
Construído em 1937 e com uma traça marcadamente modernista, o depósito de água de Cantanhede foi o edifício escolhido para a criação de uma obra de arte de espaço público.
Da autoria de Juan Domingues, a obra intitulada de “Idem et Idem” ao invés do percurso natural dum curso de água, que flui do topo da montanha até ao oceano, faz um percurso ascensional, subindo a “água” em harmonia com a arquitetura do edifício e a história da região, contada de forma cronológica.
Na base do depósito, o artista ilustra as batalhas da Guerra da Restauração que concederam a António Luís de Meneses o título de Marquês de Marialva. Segue-se o pilar, onde se representam os gandareses, região identitária das gafanhas que se estendem desde Aveiro até à Figueira da Foz. Tendo como base literária o romance “Uma abelha na chuva”, de Carlos de Oliveira, o artista espelha, de um modo folclórico, os habitantes e as suas identidades, alicerçadas na persistência, sacrifício, luta e, ao mesmo tempo, plenas de paradoxalidade. Por fim, chega-se ao topo, onde, através de um levantamento fotográfico, Juan Domingues mostra as diversas atividades características das 14 freguesias do concelho de Cantanhede, que vão desde a arte-xávega, às varinas a vender na rua, passando pelo vendedor de ouro ambulante.