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De acordo
com a informação na listing, do placard e do que podes observar, responde às
questões seguintes:
1 - Que
tipo de rocha sedimentar podes encontrar no local? Qual a cor predominante
visível no GZ?
2 - Que
tipo de cenário
paleoambiental podes encontrar aqui (ver placard)? A que tipo de fácies
corresponde? (Listing, tabela I)
3 - Na
escala de tempo geológico como é designada a idade da época Jurássica Média
do período Jurássico da era Mesozoica (ver placard) deste local?
4 -
Fotografia de ti ou algo que te identifique no na zona do jardim jurassico. |
Paleoambientes |
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Na compreensão do passado da Terra, e também imprescindíveis para a
reconstituição de paleoambientes, são de particular importância as rochas
sedimentares. O conhecimento e a compreensão dos processos envolvidos na
formação de uma rocha, e as condições que os condicionam, permitem deduzir os
ambientes em que as mesmas se formaram.
A reconstituição da evolução dos ambientes geológicos que se desenvolveram
durante milhões de anos é possível através do estudo detalhado das rochas e dos
fósseis nelas observados.
A investigação realizada sobre as rochas calcárias pertencentes a Formação de
Serra de Aire que ocorrem neste local sugere que ter-se-ão depositado um “cenário
paleoambiental de pequenos charcos e zonas terrestres subaéreas, em condições
climáticas sub-áridas/sub-húmidas, afetadas por incêndios”.
Reitera-se, portanto que as rochas sedimentares, os fósseis, a diversidade e a
atividade biológica contribuem para a reconstituição de paleoambientes sendo
considerados arquivos e testemunhos que fornecem um vislumbre detalhado da
informação acerca da História da Terra. |
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A predominância de fósseis de
organismos pertencentes aos grupos de corais, braquiópodes, cefalópodes,
graptólitos e foraminíferos, indicam que os ambientes nos quais se depositaram
são totalmente marinhos, pois são característicos destes ambientes, e que
os primeiros apresentam uma distribuição restrita às águas quentes e pouco
profundas.
Algumas espécies fósseis de
algas, moluscos, gastrópodes e bivalves nas rochas comprovam a existência de
ambientes de deposição de água doce. Também a presença de estruturas
sedimentares como marcas de ondulação ou fendas de dessecação, comumente
preservadas no registo geológico, fornecem informações sobre o ambiente de
deposição. |
Etimologia: |
O termo
paleoambiente traduz todos os fatores e condições externas que podem exercer
influência sobre um organismo, num ambiente do passado. |
Fácies* da
rocha e ambientes de sedimentação |
O ambiente de sedimentação e de formação das rochas permite definir
características que constituem a fácies da rocha, nomeadamente, características
texturais, paleontológicas, estruturais, mineralógicas, entre outras. Neste
contexto, e numa abordagem bastante simplificada, consideram-se três tipos de
fácies: fácies continental, fácies de transição e fácies marinha.
Os diversos
tipos de fácies correspondem a diferentes paleoambientes (tabela 1). Em cada
um destes verificam-se condições de sedimentação bastante particulares e
restritas. |
I. Fácies Continental |
II. Fácies de Transição |
III. Fácies Marinha |
Fluvial |
Estuarina |
Litoral
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Glaciária |
Deltaica |
Nerítica |
Lacustre |
Lagunar |
Batial |
Eólica |
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Abissal |
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I - Fáceis de transição |
A Fácies Continental é caracterizada por quatro distintos ambientes, entre eles,
fluvial, glaciário, lacustre e eólico. |
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Os
ambientes fluviais
são caracterizados por um fluxo de água e consequente deposição, e sedimentação
associada, nos canais dos rios. Nestes formam-se estruturas sedimentares
laminares, indicadoras da direção do fluxo e da inclinação deposicional.
Litologia:
os conglomerados, o arenito e
o lutito (mudstone) são as
principais litologias presentes neste tipo de ambiente. |
Registo fóssil:
a fauna é incomum, no entanto, as partes resistentes de vertebrados, como por
exemplo, ossos, dentes, etc., são preservados no local, mas fósseis de plantas
(pólen e sementes) são mais comuns e abundantes. Nestes locais também se podem
encontrar vestígios de animais, por exemplo pegadas, perfeitamente preservadas
em sedimentos que secam rapidamente e, posteriormente, são cobertos com areia.
Estes tipos de vestígios fósseis fornecem informações acerca de determinados
paleoambientes. |
Num
ambiente glaciar,
os depósitos são composicionalmente imaturos e tipicamente compostos por
detritos de rochas (clastos).
Um exemplo disso
mesmo são os depósitos glacio-marinhos, que fornecem um registo de períodos de
glaciação, incluindo dropstones, sendo
preservados no registo estratigráfico. O volume de gelo continental em áreas
polares está intimamente ligado ao nível global do mar, por isso, a história das
glaciações passadas é uma chave importante na compreensão das variações do clima
global. |
Litologia: neste tipo de ambiente, preferencialmente, surgem
conglomerados, arenitos e lutito (mudstone). Algumas estruturas sedimentares
podem surgir através, por exemplo, da orientação dos clastos indicadora da
direção do fluxo do gelo.
Registo fóssil: Os fósseis, normalmente, estão ausentes em depósitos
continentais, mas podem estar presentes em fácies glacio-marinhos. |
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Estruturas sedimentares
caratrísticas de fácies detrítica |
A) Marcas de ondulação.
Retirado de Hints & Midel, 2008
B) Fendas de dessecação,
retirado de Goehring et al, 2010. |
Num
ambiente lacustre,
nem sempre é fácil a distinção entre os depósitos de um lago e os de um
ambiente marinho de baixa energia, como uma lagoa. Lagos rasos terão
características semelhantes aos depósitos lagunares, com marcas de ondulação
(figura 6-A) em areias intercaladas com lamas depositadas a partir da suspensão,
enquanto os ambientes mais profundos de um lago se assemelham aos de um mar com
profundidades semelhantes ou superiores, uma vez que incluem depósitos de
suspensão e turbiditos.
Os principais critérios de distinção
entre lacustres e fácies marinhos são, muitas vezes, as diferenças entre os
organismos e habitats que existem nesses ambientes.
Registo fóssil:
a presença de fósseis de moluscos, bivalves e gastrópodes em estratos, são
indicadores de formas de água doce. Alguns dos indicadores mais confiáveis de
condições de água doce são os fósseis de algas e bactérias. |
Na
fácies continental eólica,
os depósitos formados ocorrem principalmente em ambientes áridos onde a água de
superfície é intermitente e há pouca cobertura vegetal. Nestas áreas desérticas
são caracteristicamente formadas dunas, marcas de ondulação (figura 6-A) e
fendas de dessecação (figura 6-B) como estruturas sedimentares, constituídas
essencialmente por areia e silte. Nestas estruturas, o vento é o principal fator
condicionante, de acordo com a sua direção.
Registo fóssil:
as condições oxidantes presentes neste tipo de ambiente impedem a preservação de
muito material fóssil, daí ser escassa a presença de fósseis, no entanto, podem
surgir ossos de vertebrados nalguns estratos. Surgem fácies associadas como, por
exemplo, fácies fluviais, aluviais e lacustres. |
II - Fáceis de
transição |
As zonas de transição correspondem a locais onde existe, em
simultâneo, influência continental e marinha. A fácies de transição é
caracterizada e sintetizada em três distintos ambientes, entre eles:
estuarino, deltaico e lagunar. |
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O
ambiente estuarino
é considerado um ambiente de deposição bastante complexo e heterogéneo,
que se descreve sucintamente, e se divide em quatro elementos:
a) praia: constituída essencialmente por conglomerados e areia, com clastos
bem arredondados e calibrados, e presença de estruturas sedimentares com
baixo ângulo de estratificação, de acordo com a direção das ondas; |
b) lagoas: meios hipersalinos ou salobros, constituídos principalmente por uma
mistura de lama com um pouco de areia fina e silte, promovendo a formação
de estruturas laminadas e marcas de ondulação;
c) zona intertidal: zonas pouco profundas, com lama, areia e menos comummente
conglomerados, com configurações cuja energia exerce grande impacto pela
erosão, formando estruturas laminares cruzadas e estratificações cruzadas;
d) plataformas tidais (tidal mudflats): lama e areia de grão fino, com
presença pontual de argilas, formando estruturas sedimentares com laminação
e ripples.
Registo
fóssil:
Apenas os organismos mais robustos permanecem intactos, e entre estes estão os
moluscos, pela espessura das suas conchas. Neste sentido, os vestígios de
organismos que geralmente podem ser aqui encontrados dependerão da energia do
meio ambiente e da natureza do substrato. |
No
ambiente deltaico
uma característica fundamental é a estreita associação dos ambientes
deposicionais continentais e marinhos.
Litologia: a parte superior de um delta contém sedimentos relativamente
grosseiros, conglomerados, assim como material de grão mais fino, arenito/areia,
nas áreas mais próximas da área adjacente do mar.
Registo fóssil: evidências paleontológicas de fauna e flora são
importantes no reconhecimento dos sub-ambientes marinhos e continentais de um
delta, ou seja, podem ser encontradas associações de fósseis de plantas
terrestres, animais no topo do delta e de fauna marinha na frente do delta.
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As
fácies lagunar
são fisicamente muito semelhantes ao ambiente lacustre, no entanto, uma
laguna tem episodicamente invasão das águas marinhas encontrando-se separada do
mar por uma ilha barreira ou por um recife, desenvolvendo-se ao longo da costa.
Litologia: lutito (mudstone), com a presença de marcas de ondulação.
Registo fóssil: surgem também neste ambiente sucessões de fósseis com
influência marinha e de fauna que poderá fornecer evidências de água salobra ou
hipersalina. |
III - Fáceis
Marinha |
A fácies marinha divide-se em quatro distintos ambientes, entre eles:
litoral, nerítica, batial e abissal. |
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Na
fácies litoral
as típicas litologias que a caracterizam são, as areias, a lama
e algum cascalho. Os ambientes de deposição nas plataformas continentais
variam de acordo com a profundidade da água, o abastecimento de sedimentos, o
clima e os processos de ondas, marés e tempestades.
Há um número de grupos de organismos que são encontrados apenas
em ambientes totalmente marinhos, estes incluem: |
corais, braquiópodes, cefalópodes,
graptólitos e foraminíferos, entre outros. A ocorrência de fósseis desses grupos
fornece evidências de deposição marinha.
Por outro lado, a
fácies nerítica
ocorre ao nível da plataforma continental, em zonas rasas. Neste ambiente, os
sedimentos são misturas de carbonato e outros materiais clásticos, e no
registro estratigráfico muitas sucessões consistem em misturas de rochas
carbonatadas, arenitos e argilitos. O clima desempenha um papel importante
na determinação do fornecimento de areia e lama para ambientes marinhos de baixa
profundidade.
Litologia:
As rochas carbonatadas são formadas neste ambiente.
Relativamente aos
ambientes abissais,
ou seja, ambientes marinhos profundos, o conhecimento adquirido é muito pobre
quando comparado com outros ambientes. Muita da informação direta sobre os
ambientes profundos e os produtos que daí advêm são de pesquisas feitas ao fundo
do mar e da análise de sucessões de estratos antigos expostos. Estruturas
sedimentares, tais como a estratificação cruzada, são formadas por correntes
fortes, normalmente ausentes dos sedimentos depositados em profundidades
superiores a duas centenas de metros, assim como as ondulações e qualquer
evidência de atividade das marés.
Registo fóssil: os fósseis mais abundantes no fundo do oceano são os
esqueletos de organismos microscópicos planctónicos como, por exemplo, os
foraminíferos, que podem ser usados como indicadores de profundidade relativa.
Outros vestígios fósseis aqui presentes incluem as conchas de grandes
organismos, como cefalópodes, e ainda ossos e dentes de peixes ou répteis
aquáticos e mamíferos. |
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Denomina-se fácies ao
conjunto de rochas com determinadas características distintivas, quer
paleontológicas quer litológicas, considerando qualquer aspeto composicional,
químico ou mineralógico, morfológico, estrutural ou textural que ajudem a
conhecer onde e quando se formou a rocha. |
Fonte:
Os fósseis na reconstituição
de paleoambientes: Aplicação de um jogo didático como recurso educativo, Ana
Cláudia Barroso Fernandes Magalhães, 2016.
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/93640/2/176514.pdf |
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