a importância patrimonial deste local, que se evidencia, desde logo, pelo elevado valor cénico, único na orla costeira portuguesa.
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São poucas as referências históricas à Pedra do Ouro. Tradicionalmente o local era conhecido por “Pintanheira”, havendo aí registos da existência de fornos para a cozedura de cal e cimento e de um moinho de vento para a moagem dos materiais daí resultantes. O topónimo “Pedra do Ouro” surge pela primeira vez numa carta do primeiro quartel do século XX onde se assinalam as Alvas da freguesia de Pataias.
Não se sabendo a origem de ambos os topónimos, é comum associá-los às caraterísticas geológicas do lugar: a presença de fósseis de amonites piritizadas . Estas dão às arribas locais o aspeto de estarem cheias de “pintas”, ou olhando com mais pormenor, em alguns locais, da existência de folhas de “ouro” (Santos, 2010). Durante a década de 1970, com o início do processo de urbanização do lugar, é abandonada definitivamente a designação de “Pintanheira” e adotada a de “Pedra do Ouro”.
Assim, a adoção do nome da localidade Pedra do Ouro (concelho da Marinha Grande) poderá estar relacionada com os estudos geológicos realizados e a descoberta, nas arribas negras da praia, de fósseis de amonites piritizadas (sendo que a cor da pirite é dourada). O ambiente anóxico existente, aquando da sua formação, permitiu a conservação da matéria orgânica, o que potenciou a formação de pirites nas conchas. Estas arribas margosas, do Jurássico Inferior, apresentam uma quantidade muito significativa de matéria orgânica disseminada (aproximadamente 15%).
Este topónimo é recente, provavelmente associado ao uso balnear das praias no Séc. XX, pois cartas da década de 60 do mesmo século ainda referem o topónimo “Pintanheira”.
A Pedra do Ouro como lugar não existia no início da década de 1960. A expansão urbana, caraterizada por processos de urbanização mais formais, assistiu a diversas fases. Hoje, é o maior aglomerado urbano do litoral da freguesia, quer em número de alojamentos, quer em população.
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Tal como a Praia de Vale Furado, esta é uma praia estreita de areia delimitada por arribas altas (com cerca de 30 metros) e muito inclinadas, em alguns locais, quase verticais, constituídas por materiais sedimentares pouco consolidados, predominantemente margosos e com intercalações argilosas. A base das arribas está frequentemente exposta à ação da ondulação de NW e ao seu trabalho de sapa. Por outro lado, dada a sua orientação as arribas estão também expostas a agentes de erosão, como o vento, a chuva e a escorrência, fatores que se aliam à ação da água salgada na redução progressiva da resistência dos materiais, criando instabilidade nas arribas e contribuindo para a ocorrência de movimentos de massa como deslizamentos e desmoronamentos.
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As arribas são ainda geologicamente ricas em calcite, que desagrega quando sujeita a elevadas temperaturas. A presença de alguns fornos sobre as arribas – em conjugação com os materiais geológicos aí existentes – podem indiciar a produção artesanal de cimento.
Estas arribas, de cor muito escura, são datadas do Jurássico Inferior e constituídas por calcários margosos e margas (embora com maior componente argilosa).
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A pirite é um mineral de cor amarela latão, de brilho metálico. A pirite, também pirite de ferro ou pirita de ferro é um dissulfeto de ferro, FeS2. Devido ao seu brilho metálico e à cor amarelo-dourada, recebeu também o apelido de ouro-dos-tolos (ou ouro-dos-parvos); ironicamente, contudo, pequenas quantidades de ouro podem às vezes ser encontradas disseminadas nas piritas. |